Na maior parte das vezes, quando pensamos na sociedade aristocrática da era moderna nos vem a mente a imagem de um era muito adornada e ricamente decorada. Um dos movimentos artísticos que mais contribuíram para a construção desse imaginário foi o Rococó.
Mais precisamente durante o século XVIII, esse movimento artístico marca a passagem entre o Barroco e o Neoclassicismo. Essa forma de produzir arte predominou nas esferas da arquitetura, escultura e pintura, uma complementar a outra.
Um ponto muito relevante desse movimento é o entendimento da arte como um fim em si mesma, ela não tem a intenção de provocar uma reflexão aprofundada ou provocar o observador, pelo contrário, ela é feita para a contemplação da beleza pura e simples.
No âmbito social, o rococó costuma ser considerado como uma reação da aristocracia e burguesia francesa contra a suntuosidade movimento artístico anterior, o barroco.
Agora que temos um breve panorama do rococó, aprofundaremos em alguns aspectos e questões desse movimento artístico, vamos lá? Para começar essa conversa vamos responder a seguinte questão básica, o que é o rococó?
O que é Rococó
De início, tomemos o termo “rococó”. Popularmente, considera-se que essa palavra deriva do frânces rocaille, que foi o termo usado para designar uma maneira de se decorar jardins por meio de rochas e conchas.
Outra forma de considerar o termo em francês, em uma tradução aproximada no português, é a palavra “embrechado”, técnica de incrustação de conchas e fragmentos de vidro que eram originalmente usados na decoração de grutas artificiais.
Além da recorrente associação do movimento ao uso das linhas leves e ornamentais de uma concha, ao chegar do século XIX, o rococó começa a ser utilizado para definir outras manifestações artísticas elaboradas nos campos da arquitetura e das artes ornamentais.
Mas somente em 1943, graças ao trabalho de pesquisa do arquiteto e historiador de arte Fiske Kimbal, que o rococó passa a ser visto como um movimento artístico de características próprias, ao invés de uma variante do barroco.
Um dos pontos que diferencia este movimento daquele que o antecedeu é a substituição das cores vibrantes do barroco por cores suaves e de tom pastel, como tons rosa e verde-claro, estabelecem uma primeira diferenciação entre os dois estilos.
Outro ponto de confere originalidade ao rococó é que ele deixa de lado o uso excessivo das linhas retorcidas, que expressam as emoções humanas, e passa a buscar o uso linhas e formas mais leves e delicadas.
No próximo ponto vamos entender o contexto social que influenciou e motivou essa marcante mudança na forma de fazer arte na era moderna. Então vamos a seguinte pergunta: o que estava acontecendo na sociedade daquele momento que fez com que a arte sofresse essa mudança?
Contexto histórico do Rococó
Antes de continuar, vale lembrar que essas divisões que fazemos dos movimentos artísticos em períodos históricos são feitos somente por questões didáticas, para facilitar a análise de suas características.
Porque concretamente, esses movimentos não aconteceram de forma segmentada, como se um findasse totalmente para que o outro ocorresse. Inclusive, muitos desse movimentos coexistiram em períodos de transição e apresentavam características praticamente opostas aos que as novas pretendiam suceder.
Para entender as escolhas artísticas da época é importante saber que elas tentam captar os anseios sociais de suas épocas, refletindo a cultura, política e a geografia de diferentes sociedades.
Então, para seguirmos com nosso estudo do rococó, precisamos nos situar em relação aos períodos e movimentos artísticos que ocorreram imediatamente antes e depois dele: o barroco e o neoclássico, respectivamente.
As principais características desses movimentos temos:
- Barroco: esteve em voga entre o século XVI até meados do século XVIII. Esse movimento artístico é marcado pela dramaticidade; fascínio pelas dores humanas; morbidez; religiosidade; sentimento de culpa; ambientes escuros, mal iluminados e com muita sombra; ornamentação excessiva; e vasto uso da madeira como revestimento para pisos;
- Neoclássico: iniciado no século XVIII e durou até a metade do século XIX. A arte desse período foi fortemente influenciada pelos ideais e movimentos do iluminismo (Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade); ambientes claros; racionalismo; academicismo; inspirado na arte clássica greco-romana; sobriedade, harmonia e beleza estética.
A partir disso entendemos que o rococó foi um movimento artístico que ocorreu ao longo do século XVIII, de acordo com alguns historiadores o estilo durou vigorosamente entre 1720 e 1780, até o aparecimento do neoclassicismo em 1770.
Primeiramente, o rococó se desenvolveu na França, onde também era chamado de estilo Luís XV ou Luís XVI, depois espalhou-se pela Europa, principalmente na parte católica na Alemanha, na Prússia e em Portugal.
O contexto histórico social era marcado pelo Iluminismo, também chamado de Século das Luzes. Período de relativa paz na Europa, marcado pela Revolução Americana, em 1776 e pela Revolução Francesa em 1789.
Lembrando que a “época das Luzes”, no sentido das formas e expressões artísticas, começou representado pelo Barroco, ao seu fim o Neoclassicismo predominava na esfera artística e entre ambos, ocorreu o Rococó.
Agora, para entender as motivações que levaram a transição do barroco ao rococó é necessário entender o contexto político e, sobretudo, social no qual esse movimento artístico floresceu.
Durante o reinado de Luís XIV da França, o país viveu sob um governo autoritário e centralizador, no qual as artes clássicas eram mais valorizadas.
Mas com a morte de Luís XIV, a mudança da corte para Versalhes e o maior contato com bem-sucedidos homens de negócios, banqueiros e financistas, que não pertenciam à aristocracia por nascimento, mudaram esse cenário.
A fim de se aproximar aos nobres de nascença, esse grupo usou sua riqueza para investir em artistas com a intenção de ganhar prestígio social e serem aceitos na sociedade aristocrata. Fazendo deles excelentes clientes para os artistas que produziam pequenas obras de arte para uso doméstico.
Temos então uma arte com função utilitária, focada na ornamentação e no hedonismo, refletindo os valores de uma sociedade fútil que buscava nas obras de arte algo que legitimasse seu lugar na sociedade, lhe desse prazer e a levasse a esquecer de seus problemas reais.
Os temas mais recorrentes eram cenas eróticas ou graciosas da vida cortesã e da mitologia, a simplicidade do contexto pastoral, referências ao teatro da época, motivos religiosos (resquício do barroco) e abundante estilização e ornamentação naturalista.
Principais características do Rococó
Uma boa maneira de apreender as características do rococó é partir do pressuposto de que ele é antibarroco, em outras palavras, ele expressa elementos que se opõem a esse movimento artístico.
Em contraponto ao barroco, o rococó abandona as linhas retorcidas e passa a valorizar o emprego de traços leves e delicados com linhas de curvatura acentuada, que recorrentemente podemos observar em decoração dos interiores, ourivesaria, mobiliário, pintura, escultura e arquitetura.
Por criar itens de estilo predominantemente decorativos, temos o uso de cores mais claras e tons pasteis e a presença de assimetrias inspiradas nas formas da natureza. As obras desse estilo buscavam expressar o caráter lúdico e mundano da vida.
Desse modo, para essa aplicação, os artistas davam preferência os temas leves e sentimentais relacionados ao cotidiano e recheados de alegorias mitológicas e pastoris.
Sob influência do hedonismo, e afim de representar os prazeres humanos mundanos, o uso de tons dourados e luminosos era aplicado a fim de reforçar o aspecto aristocrático de quem encomendava a obra.
Os temas desses tipos de obras eram ambientes luxuosos, como parques e jardins suntuosos, nos quais era retratado cenas eróticas e sensuais em paisagens idílicas e alegres, nas quais transparecem esses interesses hedonistas e aristocráticos.
O estilo Rococó
O estilo rococó na França foi marcado pelas linhas sinuosas e temas bucólicos (relativo à vida no campo, a singeleza e a natureza). Desse modo, podemos observar que a natureza foi usada como um símbolo de perfeição e beleza.
Diferentemente de seu antecessor, o barroco, objetivo do rococó é provocar prazer no receptor, o que lhe confere uma característica funcional e utilitária. Ela não se propõe a uma reflexão aprofundada ou se conecta com temas etéreos.
As pinturas desse movimento artístico retratavam o modo de vida das elites da Europa do Século XVIII. O estilo é marcado pelo o emprego das linhas curvas, leves e delicadas e cores suaves e tons pastéis.
Já as esculturas sofreram uma mudança significativa quanto a sua dimensão: passaram a possuir um tamanho reduzido e são apresentadas por meio de figuras isoladas, individuais. Nesse tipo de arte começamos a ver o uso de materiais mais maleáveis, como a madeira e o gesso.
Quanto a arquitetura rococó, ela se caracteriza pela criação de edificações com amplas aberturas para a entrada de luz. Os salões desses edifícios eram de design assimétrico, chamado contraste, e nos ornamentos interiores eram usadas formas esculpidas nos tetos e paredes, com texturas frondosas, que remetiam à forma de concha e outras formas naturais.
Não só a arquitetura dos ambientes, mas o design dos móveis também passou por mudanças para refletir o status, com ênfase na frivolidade alegre tão valorizada pelo estilo. Os móveis do período rococó eram autônomos, fisicamente leves e fáceis de transportar, acentuando a atmosfera versátil pretendida pela aristocracia.
Os materiais que passaram a ser empregados para atingir esse efeito estético e utilitário foram: o mogno, bastante utilizado devido à sua força e durabilidade, e os espelhos também se tornaram muito populares nessa época.
Mas é importante ressaltar que essas características temáticas são específicas do rococó francês. Em Portugal, na Alemanha e no Brasil, a temática religiosa (temática barroca), contraditoriamente, é assimilada. Mas as características estilísticas são as mesmas.
Agora que o estilo e as características do rococó estão bem definidos, vamos ver como elas influenciaram o modo de fazer arquitetônico, assim como mudanças que ocorreram nas artes, sobretudo na pintura e escultura.
Rococó na arquitetura
Ao longo do período entre 1700 e 1780, conhecido como o Iluminismo, o rococó foi a principal corrente da arquitetura e decoração de interiores pós-barroca, caracterizados pelas curvas e cores claras.
Os projetos arquitetônicos focavam em construir um interior requintando em contraste com a simplicidade da parte externa, uma evidente oposição ao barroco que ficou marcado pelo excesso.
Além disso, a arquitetura rococó no exterior possui menores proporções e edifícios de apenas dois andares baixos, com fachadas mais alinhadas e alisadas, sem elementos clássicos decorativos.
Os telhados das construções possuíam duas águas. As portas e janelas, onde concentra-se a decoração exterior desses edifícios, são maiores e com arcos de volta-perfeita, com o uso de ferro forjado para grades de jardins, lagos, portas e varandas.
Contudo, foi conservado o uso as balaustradas, as cornijas e os entablamentos, com ângulos mais suavizados e curvados, característicos do estilo rococó.
Já no interior dessas edificações temos um salão principal, para o qual estão voltados os outros cômodos da estrutura. A partir desse salão, temos algumas salas secundárias e escadaria para o andar superior, onde estão localizados os cômodos privados dos donos da casa.
Os cômodos são baixos, independentes, pequenos, arredondados e pavimentado com tacos de madeira (parquet). Esse ambiente é ricamente iluminado graças as portas-janelas, abundantes espelhos e candeeiros e lustres.
Os ambientes são decorados com vários tipos de móveis, como: cômodas, escrivaninhas, grandes relógios, poltronas, dentre outros. E esses móveis são decorados com bibelôs de prata e porcelana.
A decoração da estrutura das paredes e pilastras é feita com materiais pintados que imitam mármores e cores claras. Nessa arquitetura, os cantos angulosos e os limites das paredes desaparecem totalmente por causa da decoração imensa e pelo uso de superfícies curvas que ligam o teto às paredes (sufitos).
Assim como no período barroco, os grandes jardins permanecem na arquitetura civil, compostos de grandes relvados com arvoredos, esculturas, rampas e lagos, pavilhões de caça, pequenos apartamentos, pagodes chineses e quiosques turcos. A função destes espaços é receber reuniões íntimas e celebrações públicas.
Alguns exemplos desse estilo arquitetônico:
- Hôtel de Soubise (Paris), construído por Germain Boffrand e decorado por Nicolas Pineau; e
- Petit Trianon (Versalhes) construído por Jacques-Ange Gabriel.
Mas até aqui falamos apenas do estilo arquitetônico do rococó na França, em outros países houveram algumas características desse movimento artístico que acabaram não aparecendo ou até mesmo algumas que foram o resultado desse choque cultural.
A Alemanha, por exemplo, costumou tomar por referência o cenário artístico da Itália. Dado que, naquele período era demorado e lento o processo de comunicação, quando o rococó chegou em terras alemãs, o movimento barroco ainda estava sendo assimilado. Por conta disso, a distinguir esses dois movimentos artísticos na Alemanha não é uma tarefa simples.
Diferentemente da arte profana francesa, o rococó alemão se caracteriza pela presença de referências religiosas. Tanto que a maioria das edificações construídas foram igrejas no sul católico alemão, na região da Bavária, apresentam uma mescla dos dois estilos artísticos.
Dentre as edificações construídas na Alemanha, citamos:
- Pavilhão de Amalienburg de François Cuvilliés, em Nymphenburg, com ornamentos esculpidos por Johann Zimmermann; e
- Parque Sanssouci, nos arredores de Berlim.
Rococó na pintura
Essencialmente, a pintura rococó pode ser considerada um retrato intimista e despreocupado do modo de vida e da concepção de mundo as elites europeias do século XVIII, criando uma nova forma de viver e experenciar a arte.
As pinturas no rococó são marcadas pelo seu caráter funcional, da sua consciência da natureza transitória das coisas. Essas obras valorizam o hedonismo, pautado na simplicidade e no prazer, na concepção de um cotidiano deleitoso.
Por isso o emprego de cores suaves e o abandono do contraste de cores dramático e característico do barroco, tornando-as agradáveis para a decoração de interiores. Os temas bucólicos (relativo ao campo e a natureza) flashes de um cotidiano superficial e sensorial, com teatralidades típicas do estilo rococó.
A saber, em meados do século XVIII, com a ascensão do Iluminismo, o Neoclassicismo e a Burguesia, a pintura rococó passou a ser bastante criticada, sobrevivendo até a Revolução Francesa quando deixou de ser prestigiada por ser considerada superficial, frívola, imoral e meramente decorativa, como apenas uma extensão da concepção global de decoração de interiores.
Somente a partir da década de 1830, que o estilo rococó voltou a ser reconhecido como um importante retrato de uma determinada fase da cultura europeia e da sociedade aristocrática desse período.
Além disso, o rococó também passou a ser considerado um bem valioso por sua proposta original, até aquele momento, levantando questões sobre estética que apareceriam na arte somente no período da arte moderna.
Rococó nas esculturas
Diferentemente das duas artes anteriores, na escultura não é possível traçar uma linha divisória entre o barroco e o rococó, seja cronológica ou estilisticamente. Mas, comumente determina-se que houve uma suavização das características barrocas e sobressai o aspecto decorativo e funcional desse tipo de arte.
Abandona-se a composição de grupos coordenados, dando lugar a figuras isoladas, com aspecto próprio e individual, contribuindo com o equilíbrio geral da composição decorativa e ornamental do interior dos ambientes das edificações em estilo rococó.
Esse tipo estatuário de pequeno porte, feito para a decoração dos interiores, compreendia pequenos objetos que não tinha função utilitária alguma, como: bibelôs, bustos, estatuetas religiosas, composições mitológicas e alegóricas.
Com relação às figuras humanas, entra em voga o cânone anatômico maneirista, com corpos alargados e silhuetas marcadas, organizadas em “S” ou “C”, que dão mais leveza e graciosidade as poses, fazendo com que as esculturas se tornem mais elegantes.
Como toda a arte rococó, os temas das estátuas menores, predominantemente, são sempre mitológicos, irônicos, profanos, alegres, jocosos, sensuais, aspectos íntimos do cotidiano, gestos galantes, graciosos e requintados. Ao passo que nas esculturas monumentais focam em temas comemorativos e honoríficos.
Mas vale mencionar que na Alemanha, Portugal e Brasil, a temática religiosa do barroco é mantida, mas ela se torna menos sério, com o emprego de roupagens mais luxuosas e poses galantes.
Com relação aos materiais empregados, nas grandes esculturas temos a pedra e o bronze. Para objetos de decoração mural era usada a argila, a madeira, o estuque e o gesso.
Já para as esculturas pequenas e objetos ornamentais são usados o ouro, a prata, o gesso e a porcelana biscuit, que se tornou muito popular e é tido como um material típico do rococó. O biscuit é um tipo especial de porcelana que é cozida por duas vezes e não é vidrada.
Principais artistas do Rococó
Até aqui sabemos as características, os estilos e os temas que compõem o estilo rococó, mas quais foram as mentes e mãos responsáveis por formar e trazer a realidade as obras que compreendem esse movimento artístico?
Comecemos pela arquitetura:
- Os irmãos Asam: Cosmas Damian era pintor de afrescos e o Egid Quirin Asam era escultor, juntos foram responsáveis pela decoração de igrejas com iluminação melodramática, espaços ilusórios e apelo emocional. Um exemplo do trabalho de ambos é o altar da Igreja do Mosteiro de Assunção, em Rohr;
- Os irmãos Zimmermann: Dominikus e Johann trabalharam em projetos de abadias e igrejas de peregrinação em estilo rococó, como o famoso Die Wies, na Bavária;
- Balthasar Neumann, na Alemanha, engenheiro por treinamento é o artista que projetou o Palácio Episcopal, em Würzburg, e a igreja de Vierzehnheiligen (Igreja dos Catorze Santos Auxiliares), na Baviera;
- Johann Fischer Von Erlach, da Áustria, produziu vários edifícios belíssimos nos estilos barroco e rococó, como o Karlskirche, em Viena.
Enquanto isso, na pintura em estilo rococó temos:
- Jean-Antoine Watteau, nascido em Valenciennes, esse artista é considerado um verdadeiro mestre da pintura rococó francesa. As pessoas retratadas em suas telas são jovens e parecem deleitar-se das coisas boas da vida, mas ao mesmo tempo é possível perceber nos personagens um toque de tristeza e melancolia, certo ar de tédio em meio ao prazer. Algumas de suas sobras são: Les Acteurs de la Comédie-Française (ou La Mascarade), que atualmente está em São Petersburgo; La Partie carrée, que está em São Francisco; e Paysage avec une chute, também em São Petersburgo.
- Jean-Baptiste Siméon Chardin, também parte do rococó francês, pintou cenas de gênero e naturezas-mortas que retratavam a vida cotidiana. Devido a sua boa condição econômica, Chardin produziu obras que se afastavam da frivolidade atistocratica, contemplando cenas da vida cotidiana e burguesa da França. Como por exemplo: The Silver Tureen, que está nos Estados Unidos; La Partie de billard e Le Buffet, ambas na França.
- François Boucher, este artista trabalhou sobretudo com temas mitológicos, como deusas e ninfas, com expressões ingênuas e maliciosas. Além dessa temática, ele também pintou alguns retratos, paisagens e cenas de interior, como: Vênus consolando o Amor, em exibição nos Estados Unidos; Triunfo de Vênus, na Suécia; e The Bridge, no Louvre, em Paris
- Jean-Honoré Fragonard, desenhista e retratista francês, foi um dos últimos expoentes do período rococó. Suas obras se destacam pela temática do amor e da natureza, com cenas galantes em paisagens idílicas. Entre suas obras célebres destacamos: O Baloiço, que aparece no filme Frozen, que está exposto na Inglaterra e A Leitora, exibida nos Estados Unidos.
- Canaletto (Giovanni Antonio Canal) foi um pinto veneziano, que se destacou pelo tratamento da luminosidade nas composições e suas paisagens urbanas de Veneza sob o ângulo barroco. De suas obras podemos citar: Piazza San Marco, exibida em Nova York; Interior view of the Henry VII Chapel, em Londres; e The Doges' Palace, em exposição em Florença.
- Giambattista Tiepolo foi um decorador italiano muito importante para o rococó, uma de suas obras primas mais marcantes é o teto da escadaria do Palácio Episcopal de Würzburg, nessa pintura, o artista representou os quatro continentes: Europa, Ásia, América e África. Além dessa, outras obras de Tiepolo que podemos citar são: The Banquet of Cleopatra e Allegory of Planets and Continents, atualmente ambas estão em exibição nos Estados Unidos; Apotheosis of Spain, exposta em Madri.
- Francesco Guardi, este artista pintou cenas imaginárias, misturando o real e o surreal. Em suas obras é marcante o uso da cor e da luminosidade (que serão comumente encontradas no impressionismo), assim como o sfumato e a pittura di tocco, que são estilos de pintura nos quais são aplicadas pequenas e enérgicas pinceladas pontuais. Desse artista, podemos citas as seguintes obras: Departure of Tobias and Angel, em Veneza; Regatta in Venice, em Nova Yorke; e Venice landscape, em exibição na Rússia.
Por fim, na escultura, vale mencionar os seguintes nomes:
- Jean-Antoine Houdon foi escultor francês que se destacou por retratar personagens importantes da história francesa e universal, como Voltaire e Diderot.
- Johann Michael Feichtmayr foi um escultor alemão, membro de um grupo de famílias de mestres da moldagem no estuque, seu trabalho ficou conhecido pela criação de obras em grande tamanho de santos e anjos, usadas na decoração de interiores. Alguns de seus trabalhos envolveu várias igrejas da Baviera, como o grande altar da Abadia de Amorbach e o estuque da Abadia de Ottobeuren.
- Ignaz Günther é considerado um dos maiores representantes do estilo rococó na Alemanha, seus trabalhos eram geralmente feitos em madeira e a seguir policromadas. Suas obras mais icônicas são: Anunciação, na igreja da abadia em Weyarn, Baviera, Alemanha; Anjo da guarda, no Bürgersaal, Munique; e Pietà, na capela do cemitério de Nenningen, Baviera.
- Étienne Maurice Falconet começou a realizando trabalhos como carpinteiro e trabalhando com figuras de barro por lazer, que chamaram a atenção de Jean-Baptite Lemoyne que fez dele seu aprendiz. Em seguida sua obra foi fortemente influenciada pelas pinturas de François Boucher e do teatro e ballet são igualmente nítidas em suas formas doces, elegantes e eróticas. Um de seus trabalhos foi feito sobre a encomenda de Cataria, a Grande, para trabalhar em São Petersburgo, onde fez uma grande estátua de Pedro, o Grande, em bronze, conhecida como o Cavaleiro de Bronze.
As diferenças do Rococó entre os países
Desde o começo desse artigo vimos que o rococó é marcado como um estilo tipicamente francês, dado que a França foi o centro do desenvolvimento do rococó. Ou podemos dizer que grande parte das características mais marcantes desse movimento artístico estão relacionadas com o modo de fazer francês.
O que foi muito inovador no cenário artístico até aquele momento, uma vez que o grande epicentro artístico que exportava tendências para toda Europa, até então, eram ditados pelos modismos italianos.
Então as noções de estilo empregadas no design, o salão, um espaço para receber hóspedes, foram inovações do rococó francês. A simplificação da arquitetura e o foco em adornos muito decorados se tornaram a pedra angular que ditou os modos do movimento rococó.
Enquanto isso, na Inglaterra, o emprego do rococó ficou conhecido como “estilo francês”, sem explorar em profundidade o uso de excesso devido ao ambiente social tomado pelo protestantismo frugal. Desse modo, o rococó inglês é caracterizado pelo emprego de pequenos detalhes mais elaborados, motivos ocasionais e no design de móveis.
Já na Alemanha, o rococó teve um caráter extravagante, sobretudo nas edificações, design de interiores e nas artes aplicadas. O elemento que mais se destacou no rococó alemão foi o uso de cores vibrantes em tons pastéis, como lilás, limão, rosa e azul.
Por fim, na Itália este movimento artístico ficou marcado por grandes artistas paisagistas, que foram chamados de “pintores da vista”, que chegou a importar esses “retratos” de grandes pontos turísticos italianos para outros países, sobretudo para a aristocracia inglesa.
Rococó no Brasil
Mas onde fica o Brasil nessa história? Pois bem, nas terras brasileiras o rococó e o barroco misturam-se. Isso pode ser afirmado, porque houve uma forte influência religiosa nas obras nacionais, tanto na arquitetura quanto pintura ou escultura, também chamada de Arte Sacra.
Mas sobretudo, os testemunhos da passagem desse movimento pelo Brasil podem ser contemplados nas inúmeras igrejas que foram construídas ao longo desse período (século XVIII) nas cidades do Rio de Janeiro, Pernambuco, Bahia e, centro as edificações mais famosas, Minas Gerais.
A arquitetura religiosa rococó no Brasil é caracterizada pelo uso do dourado e das formas da natureza, frequentemente encontrados na ornamentação dos altares, linhas e frisos leves que emolduram as janelas, os campanários e bulbos sobrepostos.
Na pintura, o rococó brasileiro apresenta sutiliza dos traços e o uso de cores suaves. Já na escultura, apesar de boa parte do estatuário desse período possuir características do rococó francês bem marcantes, o maior nome nesse tipo de arte plástica foi Aleijadinho, que possuía grandes influências barrocas.
Assim como ocorreu na França, onde o estilo rococó também ficou conhecido pelo nome do líder de governo, Luís XV, no Brasil o movimento artístico também ficou conhecido como estilo Dom João V, que pode ser identificado na decoração e mobiliário da época.
Dado que nesse período o Brasil ainda era uma colônia portuguesa, a forma como o rococó se articulou por lá influenciou os modos de fazer daqui.
Isso pode ser observado no uso de azulejos, para a feitura de painéis, predominantemente, nas cores amarelo, verde e violeta. Esses azulejos eram emoldurados em dourado, de forma assimétrica, com motivos florais e cenas bucólicas.
Os principais expoentes do barroco-rococó no Brasil são:
- Antônio Francisco Lisboa (Aleijadinho):que ficou muito famoso por suas esculturas e entalhes, mas também atuou como carpinteiro e arquiteto. Suas obras mais expressivas estão em Minas Gerais;
- Francisco Xavier de Brito, de nacionalidade portuguesa, atuou no Brasil como entalhador e escultor português em Ouro Preto;
- Manuel da Costa Ataíde, popularmente conhecido como Mestre Ataíde, foi responsável por fazer grandes painéis de pinturas em igrejas de Minas Gerais;
- Valentim da Fonseca e Silva, mais conhecido como Mestre Valentim foi um grande artista no período colonial brasileiro. Atuou como escultor, entalhador e urbanista no Rio de Janeiro.
Sobre o artista Aleijadinho - Antônio Francisco Lisboa
Não tem como falar sobre arte sacra no Brasil sem mencionar Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho. Para começar, ele recebeu esse apelido devido a uma doença degenerativa que possuía, que fez com que ele perdesse suas mãos e pés.
Contudo, apesar de suas deformidades, continuou atuando até o fim da vida como escultor e entalhador. Para tal, possuía ajudantes que atavam as ferramentas nos seus membros superiores para que assim ele pudesse realizar suas obras.
Ele é muito conhecido por sua contribuição para a decoração e finalização de várias igrejas no complexo histórico colonial de Minas Gerais. Alguns exemplos dos seus trabalhos são: o Santuário Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo; a Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto; e as esculturas da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Sabará.
Rococó no vestibular
Parece ser muita coisa pra lembrar na hora da prova, não é mesmo? Mas o Concursos no Brasil vai dar umas dicas de alguns detalhes que são muito importantes na hora da prova, ok?
Esse assunto geralmente aparece vinculada às questões de Literatura ou História no vestibular. Desse modo, tenha bastante cuidado em conhecer o contexto histórico (político, social e cultural) no qual esse movimento artístico se desenvolveu e suas principais características.
Sobre as características, saiba distinguir bem o Rococó do Barroco, geralmente as questões tentam verificam seu entendimento nesse ponto, principalmente no contexto brasileiro, onde os dois estilos se misturaram.
Vídeos sobre o Rococó
História da Arte – Rococó parte 1
Este vídeo do Espalhando Arte com a Professora Christiane Pinheiro é uma verdadeira viagem no tempo para aprender o movimento rococó. Além de apontar as características e estilos, ela vai progressivamente situando o contexto social e cultural no qual se passava este movimento artístico.
Barroco Brasileiro através da Obra de Cinco Artistas
Apesar do título chamar a atenção para o movimento Barroco, a todo tempo o conteúdo apresentado pelo Professor Rodrigo mostra como o Barroco e Rococó no Brasil são movimentos artísticos que se confundem e se misturam na sua aplicação. Para entender isso melhor ele aborda o assunto partindo dos artistas que retrataram esses estilos no Brasil.
Rococó e Contos de Fadas
Este vídeo pode ser uma grande alfinetada para os fãs dos contos de fadas ao modo Disney. O Professor Ricardo nos mostra como o Rococó influenciou a forma contemporânea de nos apresentar essas narrativas e possíveis leituras entre linhas que podemos fazer por meio de simbolismos e metáforas que existem dentro da arte rococó.