Você já se perguntou qual é o papel da arte? Essa é uma questão trabalhada por artistas, pesquisadores, críticos de arte, historiadores e pessoas que se interessam pelo assunto há muito tempo. Se antes a arte era vista como uma manifestação da criatividade e dos sentimentos do artista, a partir do século 20 a coisa mudou de figura e a arte começou a se manifestar como uma resposta aos acontecimentos históricos — nesse aspecto, a Pop Art, expressão que significa “arte popular”, é um bom exemplo de manifestação artística que confronta alguns aspectos modernos da sociedade.
O que é Pop Art
Iniciado nos anos 50, na Inglaterra, o movimento da Pop Art começou a ser difundido mesmo a partir da década seguinte, em Nova York. A proposta desse tipo de expressão artística era a de eliminar as barreiras existentes entre a arte e a vida cotidiana.
Refletindo modelos de comunicação de massa, como campanhas publicitárias, filmes, desenhos animados, programas de televisão e histórias em quadrinhos, a Pop Art se dedicou a produzir peças que fizessem menção às produções feitas em larga escala e aos milhões de itens que passaram a ser fabricados em série.
Um dos grandes nomes da Pop Art, senão o mais conhecido, é Andy Warhol, que criava imagens facilmente reproduzíveis, como os retratos extremamente coloridos de Elvis Presley, Marilyn Monroe e Michael Jackson — a proposta de Warhol era justamente a de mostrar que a reprodução de cada um de seus retratos era algo fácil e feita em massa, como no modelo Fordismo de fabricação.
Características da Pop Art
Entre as características mais marcantes do movimento da Pop Art, estão:
- Manifestação realista da contemporaneidade ao retratar os costumes, pensamentos e comportamentos de então;
- Inspiração nas expressões urbanas em relação à cultura: histórias em quadrinhos, campanhas publicitárias, jornais sensacionalistas, cinema, rádio, música, itens de consumo (produtos enlatados, carros, geladeiras etc);
- Não necessidade de planejamento crítico: as temáticas eram escolhidas e colocadas em prática sem imposição de justificativas ou explicações;
- Representações repetitivas;
- Inserção de outros objetos à pintura, como garrafas e flores artificiais;
- Ampliação da escala natural na representação de formas e outros elementos gráficos;
- Referência constante aos modelos de status social, incluindo fama, erotização, acidentes e símbolos relacionados ao consumo;
- Cores fortes, brilhantes e fosforescentes usadas para simbolizar os objetos de consumo;
- Uso das técnicas de serigrafia para reprodução em série;
- Inspiração na estética industrial;
- Utilização da imagem de pessoas famosas;
- Transformação do real para o hiper-real ao retratar itens comuns em tamanhos maiores.
Contexto histórico da Pop Art
A Pop Art surgiu durante a renovação de uma sociedade pós-guerra que enxergava seu potencial nas diversas possibilidades de desenvolvimento industrial, o que era especialmente válido nos grandes centros urbanos da Europa e da América do Norte, onde os artistas encontraram inspiração para a criação de suas obras.
Entre essas inspirações, estavam outras formas de comunicação: histórias em quadrinhos, peças publicitárias, filmes, programas de rádio, músicas e logomarcas icônicas. Foi justamente por se embasar em produtos que não são reconhecidos como arte que a Pop Art chamou a atenção do público.
Com o intuito de transformar objetos e pessoas famosas em arte, o movimento da Pop Art mesclou esses elementos comuns com a percepção do consumismo exagerado, proporcionado pelo maior número de marcas e produtos à disposição e pelas novas formas de divulgação midiática.
Pop Art na Inglaterra e nos Estados Unidos
Já mencionamos que a Pop Art surgiu e teve grande impacto principalmente na Inglaterra e nos Estados Unidos, ainda que tenha estado presente em outras regiões do globo. A Pop Art foi batizada oficialmente em 1954 pelo crítico de arte britânico Lawrence Alloway, que estudou a cultura em massa que começava a ser produzida na América do Norte.
A Pop Art surgiu como uma contraproposta ao Expressionismo alemão, que era o movimento proeminente na época. Com a finalidade de representar a cultura do consumismo, da produção em série e da devoção a figuras famosas, a Pop Art trouxe à tona uma representação fiel das prioridades da vida contemporânea em relação, principalmente, ao consumo.
Dando continuidade aos conceitos de indústria cultural cunhados pelos filósofos Theodor W. Adorno e Max Horkheimer, que nos anos de 1920 já falavam sobre a mercantilização das criações humanas, a Pop Art buscava quebrar as barreiras entre arte e a vida cotidiana, explorando principalmente o modelo de vida norte-americano, conhecido como “sonho americano”.
Tais representações artísticas eram uma maneira irônica de criticar essa ode ao consumo descontrolado, em crescimento na época e que continua até hoje. Para Andy Warhol, era preciso mostrar como as pessoas e as marcas cultuadas pela massa são, na verdade, imagens fracas, sem personalidade nem consistência — por isso as reproduções feitas em série, para mostrar um movimento mecanizado.
Pop Art no Brasil
A manifestação da Pop Art no Brasil teve influências históricas diferentes, justamente por ter surgido enquanto o país vivia em uma ditadura militar. As obras da época eram, portanto, uma forma de criticar esse modelo de governo autoritário e não democrático.
Dessa fase da Pop Art brasileira, podemos citar três grandes artistas:
- Antonio Dias (1944)
- Rubes Gerchman (1942-2008)
- Claudio Tozzi (1944)
Atualmente, o pintor Romero Britto é um referencial quando o assunto é a utilização das técnicas da Pop Art para a produção de obras de arte.
Influência do Dadaísmo
O movimento Dadaísta, marcado pela inserção aleatória de figuras, palavras e objetos nas obras de arte, teve influência na Pop Art. Muitos dos artistas desse novo movimento se inspiraram no Dadaísmo, cujo principal nome é o do icônico Marcel Duchamp.
As semelhanças entre os movimentos estão justamente no fato de que ambos têm propostas contraditórias, problemáticas e paradoxais. O uso de outros itens acoplados às pinturas, como flores de plástico, também pode ser percebido em obras dadaístas.
Principais artistas da Pop Art
Entre os principais nomes da Pop Art, citamos:
Andy Warhol
Andy Warhol é sempre o primeiro nome citado quando o assunto é a Pop Art. Seus trabalhos dentro do movimento incluem as imagens de celebridades (Marilyn Monroe, Elvis Presley, Michael Jackson) feitas de forma colorida e reproduzidas em série, com a intenção de mostrar esse endeusamento de pessoas famosas como algo vazio e sem sentido.
Com a serigrafia, produziu imagens que representavam objetos de consumo famosos, como as garrafas de Coca-Cola, as latas da famosa sopa Campbell, cédulas de dinheiro, carros e até imagens cristãs.
Robert Rauschenberg
Rauschenberg trabalhou bastante com a combinação de figuras e símbolos, como quando juntou embalagens de Coca-Cola a de outros produtos vendidos à época com pássaros empalhados em uma pintura feita com tinta e colagem de objetos. Com o tempo, passou a reproduzir imagens fotográficas em grandes espaços com a técnica de impressão em silk-screen e, em 1964, graças à Bienal de Veneza, passou a ser reconhecido internacionalmente.
Tom Wesselmann
O estadunidense Tom Wesselmann foi recrutado pelo exército dos EUA e, durante o tempo em que esteve a serviço das forças armadas, desenvolveu um interesse intenso pelo desenho. No começo, suas produções satirizavam a rotina dos militares e, quando precisou estudar fotografia aérea, passou a desenhar outras temáticas além dessa. Depois de voltar à vida civil, Wesselmann cursou Psicologia, passou a estudar artes e trabalhou fazendo quadrinhos para diversos jornais, todos no estilo da Pop Art.
Jasper Johns
Johns trabalhava pintando coisas básicas, como bandeiras, números e letras com a técnica da encáustica, que dilui tinta na cera quente. A partir de 1958, ele passou a inserir objetos em suas pinturas, conferindo relevo e texturas diferenciadas. Considerado um artista paradoxal, problemático e contraditório, Johns era parecido com Duchamp, do movimento dadaísta.
Roy Lichtenstein
Lichtenstein tinha uma grande habilidade para trabalhar com quadrinhos, e suas obras misturavam esse tipo de identidade visual com logomarcas e campanhas publicitárias. Foi Lichtenstein quem criou a técnica de pontilhismo utilizada para reproduzir os pontos reticulados das histórias — o uso de cores fortes e contornos grossos criaram uma linguagem visual única.
Curiosidades sobre a Pop Art
- “Um dia, todos terão direito a 15 minutos de fama”. A frase icônica foi dita por Andy Warhol, que já criticava o endeusamento de pessoas famosas e o culto a celebridades instantâneas;
- Os artistas da Pop Art buscavam criar um contraponto à complexidade da arte moderna;
- A Pop Art no Brasil não foi utilizada para criticar a cultura de massa, mas sim como ferramenta de denúncia política e social.
Vídeos sobre Pop Art
Pop Art e Indústria Cultural
No vídeo do canal Aprenda Certo, temos um conteúdo interessante que liga os conceitos de Pop Art ao de Indústria Cultural, mostrando como cada um dos principais artistas se manifestava e como o movimento reflete os costumes da sociedade contemporânea.
Pop Art: obras, características e principais artistas
No vídeo do Toda Matéria, temos uma explicação completa a respeito do movimento artístico, suas características e principais nomes. Nele, podemos ver algumas das obras mais famosas da Pop Art em todo o mundo.
Pop Art: Mundo Artes — ENEM
Aqui, no vídeo do canal MundoEdu, temos uma explicação específica, voltada para quem vai fazer a prova do ENEM, a respeito do movimento da Pop Art, seus principais representantes e as obras mais famosas. Excelente material para revisar o conteúdo!
Conhecer os movimentos artísticos que fazem parte da história da humanidade é algo interessante por si só, mas, quando pensamos em provas e concursos, é importante não deixar esse tema de lado para poder responder às perguntas com mais tranquilidade. Bons estudos!