O inverno começou na última quarta-feira (21) no Hemisfério Sul, e diversos centros de meteorologia e especialistas ao redor do mundo estão em alerta para a influência do El Niño, um fenômeno climático que causa o aquecimento das águas do Oceano Pacífico.
Devido às mudanças climáticas, os meteorologistas estimam que possa haver um “Super El Niño”. Isso significa que as temperaturas poderão se elevar consideravelmente em algumas partes do planeta. Essa intensificação do fenômeno terá impactos significativos no clima durante o segunda metade de 2023. Continue lendo e entenda a seguir.
O que é o El Niño?
O El Niño é um fenômeno climático que ocorre no Oceano Pacífico equatorial, marcado por um aquecimento anômalo das águas superficiais. Ele faz parte do sistema climático conhecido como ENSO (El Niño-Oscilação Sul).
Normalmente, os ventos alísios sopram do leste para o oeste, empurrando as águas quentes em direção à Indonésia e à Austrália. Isso faz com que águas mais frias e profundas subam à superfície nas regiões próximas à costa da América do Sul, um fenômeno conhecido como ressurgência.
Todavia, durante o El Niño, os ventos alísios enfraquecem ou até mesmo se invertem, reduzindo a ressurgência e permitindo que as águas mais quentes do Pacífico Central e Oriental se desloquem em direção ao leste.
Esse aquecimento tem efeitos significativos no clima mundial. Ele afeta as correntes atmosféricas e pode levar a mudanças nos padrões de chuva e temperatura em várias partes do mundo.
Como o Super El Niño deve afetar o clima em 2023?
Embora haja discordância entre os órgãos de meteorologia em relação à sua gravidade exata, todos concordam que o El Niño não será um evento “leve” como o ocorrido em 2019.
Inclusive, pesquisadores australianos o batizaram de “Super El Niño” devido à intensidade prevista. Espera-se um aumento de aproximadamente 3°C nas águas do Oceano Pacífico equatorial em outubro, seguido de um aumento de 3,2°C em novembro.
Desse modo, as consequências do fenômeno, tanto no clima quanto na economia, tendem a ser duradouras. Em eventos anteriores, como o ocorrido em 1997, houve restrição no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos, resultando em uma diminuição de aproximadamente $5,7 trilhões ao longo de vários anos. Países como Peru, Indonésia e Brasil também sofreram impactos significativos, especialmente no setor agrícola, com quedas na economia e na produção.
Vale lembrar que no início deste ano, a região Sul do Brasil foi afetada pelo La Niña, que é uma fase oposta ao El Niño, caracterizada pelo resfriamento das águas do oceano.
Como o El Niño influenciará o clima do Brasil?
No Brasil, o Super El Niño deve afetar o clima de diferentes maneiras. Segundo os meteorologistas, as frentes frias que normalmente se deslocam pelo país durante o inverno ficarão estacionadas sobre os estados do Sul, isto é, sem alcançar as demais regiões. Nesse sentido, as ondas de frio serão de curta duração e não resultarão em temperaturas extremamente baixas.
Esse padrão climático também terá impacto no regime de chuvas. Enquanto o inverno geralmente é mais seco, durante o fenômeno é esperado que haja um aumento da umidade, com chuvas acima da média no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Porém, nas regiões do Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste, não são esperadas precipitações significativas.
Essas previsões contrastam com os últimos anos, em que o país sofreu influência do La Niña, que trouxe ondas de frio antecipadas e intensas. Com o El Niño, espera-se que essas ondas cheguem mais tarde, com menor intensidade e menor duração.
É importante destacar que o El Niño é um evento complexo e as previsões são baseadas em modelos matemáticos e observações históricas, mas podem variar. Assim, seus efeitos são constantemente monitorados e atualizados pelos órgãos de meteorologia ao longo da estação.