Os cientistas estão preocupados com o recente e inesperado aumento da temperatura dos oceanos e com seu impacto de longo prazo no aquecimento global. Apesar de não compreenderem completamente as causas desse fenômeno, há preocupações de que, combinado com outros eventos climáticos, como o El Niño, a temperatura global possa atingir níveis extremamente perigosos até o final do próximo ano. Veja abaixo o que é o El Niño e por que ele deixa os meteorologistas em alerta.
O que é El Niño?
O El Niño, também conhecido pela sigla ENSO ou ENOS (El Niño-Oscilação do Sul), é um ciclo climático natural que inclui tanto a fase quente e úmida, conhecida como El Niño, quanto a fase fria e seca, chamada La Niña.
Durante o El Niño, a superfície do Oceano Pacífico tropical aquece mais do que o normal, especialmente no equador e ao longo de regiões da América do Sul e Central. Esse aquecimento causa sistemas de baixa pressão na atmosfera, que por sua vez geram muita chuva nas costas ocidentais das Américas.
Os episódios de El Niño são conhecidos por causar impactos significativos no mundo. Em alguns dos mais famosos eventos do passado, como em 1972-1973 e 1997-1998, ocorreram enchentes, deslizamentos de terra, danos a edifícios e prejuízos nas atividades agrícolas. Já em 2016, as inundações devastaram a América do Sul e os incêndios provocados pela seca devastaram a Austrália.
O fenômeno tem periodicidade irregular, geralmente ocorrendo a cada dois a sete anos, e uma fase de El Niño/La Niña é declarada quando as temperaturas do mar no Pacífico oriental tropical sobem/descem 0,5°C acima/abaixo da média por vários meses consecutivos.
Qual a origem do nome ‘El Niño’?
O nome “El Niño” vem do espanhol e tem origem nos pescadores sul-americanos, que descrevem e conhecem o fenômeno há muito tempo, e o chamam assim porque alguns de seus efeitos mais importantes ocorrem por volta do Natal. Logo, “El Niño” faz referência ao “Niño Jesus”, ou “Menino Jesus” em português.
Seus episódios podem durar até um ano, com o aquecimento mais forte ocorrendo durante os meses de outono e inverno do Hemisfério Norte, de outubro a fevereiro.
Tanto o El Niño quanto o La Niña desencadeiam uma cascata de efeitos sentidos globalmente. Na verdade, a América do Sul é a área continental que mais sofre com o impacto desses eventos, devido à sua proximidade com o Oceano Pacífico Equatorial. Como consequência desse clima extremo, as lavouras da região acabam sendo improdutivas e o impacto na economia é desastroso.
Qual o impacto desse fenômeno no clima?
De acordo com alguns cientistas, uma mudança natural dos ventos do Oceano Pacífico pode levar a um aumento ainda maior das temperaturas globais nos próximos meses, causando danos em todo o mundo – desde chuvas fortes na Califórnia até ondas de calor na Europa e secas em vários países, incluindo o Brasil e a Indonésia.
Embora ainda não haja certeza sobre o que acontecerá, um estudo recente indica que há cerca de 90% de chance do El Niño ocorrer este ano, com a previsão de um evento moderado a forte, elevando a temperatura em mais de 1,5 graus Celsius (2,7°F).
Como consequência, segundo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) é provável que haja ondas de calor mais intensas, estações quentes prolongadas e tempestades mais fortes. A Austrália, assim como a Indonésia, provavelmente sofrerá com um clima mais quente e seco, aumentando a possibilidade de incêndios florestais.
A monção na Índia e as chuvas na África do Sul podem diminuir, enquanto a África Oriental pode experimentar mais chuvas e inundações. Além disso, o El Niño agrava a atividade dos furacões no Pacífico, multiplicando o risco de ciclones tropicais em locais como o Havaí.