Os verbos são uma classe gramatical responsável por expressar uma ação (fazer, mandar, estudar), um estado (ser, estar, permanecer), uma ocorrência (passar, acontecer, suceder), um desejo (aspirar, querer, almejar) ou um fenômeno da natureza (chover, anoitecer, amanhecer).
Essa classe gramatical flexiona-se em número (singular ou plural), pessoa (1ª, 2ª ou 3ª pessoa), tempo (passado, presente ou futuro), modo (indicativo, subjuntivo ou imperativo) e voz (ativa, passiva ou reflexiva), que formam as conjugações.
Apesar dos verbos serem parte essencial de uma oração e fundamentais à nossa comunicação, para os estudantes da língua e gramática portuguesa esse tema tende a ser complexo devido a essa variedade de flexões que ela possui, sobretudo nas conjugações de tempo. Mas estamos aqui para fazer esse processo mais suave, um passo de cada vez, vamos lá?
O que é verbo?
Dizemos que eles são partes fundamentais da oração uma vez que indicam uma ação, acontecimento, estados ou fenômenos naturais, então é comum ouvirmos “não há mensagem sem verbo”. Faça um teste, tente criar uma frase sem verbos agora mesmo!
Alguns podem ter conseguido caso tenham recorrido às duas classes gramaticais que possibilitam a criação de sentidos sem verbo, as onomatopeias e interjeições. E, veja só, essas são as únicas situações onde é possível transmitir uma ideia sem o uso de verbo!
Estrutura do verbo
Antes de pensarmos no verbo em contexto numa frase, vamos entender como ele funciona em si mesmo. Então, a saber, o verbo tem, em sua estrutura, três partes:
Radical
Essa é a base, ou seja, a parte que dá origem ao verbo e onde identificamos seu significado, por isso, geralmente, ela não se modifica. Exemplos: dissert– (dissert-ar), esclarec– (esclarec-er), contribu– (contribu-ir)
Vogal temática
A vogal temática é a parte que vem logo depois do radical. Essa parte determina a qual conjugação o verbo pertence, ao todo, temos quatro vogais temáticas que determinam o tipo de flexão, são elas:
- 1ª conjugação engloba os verbos cuja vogal temática é A: abraçar, corar, sambar.
- 2ª conjugação inclui os verbos cuja vogal temática é E e O: escrever, ver, supor.
- 3ª conjugação compreende os verbos cuja vogal temática é I: emitir, evoluir, rir.
Como você pode perceber nos exemplos acima, a vogal temática é responsável por unir o radical e as desinências para assim, conjugar os verbos. O resultado dessa junção chama-se tema. Desse modo temos: TEMA = RADICAL + VOGAL TEMÁTICA + DESINÊNCIA.
Desinência
Esse é o elemento final, responsável por expressar o tempo e a pessoa do verbo. As desinências são as partes da palavra que quando unidas ao radical fazer as conjugações. As desinências são divididas em dois modos:
- Desinências modo-temporais quando designam os modos e os tempos.
- Desinências número-pessoais quando indicam as pessoas.
Exemplo: Esperávamos
Separamos o radical espera-, a partir da desinência (modo-temporal) “VA” podemos deduzir que este verbo está conjugado no tempo pretérito do modo indicativo, e a desinência(número-pessoal) “MOS” indica que o verbo está conjugado na 1.ª pessoa do plural (nós).
Veja a seguir como o radical tende a ser conservado, ao passo que a desinência varia, em outras palavras, ela irá se adaptar de acordo com a conjugação (pode acontecer da vogal temática desaparecer, dependendo da conjugação):
A partir dessas estruturas ficará mais simples entender como são construídas as flexões verbais (tempo, modo, número, pessoa e voz), dado que essa mudança ocorre para que ocorra a concordância verbal que garante que a forma do verbo está em conformidade com o contexto no qual ele está inserido. Mas, afinal, o que define a flexão do verbo?
Flexão verbal
Quando se fala em flexão verbal, nos referimos às variações (mudanças) que o verbo sofre para se adequar ao contexto que ele precisa indicar, que também chamamos de conjugação. As flexões consideradas para a conjugação dos verbos é a seguinte:
- Pessoa: 1.ª “a que fala” (eu, nós); 2.ª “com quem se fala” (tu, vós) e 3.ª “de quem se fala” (ela, ele, elas, eles).
- Número: Singular (eu, tu, ele) e Plural (nós, vós, eles).
- Modo: Indicativo, Subjuntivo e Imperativo.
- Tempo: Presente, Pretérito e Futuro.
- Voz: Voz Ativa, Voz Passiva e Voz Reflexiva.
Modos verbais
Os modos verbais indicam a relação do sujeito que fala em relação ao fato indicado pelo verbo, ou seja, eles são responsáveis por evidenciar a maneira como os verbos se expressam. Existem três modos:
- Modo indicativo: expressa ações habituais, fatos e certezas em relação ao fato, que é ou vai ser dado como real. Esse modo pode ser utilizado no passado, presente e futuro.
- Modo subjuntivo: expressa desejos, suposições, possibilidades ou dúvidas para um fato que não é dado como real ainda ou que não pode ser dado como real. Podendo ser expresso no passado, presente e futuro.
- Modo imperativo: expressa ordens, exigências ou um pedido que o interlocutor deseja que seja realizado. Esse modo pode ser usado somente nas formas afirmativa e negativa.
Tempos verbais
É geralmente aqui que o bicho pega! Mas vamos resolver essa dúvida de uma vez por todas. Algo fundamental para entender os tempos verbais, antes de “decorar” as desinências, é entender em qual contexto cada tempo verbal é aplicado, vamos ver?
A partir dos modos dos verbos que vimos acima, definimos o tempo verbal. Ele é responsável por indicar quando a ação acontece em relação ao enunciado, desse modo temos os tempos:
- Passado (pretérito) que faz referência a um tempo anterior ao momento que a fala ou enunciado está acontecendo;
- Presente que trata de um tempo junto ou que ocorre no momento da fala ou enunciado; e
- Futuro que faz referência a um tempo que vai acontecer ou pode acontecer após o momento da fala ou enunciado.
Segundo o modo verbal (indicativo, subjuntivo e imperativo) teremos tempos verbais diferentes. Observe:
Tempos verbais do modo indicativo: expressa a certeza de que a ação aconteceu, acontece ou acontecerá, por isso, os verbos conjugados no modo indicativo comunicam possibilidades concretas de a ação realizar-se.
Tempo | Definição | Exemplos |
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Presente | A ação ocorre no momento da fala, também é usado para indicar hábitos e verdades universais. |
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Pretérito perfeito | Indica ações iniciadas e finalizadas em um momento anterior ao da fala ou enunciado. |
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Pretérito imperfeito | O fato ocorria em momento anterior ao da fala, mas que deixou de acontecer ou se tornou um hábito passado. |
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Pretérito mais-que-perfeito | É tempo conhecido como o passado do passado, é usado para indicar algo que acontecia em momento anterior ao da fala, mas que deixou de acontecer ou hábitos passados. continua depois da publicidade |
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Futuro do presente | A ação indicada no enunciado vai acontecer em momento posterior ao da fala. |
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Futuro do pretérito | Faz referência a uma ação posterior à outra ação que já aconteceu no passado, que são anteriores ao momento da fala. Ou seja, o futuro do passado. Sendo o único tempo do indicativo que expressa incerteza. |
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Tempos verbais do modo subjuntivo: os verbos conjugados nesse tempo verbal expressam dúvidas, uma vez que não há garantia ou certeza de que a ação possa acontecer, esse tempo é aplicado para falar de possibilidades, suposições e hipóteses.
Tempo | Definição | Exemplos |
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Presente | Esse tempo frisa a suposição de que a ação aconteça. Indicando hipóteses, desejos ou ações que poderiam ocorrer. |
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Pretérito imperfeito | Trata da hipótese de como seria se a ação ocorresse. Serve para indicar possibilidades e desejos, mas que dependem de uma condição para que aconteçam. |
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Futuro do presente continua depois da publicidade | Este tempo se refere à quando a ação vai acontecer. Indicando a possibilidade dessa ação ocorrer no momento posterior ao da fala. |
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Tempo verbal do modo imperativo: conjugado somente no tempo presente, esse modo tem a função específica de dirigir uma ordem, sugestão ou pedido a outra pessoa, que pode ser no afirmativo ou negativo.
E para ambas formas, diferentemente dos tempos anteriores, não existe para essa conjugação 1ª pessoa do singular (eu) e ocorre a substituição de “ele/ela” por “você” e “eles/elas” por “vocês”. Exemplos:
- Limpe sua mesa!
- Conecte os cabos corretamente antes de ligar a máquina.
- Mexa a massa até ficar homogênea.
Vozes verbais
Uma forma bem direta de entender as vozes verbais é observar na sentença a relação do sujeito com a ação expressa. Em outras palavras “quem faz o quê para quem (ou qual propósito)”. Existem três tipos de vozes verbais:
- Voz ativa: neste caso o sujeito pratica a ação do verbo, ou seja, o sujeito gramatical é o agente da ação. Exemplo: Paulo comeu o bolo.
- Voz passiva: já nesta ocasião, a ação verbal é sofrida pelo sujeito. Indicando que o sujeito gramatical é o paciente de uma ação que é praticada pelo agente da passiva. De acordo com o processo de formação, a voz passiva pode ser classificada em: sintética.
- Voz passiva analítica: sujeito paciente + verbo auxiliar + particípio + preposição + agente da passiva. Exemplo: O bolo foi comido por Paulo.
- Voz passiva sintética: verbo transitivo + pronome se + sujeito paciente. Exemplo: Comeu-se o bolo.
- Voz reflexiva: neste último caso, o sujeito pratica e sofre a ação do verbo ao mesmo tempo. Indicando que o sujeito gramatical é agente e paciente da ação ao mesmo tempo. Obrigatoriamente, é necessário aplicar um pronome oblíquo reflexivo (me, te, se, nos, vos, se), que opera como objeto de um verbo na voz ativa. Exemplo: E naquele instante olharam-se longamente.
Conjugação verbal
Agora que conhecemos todos os aspectos que flexionam o verbo (pessoa, número, modo, tempo e voz verbal) e como eles são classificados, veja algumas conjugações:
Classificação dos verbos
Você percebeu no tópico anterior que alguns verbos, como “ser” e “colorir” não seguem um padrão fixo de radical em todos os tempos e ocorreu de até não existir conjugações?
Exatamente sobre isso que trataremos neste tópico. Vamos descobrir agora como os verbos são classificados segundo sua flexão. Temos:
- Verbos regulares: estes seguem o modelo padrão de flexão, ou seja, no qual o radical não se altera e a desinência varia de acordo com os elementos responsáveis pela flexão verbal. Exemplo de verbos regulares: cantar, falar, partir, torcer, tossir, vender.
- Verbos irregulares: apesar de tenderem a seguir o modelo padrão, existem algumas conjugações que fogem a regra. São casos nos quais pode acontecer de o radical ser alterado durante uma ou outra conjugação. Exemplo de verbos irregulares: caber, dar, fazer, medir, ouvir, saber.
- Verbos anômalos: para alguns gramáticos, os verbos anômalos são aqueles com mais de um radical. Em outras palavras, eles não possuem um padrão definido nas conjugações. Enquanto outros, simplesmente, consideram anômalo qualquer verbo que não apresente um padrão definido, sem a prerrogativa de necessariamente ter mais de um radical. Veja alguns exemplos: ir, ser, vir.
- Verbos defectivos: são aqueles que não podem ser flexionados em todas as pessoas, tempos e modos do discurso e por isso eles não são classificados como regulares e nem irregulares. Eles podem ser de três tipos:
- Impessoais– são verbo conjugados somente na terceira pessoa do singular e indicam, especialmente, fenômenos da natureza (por isso não possuem sujeito). Exemplos: chover, trovejar, ventar.
- Unipessoais– este caso abarca os verbos indicam os sons (“vozes”) emitidos pelos animais e podem ser conjugados na terceira pessoa do singular ou do plural. Exemplos: ladrar, miar, surtir.
- Pessoais– por fim, este é o caso dos verbos que têm sujeito, mas não são conjugados em todas as pessoas, como: banir, colorir, falir, reaver.
- Verbos abundantes: são aqueles que têm mais de uma forma equivalente para a mesma conjugação em alguns casos determinados, como no particípio. Exemplos: aceitar (aceitado e aceito), entregar (entregado e entregue), inserir (inserido e inserto), pagar (pagado e pago), haver (havemos e hemos), segurar (segurado e seguro).
Formas nominais
Recebem esta classificação os verbos que desempenham uma função parecida ao dos substantivos, adjetivos ou advérbios, e, por isso, são chamados de forma nominal.
Dependendo do contexto em que são inseridas, as formas nominais de um verbo não exprimem tempo (passado, presente ou futuro) e, tampouco, modo (indicativo, subjuntivo ou imperativo). São elas:
- Infinitivo impessoal: não faz referência a nenhuma pessoa (sem sujeito). Basicamente, ele manifesta ação, focado no ato verbal em si e pode ser usado como substantivo, como por exemplo: Rir é o melhor remédio.
- Infinitivo pessoal: é flexionável, variando em número e pessoa (sujeito). Exemplo: Ouvi eles comentarem sobre a notícia.
- Gerúndio: faz referência ao ato verbal em curso, podendo ser empregado como advérbio ou adjetivo. Veja os exemplos: Acelerando, chegaremos depressa.
- Particípio: esta forma é empregada para indicar que o ato verbal foi finalizado, na formação de tempos compostos ou, também, como adjetivo. Observe o exemplo: Vanessa já tinha me falado sobre esse cara.
Locuções verbais
Por fim, mais uma possibilidade dessa classe gramatical são as locuções verbais. Elas acontecem quando dois, ou mais verbos juntam-se para criar um único sentido no contexto.
Nesse caso, o primeiro verbo tem função auxiliar, que realiza as flexões gramaticais, como modo e tempo, e o segundo tem função de verbo principal, sendo responsável por expressar a semântica, o sentido da locução, podendo ser flexionado no particípio. Observe os exemplos:
- Ele tinha comprado uma surpresa de presente para ela.
(verbo auxiliar “ter” + verbo principal “comprar”) - Queria ver você antes de ir embora manhã.
(verbo auxiliar “querer” + verbo principal “ver”) - Vamos reunir o comitê para uma reunião ainda hoje.
(verbo auxiliar “ir” + verbo principal “reunir”)
Vídeos sobre verbos
Abaixo, você vai encontrar uma lista com vídeos sobre verbos. Assistir a esses conteúdos pode ajudar você a fixar os conteúdos e se sair melhor nas provas, confira:
Como identificar a locução verbal
No final deste artigo, demos uma pincelada no conceito e aplicação das locuções verbais. Coma a ajuda desse vídeo da Prof.ª Grazy você poderá aprofundar alguns conceitos muito importantes dessa forma verbal. Vale a pena conferir!
Pegadinha de concursos – não confunda locução verbal com oração reduzida! Aprenda a diferença agora
Agora que ficou mais claro como funciona a estrutura das locuções verbais. Além de fazer uma breve revisão, esse vídeo da Prof.ª Carol vai servir para os estudantes que ainda confundem locução verbal com oração reduzida. Assista esse vídeo para garantir que você não vai mais cometer esse erro!
Verbo de ligação: Tipos de Verbos – Profa. Pamba
Finalmente, chegamos no último ponto deste artigo! Para terminar, confira esta videoaula da Prof.ª Pamba. Nela será possível explorar com mais profundidade uma das funções que o verbo pode assumir, a saber, o verbo também pode ser empregado para ligar elementos dentro de uma oração.