Na natureza existem interações entre os seres vivos que compõem os ecossistemas, que são chamadas de interações biológicas ou relações ecológicas. Dentro dessas interações existe o parasitismo, que compreende a relação entre parasitas e hospedeiros.
Antes de avançarmos no entendimento do parasitismo, e como essa relação ocorre e se articula, é importante entender onde se encaixa esse tipo de interação biológica.
Primeiramente, tenha em mente que as interações biológicas determinam as relações que os seres vivos estabelecem entre si e o meio que habitam para obtenção de alimento, abrigo, proteção e reprodução.
Partindo disso, as relações ecológicas são classificadas de duas maneiras:
1. Segundo o nível de interdependência: na qual elas podem ser intraespecíficas (homotípicas – seres da mesma espécie) ou interespecíficas (heterotípicas – seres de espécies diferentes);
2. Segundo os benefícios ou prejuízos que apresentam, que compreende as:
- Relações Harmônicas: nas quais o resultado da interação entre as espécies é positivo, quando um ou os dois são beneficiados sem o prejuízo de nenhum deles;
- Relações Desarmônicas: nas quais o resultado da relação entre os seres de espécies diferentes for negativo, ou seja, quando há prejuízos para uma ou ambas as espécies envolvidas.
De acordo com essas definições, o parasitismo é classificado como uma relação ecológica desarmônica, que pode ser homotípica ou heterotípica. Dado que se trata de uma interação na qual um ser vivo (parasita) se beneficia ao conseguir nutrientes enquanto o outro (hospedeiro) que é prejudicado.
O que são parasitas?
A palavra parasita é de origem grega e pode ser traduzida como “aquele que come na mesa de outro”. Desse modo, a regra geral que precisa ser entendida sobre os parasitas é que eles são seres vivos que dependem de outros, que chamamos de hospedeiros, para sobreviver.
É importante saber que o parasita não tem como objetivo matar o hospedeiro. Portanto, eles podem viver muitos anos em seu hospedeiro sem lhe causar grandes malefícios ou prejudicar suas funções vitais.
Do ponto de vista ecológico, ao longo de gerações existe uma tendência à adaptação na relação entre parasita e hospedeiro, na qual é desenvolvido um equilíbrio sobre o que o primeiro “rouba” do segundo para sobreviver. Neste cenário temos um caso de coadaptação.
É importante entender que o parasita não tem como objetivo matar o hospedeiro, até porque ele se nutre do metabolismo dele e, uma vez que o hospedeiro morre, o metabolismo cessa.
Mas existem casos nos quais eles são considerados organismos agressores, quando chegam a prejudicar o organismo do hospedeiro por meio do parasitismo, causando doenças ou até mesmo sua morte.
Esse tipo de relação é chamado, por alguns parasitologistas, de parasitoidismo. Contudo, ao chegar a este estado extremo o parasita morre junto com seu hospedeiro, uma vez que, é por meio dele que ele se alimenta.
Essas parasitoses são doenças muito comuns no mundo e a maioria delas estão relacionadas a populações vulneráveis pela precariedade sanitária. A ciência responsável por estudar as características, bem como as infecções causadas pelos parasitas, é chamada de parasitologia.
Sabe-se que este grupo de seres é muito diverso, sendo a maioria deles invisíveis ao olho humano, como o parasita da malária. Mas existem outros, como os vermes, que são visíveis a olho nu, podendo atingir mais de 30 metros de comprimento.
Tipos de parasitas
Os parasitas são tipo de seres muito diversificado, a fim de entender suas especificidades eles são classificados segundo dois critérios:
1. Sua dependência de um hospedeiro:
- Obrigatório: são aqueles que só conseguem sobreviver quando associados a um hospedeiro, um exemplo clássico de parasitas obrigatórios são os vírus.
Facultativos: este tipo não depende de um hospedeiro para sobreviver, podendo optar por colonizar um organismo e viver dentro dele ou permanecer como seres de vida livre (fora de um organismo). Algumas bactérias e larvas são exemplos de parasitas facultativos.
Protelianos: nesse tipo específico de parasitismo, o parasita é obrigatório na fase larval, mas na fase adulta ele se torna facultativo. Um exemplo são algumas vespas que depositam seus ovos no interior de outros animais, quando nascem, as larvas se alimentam desses hospedeiros até a atingirem idade adulta, depois eles saem do organismo desses seres para uma vida livre.
2. Quanto ao número de espécies hospedeiras, os parasitas podem ser:
- Diretos: quando possui apenas um único hospedeiro;
- Indiretos: neste caso, o parasita tem um hospedeiro definitivo, o qual ele coloniza quando está próximo ou já faze adulta, e um hospedeiro intermediário, que é colonizado na fase inicial do seu ciclo de vida.
Parasitas: classificação e exemplos
As formas de parasitismo são diversas. Contudo, em sua maioria, elas são relações interespecíficas nas quais o parasita retira nutrientes do hospedeiro ocasionando-lhe prejuízos.
Estas relações podem ser encontradas nos mais variados filos e reinos da natureza. Apesar de supor-se que os parasitas sejam organismos pequenos ou microscópicos, existe um número considerável de parasitas que são maiores e visíveis a olho nu. Como veremos a seguir.
Mas antes precisamos entender que os parasitas podem ser classificados segundo qual parte do organismo hospedeiro que eles colonizam. São eles:
Endoparasitas
Este tipo de parasitas se acomoda no interior do organismo do hospedeiro. Quando os endoparasitas colonizam o organismo considera-se que houve uma infecção.
Caso essa infecção ocasione sintomas consideravelmente prejudiciais a saúde do hospedeiro, passamos a considerá-la uma doença. Podemos chamar de patógeno ou agente etiológico todos os parasitas que são capazes de provocar uma doença.
Os três grandes reinos de microrganismos podem ser considerados aqui como endoparasitas: bactérias, vírus e protozoários, além destes temos os helmintos. Veja algumas doenças que podem ser causadas por eles a seguir:
Bactérias parasitas
- Leptospirose: doença causada pela bactéria Leptospira interrogans, que é transmitida por animais de diferentes espécies (roedores, suínos, caninos, bovinos) para os seres humanos, por meio do contato direto com a urina dos animais infectados ou água contaminada. Ela causa no organismo hospedeiro uma infecção aguda, potencialmente grave.
- Micoplasma: causada pelo organismo Micoplasma pneumoniae, que é capaz de provoca pneumonia. O contágio acontece por meio do contato com secreções respiratórias (muco ou gotículas expelidas pela tosse) de um outro indivíduo infectado. Os sintomas dessa doença são: dor de cabeça, dor muscular, garganta inflamada, tosse seca e ligeiro aumento na temperatura.
- Cólera: causada pela bactéria Vibrio cholerae, a doença causa diarreia profusa e vômitos, que podem levar à morte por desidratação intensa. A cólera está ligada a contextos que envolvem superlotação e acesso inadequado à água limpa, coleta de lixo e banheiros, portanto, a contaminação ocorre por meio da ingestão de alimentos ou água contaminada com fezes ou vômito de uma pessoa infectada com a doença.
Vírus Parasitas
- Do gênero dos Orthomyxovirus influenza: estes são os causadores da gripe. Essas doenças são transmitidas por meio das vias respiratórias, quando indivíduos infectados transmitem o vírus a pessoas suscetíveis, ao falar, espirrar e tossir, através de pequenas gotículas de aerossol. Os principais sintomas dessas viroses são: febre abrupta alta (acima de 38ºC), seguida de dores musculares, dor de garganta, prostração, dor de cabaça e tosse seca.
- Febre amarela: doença infecciosa, que possui diversos graus de gravidade, causada pelo vírus do gênero Flavivirus febricis. Essa virose é transmitida por meio da picada de mosquitos, existem dois tipos dela: a silvestre e a urbana. Os sinais da doença são: febre com calafrios, mal-estar, dor de cabeça, dores musculares muito fortes, cansaço, vômito e diarreia são sinais da doença que surgem de repente. Em casos críticos ela causa: icterícia progressiva, hemorragias, comprometimento dos rins, fígado e pulmão, problemas cardíacos e encefalopatias (convulsões e delírios).
Protozoários
- Doença de Chagas: também conhecida como Tripanossomíase americana é causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi. A doença é transmitida ao ser humano diretamente pela picada do inseto, que se infecta com o parasita quando suga o sangue de um animal contaminado. Os principais sintomas da doença são: febre, mal-estar, inflamação e dor nos gânglios, vermelhidão, inchaço nos olhos, aumento do fígado e do baço. Em casos mais graves a doença pode ocasionar meningite e encefalite.
- Malária: uma doença infecciosa que pode ser provocada por quatro protozoários do gênero Plasmodium. A transmissão da malária pode acontecer pela picada do mosquito, por transfusão de sangue contaminado, ou por meio da placenta (congênita) para o feto e por meio de seringas infectadas. Os sintomas dessa doença são: febre alta; calafrios intensos, dor de cabeça e no corpo, falta de apetite, pele amarelada e cansaço.
- Giardíase: é uma infecção no intestino delgado, causado pela Giardia lamblia. A contaminação ocorre quando uma pessoa ingere cistos do protozoário presente em alimentos contaminados e água em tratamento. Outra forma de se contaminar é pelo contato sexual. A giardíase causa: cólicas abdominais, flatulência, distensão abdominal, náuseas, eliminação de fezes gordurosas e fétidas, perda de peso e diarreia.
- Tricomoníase: é uma doença venérea transmitida através do ato sexual causada pelo Trichonomas vaginalis. Essa infecção causa microlesões na parte interna da vagina, no caso das mulheres, e causa irritação, corrimento e ardor ao urinar ou ejacular, no caso dos homens. Além disso, essa doença pode levar ao desenvolvimento de outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).
- Toxoplasmose: uma infecção causada pelo Toxoplasma gondiie geralmente não provoca sintomas. Essa infecção é adquirida, na maioria dos casos, por via oral – ou seja, ela ingestão de carnes cruas ou malpassadas de hospedeiros intermediários que contêm cistos do protozoário. Este parasita intracelular pode infectar pássaros, roedores, animais silvestres e um número grande de mamíferos. Deve atentar para os casos que apresentarem os seguintes sintomas: manchas pelo corpo, confusão menta, encefalite, moléstias pulmonares e cardíacas, convulsões, dificuldade para enxergar, problemas de audição e lesões na retina.
Helmintos ou vermes parasitas
Este são os principais organismos dentro do reino animal que estabelecem relação parasitária com outros organismos. As doenças causadas por esses vermes são chamadas de verminoses.
Eles são classificados em três grandes grupos, denominados filos: Nemathelminthes (vermes de corpo cilíndrico), Platyhelminthes (vermes com o corpo achatado) e os Anelídeos que não são considerados parasitas (os únicos deste filo com importância médica são os sanguessugas).
Algumas doenças causadas por helmintos são:
- Teníase e Cisticercose: popularmente conhecidas “lombriga” e “doença do porco”, respectivamente, são causadas pelos mesmos vermes Taenia soliume Taenia saginata. Contudo as doenças são diferentes tanto pelos sintomas e áreas afetadas pelo parasita, quanto por suas formas de contágio. Os ciclos dessas doenças estão profundamente relacionados à falta de saneamento básico.
Geralmente a teníase é assintomática, mas ela pode causar diarreias, enjoos e fome intensa. Quando cisticercose acomete a musculatura geralmente a pessoa não apresentará sintomas, no caso de atingir o cérebro, a pessoa terá dores de cabeça, transtornos de visão, vômitos, convulsões e demência.
- Esquistossomose: popularmente conhecida como barriga d’água, xistose ou doença do caramujo, esta doença causada pelo Schistosoma mansoni. Ela atinge sobretudo comunidades carentes, sem acesso a água potável e sem o saneamento adequado. Na maioria dos casos as pessoas infectadas não sentem sintomas. Mas caso a infecção chegue a uma fase crônica, a pessoa pode apresentar diversos sintomas, como: diarreia constante alternada com prisão de ventre, podendo aparecer sangue nas fezes, coceira anal, emagrecimento, endurecimento e aumento do fígado.
- Filariose Linfática: comumente chamada de Elefantíase, esta infecção é causada pelo verme Wuchereria Bancrofti. A transmissão acontece pela picada do mosquito Culex quiquefasciatus (pernilongo ou muriçoca) infectado com larvas do parasita. Os principais sintomas de elefantíase são: febre elevada, dor de cabeça, dor muscular, intolerância à luz, reações alérgicas, asma, coceira pelo corpo, pericardite, aumento dos gânglios linfáticos e inchaço dos membros, como pernas, braços, mamas, testículo ou saco escrotal.
Ectoparasitas
Esse tipo de parasitas é caracterizado por se fixarem na superfície do corpo do hospedeiro para assim adquirir seus nutrientes. Portanto não podem ser encontrados no interior do organismo.
Quando temos um organismo causador da doença, damos a ele o nome de agente etiológico. No caso dos ectoparasitas, quando colonizam o hospedeiro, dizemos que houve uma infestação. A seguir veremos alguns tipos de ectoparasitas:
Artrópodes
São o principal filo que caracteriza os ectoparasitas, que compreendem: o piolho (gênero Phthiraptera), a pulga (gênero Siphonaptera), o carrapato (Família Ixodidae ou Argasidae) e os ácaros (subclasse Acari), estes parasitam outros animais.
Algumas doenças causadas pelos artrópodes são:
- Pediculose: essa doença é caracterizada por esses seres sugadores de sangue que vivem e se reproduzem na superfície da pele e dos pelos. Essa parasitose é causada por piolhos e lêndeas (ovos dos piolhos);
- Febre Maculosa: causada por uma bactéria do gênero Rickettsia, transmitida pela picada do carrapato;
- Escabiose: também conhecida como sarna é uma parasitose humana causada pelo ácaro Sarcoptes scabiei.
As pulgas e carrapatos são parasitas comuns de animais domésticos, como cães e gatos. Um sintoma característico de contaminação é o excesso de coceira. Em casos críticos estes parasitas podem transmitir doenças aos animais como: erliquiose, babesiose, verminoses, além de causarem dermatites.
Desses, um dos principais problemas causados pela picada desses parasitas é a dermatite. Que geralmente é ocasionada pela coceira excessiva causada pelas picadas, mas também porque alguns cães e gatos podem ser alérgicos à saliva de pulgas e carrapatos.
Existem outros artrópodes, do grupo dos insetos, que tipicamente parasitam plantas: as pragas da agricultura, como o pulgão. Eles se alimentam da seiva elaborada de algumas plantas, assim como outras pragas da agricultura, podendo aniquilar ou matar essas plantas colonizadas.
Fungos Parasitas
Estes tipos de parasitas que afetam, na maioria das vezes, as plantas. Mas também podem ocorrer em animais, como insetos e, até mesmo, nos seres humanos.
O fungo Hemileia vastatrix é o causador da ferrugem do cafeeiro, uma doença caracterizada pelo amarelamento e posterior apodrecimento da folha de vegetais. Já os fungos do gênero Trichophyton são os causadores das, comumente, chamadas frieiras.
Parasitas Vegetais
Os parasitas vegetais geralmente são espécies de plantas que não realizam fotossíntese, portanto não possuem clorofila. Então, para adquiri-la elas desenvolveram um mecanismo para penetrar na epiderme de uma planta hospedeira e sugar a seiva bruta e elaborada, da qual retiram os nutrientes e moléculas orgânicas transportadas por elas.
No reino vegetal dois casos de parasitismo se destacam:
- Cipó-chumbo (Cuscuta racemosa): para extrair a seiva, esta planta parasita possui raízes especializadas sugadoras chamadas de haustórios, que são capazes de penetrar até os vasos liberianos da planta hospedeira. Outras plantas como o cipó-chumbo, que retiram da planta hospedeira todos os seus nutrientes, são denominadas como holoparasitas.
- Erva-de-passarinho: nome popular dado às representantes de algumas famílias de plantas hemiparasitas. Este tipo de planta parasita realiza fotossíntese, então os únicos nutrientes que elas retiram da hospedeira, através de suas raízes especializadas, são água e sais minerais provenientes da seiva mineral.
Cuidado para não confundir essas plantas parasitas com as plantas epífitas. As plantas epífitas apenas utilizam outras plantas como base para crescerem e não absorvem seus nutrientes, prejudicando-as. Exemplos desse tipo de planta são as orquídeas e bromélias.
Parasitismo de Ninhada
Um tipo muito peculiar desse tipo de relação desarmônica é o parasitismo de ninhada, nela um animal se aproveita do ninho de outra espécie. Esse tipo de parasitismo ocorre entre espécies de aves, peixes e insetos.
Um exemplo de ave que apresenta esse tipo de comportamento são os pássaros da família Cuculidae, conhecidos popularmente como cuco.
No caso, a fêmea dessa espécie deposita seus ovos nos ninhos de outras espécies de pássaros, que, sem perceber, protegem e, posteriormente, alimentam o filhote de cuco como se fossem deles mesmos.
Os filhotes dos cucos costumam nascer antes dos demais filhotes e, por serem maiores acabam expulsando os ovos e outros filhotes, sendo alimentados pelos pais adotivos até se tornarem independentes, prejudicando a espécie hospedeira.
Outros Tipos de Parasitismo
Vale ressaltar que não são apenas seres do reino animal e do reino vegetal que possuem parasitas, todos os organismos vivos podem ser parasitados. Como no caso dos vírus bacteriófagos endoparasitas que se reproduzem no interior de algumas bactérias.
Também pode acontecer relações parasitárias entre indivíduos da mesma espécie. Nestes casos, geralmente, um animal se aproveita da ausência do outro para roubar seu alimento.
Transmissão dos parasitas
As formas de transmissão dos parasitas podem ser muito variadas.
Os endoparasitas, por exemplo, são transmitidos por vetores, também chamados de hospedeiros intermediários que podem ser moluscos, mosquitos, carrapatos e vários outros seres.
A contaminação também pode acontecer por meio da água e alimentos contaminados, mãos sem devida higienização, poeira, solo contaminado com larvas e outros.
Já os ectoparasitas normalmente são transmitidos de indivíduo para indivíduo por meio do contato direto ou pelo uso de objetos pessoais.
Ciclo de vida dos parasitas
Chamamos de ciclo de vida o conjunto de processos, mudanças e fenômenos pelos quais um organismo passa ao longo das suas fases da vida, do nascimento até a morte. A partir disso, o ciclo de vida de um parasita, ou ciclo evolutivo, compreende sua colonização em um ou mais hospedeiros, sua reprodução assexuada e sexuada e outras fases.
Dado que a parâmetro para a sobrevivência de um parasita é a dependência de um hospedeiro, temos que cada etapa do ciclo evolutivo dele está diretamente relacionado com os hospedeiros nos quais ele se aloja.
A partir disso podemos classificar ciclo de vida parasitária em dois tipos:
1. Ciclo monoxênico
Caracterizam-se como monoxênicos, aqueles parasitas que possuem um único hospedeiro em seu ciclo de vida. Geralmente, este ciclo se inicia quando um parasita tem seus ovos ou larvas depositadas em alimentos ou locais de fácil interação com o hospedeiro.
Depois de interagirem com o hospedeiro, que os ingere ou abriga, estes parasitas se desenvolvem e se proliferam no interior do seu organismo.
Depois, o hospedeiro pode eliminar ovos e larvas do parasita no ambiente e por meio das suas fezes ou secreções, estes parasitas podem colonizar novos hospedeiros. Um exemplo é o verme causador da ascaridíase (lombriga), que tem o ser humano como seu único hospedeiro.
2. Ciclo heteroxênico
Para classificar um parasita como heteroxênico ele precisa possuir mais de um hospedeiro dentro do seu ciclo evolutivos. Nesta circunstância, temos dois tipos de hospedeiros: os intermediários e os definitivos.
Chamamos de hospedeiros intermediários aqueles que servem de abrigo para o parasita durante a fase inicial da sua vida. Na maioria das vezes, o parasita se aloja neste hospedeiro em estágio larval, onde ele se desenvolve e realiza reprodução assexuada.
Os hospedeiros definitivos são colonizados quando parasita está em sua fase adulta, nesta etapa ele já é capaz de realizar reprodução sexuada. Geralmente, hospedeiros definitivos são os que sofrem os maiores prejuízos da relação de parasitismo, podendo sucumbir às doenças parasitárias.
Como acontece com os vermes causadores da esquistossomose, mais popularmente conhecida como “barriga-d’água”. O verme inicia seu ciclo de vida no caramujo (intermediário), depois ele é transmitido ao homem (definitivo).
Quanto a forma de invadir o corpo do hospedeiro, existem duas classificações que chamamos de:
- Penetração ativa: caracterizado pela capacidade que o parasita tem de vencer as barreiras físicas e penetrar no corpo do hospedeiro. Como o amarelão, cujas larvas infectantes, presentes no solo, perfuram a pele humana e para chegar à corrente sanguínea;
- Penetração passiva: neste caso os parasitas são transportados até o hospedeiro por outro organismo intermediário, como um mosquito. Quando ele se alimenta, ele perfura a pele e introduz parasitas no corpo do hospedeiro ou facilita sua entrada.
Os hospedeiros intermediários também recebem o nome de vetores, dado que ele é responsável pelo transporte e transmissão do parasita. A partir disso, os vetores são classificados de acordo com sua função de hospedeiro para o parasita:
- Vetor mecânico: que também pode ser chamado de vetor paratênico. Este tipo de vetor não está diretamente relacionado com os processos do ciclo evolutivo do parasita, servindo apenas como transportar para ele;
- Vetor biológico: além de servir como condutor para o parasita, ele está diretamente relacionado com o ciclo evolutivo do patógeno, pois é nele que o patógeno passa parte do seu ciclo de vida.
Depois de colonizarem o corpo do hospedeiro, o parasita atinge as regiões do corpo de sua preferência, onde se desenvolve, geralmente passando por transformações, e se reproduz, originando descendentes, que perpetuarão este ciclo.
Alguns parasitas possuem reservatórios naturais, que costumam ser animais, plantas ou um substrato (como solo e água). Enquanto estão nesses reservatórios, o parasita pode sobreviver e se reproduzir até ser transportado para o hospedeiro.
Um exemplo reservatório natural é o tatu, que serve hospedeiro temporário ao protozoário parasita causador da doença de Chagas (Trypanosoma cruzi), contudo ele não é acometido pela doença.
Provavelmente, isso acontece porque o tatu possui adaptações que lhe proporcionam resistência ou tolerância ao parasita, que podem ter sido selecionadas ao longo de milhares de anos de evolução.
Adaptações dos parasitas
As adaptações desenvolvidas pelos parasitas estão relacionadas com aprimorar seu sucesso reprodutivo. Esses aprimoramentos são o resultado de um longo processo evolutivo, a seguir listamos alguns exemplos dessas adaptações:
- Desaparecimento ou aquisição de estruturas: existem parasitas que possuem órgãos digestivos pouco desenvolvidos ou ausentes; alguns também não apresentam órgãos locomotores e sensoriais. Outros têm estruturas de fixação ao hospedeiro, como ganchos, ventosas e placas orais. Essas estruturar capacitam os parasitas a viver em ambientes com pouco oxigênio, como o intestino dos animais.
- Grande capacidade de reprodução: em sua maioria os parasitas produzem milhares de ovos que são depositados no organismo colonizado; outros apresentam hermafroditismo, ou seja, possuem os dois sexos, aumentando as chances de fecundação; além destes, ainda existem aqueles que produzem óvulo que se desenvolve em um organismo sem necessidade de fecundação.
- Mecanismos de resistência: os parasitas possuem uma cutícula externa que os protege do sistema de defesa do hospedeiro, ou cistos, que são formas de resistência que aparecem quando o parasita está em condições desfavoráveis e que se abrem quando ele encontra condições adequadas, liberando o parasita.