Novo acordo ortográfico: tudo sobre a nova ortografia

O novo acordo ortográfico passou a valer em 2012, mas até hoje gera muitas dúvidas. Acompanhe a matéria para ficar por dentro da nova ortografia.

O novo acordo ortográfico foi realizado em 2009, com prazo de adaptação até 2012, e visa uniformizar e aproximar a gramática entre os 9 países que têm a Língua Portuguesa como língua oficial.

continua depois da publicidade

As mudanças consistem principalmente na acentuação, uso no hífen, uso do trema e no alfabeto, exemplificadas a seguir.

Alfabeto ganhou mais letras na nova ortografia

Pode parecer estranho o que eu vou dizer, mas antes do novo acordo ortográfico, as letras “K”, “W” e “Y” não faziam parte oficialmente do alfabeto da Língua Portuguesa e só podiam ser utilizadas em medidas como Kilo ou Watts.

No entanto, em um mundo digital onde palavras como Windows, link, Spotify e download são tão presentes, os gramáticos cederam e tiveram que se adaptar.

continua depois da publicidade

Além de acrescentar as novas letras que já vinham sendo usadas pela população, palavras estrangeiras que passaram a fazer parte do cotidiano também foram incorporadas no novo acordo ortográfico.

Veja alguns exemplos:

  • Show;
  • Kamikaze;
  • Stand by;
  • Link;
  • Internet.

Assim como as palavras comuns, os nomes próprios passaram a fazer parte oficialmente da norma padrão:

  • Taiwan;
  • Nova York;
  • Hong Kong;
  • Patrick;
  • Willian;
  • Emilly;
  • Yasmin.

Novo Acordo Ortográfico: acentuação

No quesito da acentuação, o novo acordo ortográfico trouxe alterações relacionadas ao acento agudo e ao circunflexo. Listamos abaixo cada uma delas:

Ditongos paroxítonos

Os ditongos (encontro de duas vogais na mesma sílaba) em palavras paroxítonas perderam o acento agudo.

Exemplos:

  • Idéia -> Ideia;
  • Bóia -> Boia;
  • Assembléia -> Assembleia;
  • Odisséia -> odisseia.

As monossílabas e oxítonas continuam sendo acentuadas no novo acordo ortográfico. Veja:

continua depois da publicidade
  • Pó;
  • Só;
  • Pá;
  • Sumaré;
  • Macapá.

Hiatos com paroxítonas com “i” ou “u”

Os hiatos (encontro de duas vogais de sílabas diferentes) em palavras paroxítonas formadas pelas letras “i” ou “u” perderam a acentuação na nova ortografia, nos casos em que estes vêm após um ditongo:

  • Feiúra -> feiura;
  • Taoísmo -> Taoismo;
  • Bocaiúva -> Bocaiuva.

Fim do acento para ôo e êem

Outras palavras que perderam o acento foram as que tinham terminações em “ôo” ou “êem”. Após o novo acordo, o acento circunflexo foi retirado.

Observe como era antes e como é agora:

  • Crêem -> Creem;
  • Enjôo -> Enjoo;
  • Lêem -> Leem;
  • Vêem -> Veem.

Fim do acento diferencial

Antes do novo acordo ortográfico, algumas palavras possuíam o que é conhecido como “acento diferencial”.

continua depois da publicidade

O acento diferencial era utilizado para discernir palavras que possuíam a mesma pronúncia, mas que tinham significados distintos.

Veja um exemplo ANTES do acordo:

  • Pára como verbo: Ele sempre pára quando o sinal está amarelo.
  • Para como preposição: O que tem para comer hoje?

Agora, após o acordo ortográfico, só existe a palavra “para” que pode ser utilizada como verbo ou preposição:

  • Para como verbo: Ele sempre para quando o sinal está amarelo.
  • Para como preposição: O que tem para comer hoje?

O contexto da frase irá dizer ao leitor o que representa a palavra. Veja outras mudanças semelhantes:

  • Pólo -> polo;
  • Pêlo -> pelo;
  • Pêra -> pera.

Atenção! Há exceção à regra! O verbo “pôr” e a sua conjugação no passado “pôde” continuam com acentuação.

continua depois da publicidade

Também foram mantidos os acentos nas seguintes conjugações:

  • Tem (singular) e têm (plural);
  • Vem (singular) e vêm (plural);
  • Mantém (singular) e mantêm (plural);
  • Contém (singular) e contêm (plural).

Fim do trema

Pode falar a verdade! Antes do novo acordo ortográfico ser promulgado, muitas vezes você esquecia de que tinha que colocar o trema nas sílabas “que”, “qui” “gue” ou “gui” que possuíam uma pronúncia que deixava a letra U mais evidente.

Este sinal gráfico (ü) que era formado por dois pontos sobre a letra “U” acabou entrando em desuso e por isso foi retirado da Língua Portuguesa, permanecendo apenas em uma única exceção que vamos te mostrar daqui a pouco.

Confira como as palavras passaram a serem escritas sem o trema no novo acordo ortográfico:

continua depois da publicidade
  • Pinguim;
  • Cinquenta;
  • Linguiça;
  • Frequente;
  • Anhanguera.

A exceção da regra

Há apenas uma única exceção para o uso do trema na nova ortografia. Ele ainda deve ser grifado em nomes próprios estrangeiros.

Um exemplo disso é o sobrenome Bündchen da modelo brasileira Gisele Bündchen. Ele continua com trema, pois tem origem alemã. Já a o nome próprio Anhanguera perde o trema pois tem origem local.

No cotidiano, você não precisará se preocupar com o trema já que dificilmente se deparará com um nome próprio de origem estrangeira que tenha o sinal. Para todas as palavras em português, ele não existe mais.

Dupla grafia

Quando você se depara com a palavra “antónimo”, dá uma sensação de que ela foi escrita de forma incorreta e que o certo seria “antônimo”.

continua depois da publicidade

Se você morasse em Portugal, teria uma visão totalmente oposta do que apresentamos, afinal, por lá é mais comum se utilizar o acento agudo em “antónimo”.

Como o novo acordo ortográfico veio para facilitar a compreensão da Língua Portuguesa e melhorar a comunicação entre os países lusófonos, algumas palavras passaram a ter uma dupla grafia. Isso quer dizer que você pode escrever a mesma coisa de formas diferentes em algumas situações.

Confira os exemplos:

  • Antónimo=Antônimo;
  • Género=Gênero;
  • Puré=Purê;
  • Sinónimo=Sinônimo.

Hífen no novo acordo ortográfico

O hífen é outra forma de sinalização muito comum na Língua Portuguesa e também costuma provocar muita confusão entre os falantes. Ao contrário do trema, o hífen foi mantido e algumas regras foram simplificadas para tentar tornar o seu mais fácil.

continua depois da publicidade

A função do hífen é unir palavras com o objetivo de passarem uma ideia única. Os verbetes podem ser derivados de nomes de lugares, ações, procedimentos, características e até para designar animais e plantas.

Como são muitas regras, decidimos separá-las para você não ficar confuso. Então vamos por partes:

Uso do hífen permanece

O hífen continua nos seguintes casos:

  • Se a segunda palavra começar com a letra “H” como em super-homem e pré-história;
  • Depois do prefixo “ex” como em ex-jogador;
  • Após o prefixo “vice” como em vice-presidente;
  • Quando houver o prefixo “além” como em além-mar;
  • Se tiver o prefixo “bem” como em bem-vindo ou bem-humorado;
  • Após o prefixo “recém” como em recém-nascido;
  • Depois do prefixo “pós” como em pós-graduação;
  • Se houver o prefixo “pré” como em pré-escola;
  • Quando tiver o prefixo “sem” como em sem-teto.

Mesma vogal: separa!

O hífen passa a ser utilizado quando as letras do prefixo terminam com a mesma vogal que a da próxima palavra:

continua depois da publicidade
  • Microondas -> micro-ondas;
  • Microorganismo -> micro-organismo;
  • Arquiinimigo -> arqui-inimigo;
  • Sobreexplorar -> sobre-explorar.

Mesma consoante: separa!

Assim como no caso anterior sobre das vogais, se o prefixo terminar com uma mesma consoante que a segunda palavra, deve-se usar o hífen. Exemplo:

  • Super-romântico;
  • Inter-regional;
  • Sub-bibliotecário.

Vogal diferente: Junta!

Se a vogal que encerra o prefixo é diferente da que inicia a próxima palavra, o hífen deve cair e a palavra ser aglutinada na nova ortografia. Observe:

  • Infra-estrutura -> Infraestrutura;
  • Auto-estima -> Autoestima;
  • Co-autor -> Coautor;
  • Semi-aberto -> Semiaberto.

Consoante diferente: junta!

Se a consoante que encerra o prefixo é diferente da que inicia a próxima palavra, o hífen deixa de existir como demonstrado a seguir:

  • Sub-chefe -> Subchefe;
  • Hiper-mercado -> Hipermercado.

Consoante mais vogal: junta!

  • Auto-peça -> Autopeça;
  • Semi-círculo -> Semicírculo;
  • Micro-computador -> Microcomputador.

Hífen quando há vogal seguida de R ou S

O hífen foi retirado em casos no qual o prefixo termina em vogal e a próxima palavra começa com R ou S.

continua depois da publicidade

Vamos pegar o exemplo de girassol. A palavra tem o prefixo gira que termina com a vogal a e em sequência vem a palavra Sol que começa com a letra S.

Por isso, ela deve ser emendada e a letra S é dobrada para que o som da pronúncia fique correta. Sendo assim:

  • Gira-sol -> Girassol;
  • Ultra-sonografia -> Ultrassonografia;
  • Anti-séptico -> Antisséptico;
  • Contra-regra -> Contrarregra.

Hífen para circum e pan

Os prefixos “circum” e “pan” possuem hífen quando a palavra seguinte começa com uma vogal ou as letras H M e “N”:

  • Pan-americano;
  • Pan-helenismo;
  • Circum-navegação.

Exceções das regras do hífen

Infelizmente, mesmo após a simplificação na nova ortografia, ainda existem algumas exceções e detalhes que devem ser vistos sobre o hífen. As palavras a seguir, por exemplo, continuam com hífen:

continua depois da publicidade
  • Segunda-feira;
  • Couve-flor;
  • Guarda-chuva;
  • Erva-doce.

Já outras palavras acabaram sendo aglutinadas. Veja:

  • Manda-chuva -> Mandachuva;
  • Para-quedas-> Paraquedas.

Dentro das exceções, algumas palavras fazem parte daquilo que os gramáticos chamam de “noção de composição”, enquanto outras não fazem.

Ainda existem regras especiais bem específicas e de uso raro, mas não se preocupe tanto com isso. Portanto, tente se ater ao que te apresentamos sobre o hífen.

Como aprender tudo isso?

Sabemos que a Língua Portuguesa é bastante complexa e ao longo da matéria nós te mostramos diversas regras que foram alteradas e outras que até deixaram de existir.

Para quem foi alfabetizado antes de 2012 ou de alguma forma não teve contato com o acordo ortográfico, as novas regras podem ser um pouco complexas.

continua depois da publicidade

Sendo assim, além de ter lido a nossa matéria, recomendamos que você estude um pouco mais sobre gramática. Outro bom hábito é o de ler jornais, revistas e livros, pois eles seguem o novo padrão.

Aprender a como escrever corretamente e utilizar todo o leque de opções que a Língua Portuguesa oferecer requer dedicação e tempo.

A recompensa pode ser a aprovação em um concurso, vestibular ou mesmo a satisfação de deter o conhecimento em alguma área específica.

Leia também

Concursos em sua
cidade