O modernismo no Brasil foi o primeiro movimento artístico a valorizar a cultura nacional e a retratar a realidade brasileira, sempre se utilizando de cores fortes, pinceladas livres e textos literários que destacavam a linguagem popular, suas gírias, ironias e humor.
O novo estilo estético foi apresentado na Semana da Arte Moderna (São Paulo, 1922) causando grande polêmica justamente porque o modernismo não estava mais atrelado aos valores estrangeiros, mas também pela alta crítica à realidade brasileira, indo de encontro aos paradigmas e regras impostos na época.
Entre os grandes nomes do modernismo no Brasil que participaram dessa independência culturaldo país estão os pintores Anita Malfatti, Di Cavalcanti e Tarsila do Amaral, e os escritores Mário de Andrade, Manuel Bandeira e Oswaldo de Andrade.
A inspiração para o modernismo brasileiro
Muitos artistas devido à escassez de centros artísticos no Brasil buscavam um aprendizado estrangeiro, e encontravam nas escolas parisienses toda a influência e atualização sobre o mundo da arte, absorvendo outras fontes das Vanguardas Artísticas, como o Cubismo, o Expressionismo e o Futurismo.
Apesar da influência, o modernismo se consolidou com a união de elementos europeus com os elementos nacionais, trilhando novos caminhos até se distanciar dos valores da Europa e valorizar a cultura do Brasil, como por exemplo, retratar os índios.
O modernismo na literatura
Na mesma década em que ocorreu o desgaste da república do café com leite, muitos escritores resolveram abordar os traços modernistas em suas obras, destacando a cultura brasileira e causando reações diversas.
O modernismo literário teve 3 fases desde a sua apresentação na Semana da Arte Moderna, em 1922:
1ª fase (1922 a 1930)
Principal fase em que os artistas quebraram as regras impostas pela cultura tradicional, valorizando a linguagem coloquial, com seus erros e ironias, e negando a poesia ritmada. Os principais autores e suas obras desse movimento são:
- Mário de Andrade (Pauliceia Desvairada);
- Oswaldo de Andrade (Pronominais);
- Manuel Bandeira (Os Sapos);
- Antônio Alcântara Machado (Brás, Bexiga e Barra Funda).
Mário de Andrade foi um dos grandes precursores do modernismo ao ajudar na organização da Semana da Arte Moderna e ao lançar Pauliceia Desvairada, um marco do movimento modernista.
2ª fase (1930 a 1945)
Fase marcada pelo romance, por tendências regionalistas e temas mais politizados, sempre destacando o lado mais realista do Brasil, incluindo uma análise sobre os sentimentos humanos. Os principais autores e suas obras da segunda fase são:
- Rachel de Queiroz (O Quinze);
- Graciliano Ramos (Vidas Secas);
- Cecília Meireles (Bandeira da Inconfidência);
- Carlos Drummond de Andrade (No Meio do Caminho);
- Vinícius de Morais (Soneto do Amor Total);
- Jorge Amado (Capitães de Areia);
- Érico Veríssimo (O Tempo e o Vento).
As obras de Cecília Meireles durante a poesia de 30 (termo dado às produções durante a segunda fase do modernismo) contribuiu para consolidar o grupo modernista da época.
3ª fase (1945 a 1960)
Conhecida como pós-modernismo ou Geração de 45, a última fase modernista surgiu durante a Guerra Fria e o governo de JK, trazendo maior formalidade nos textos dos escritores, abandonando a linguagem popular, sondando temas psicológicos e reinventando uma nova linguagem. Os principais autores e suas obras pós-modernistas são:
- Clarice Lispector (Água Viva);
- João Cabral de Melo Neto (Morte e Vida Severina);
- Guimarães Rosa (Grande Sertão: Veredas);
- Lygia Fagundes Telles (A Disciplina do Amor);
- Mário Quintana (Poeminha do Contra);
- Ariano Suassuna (O Auto da Compadecida).
Morte e Vida Severina, lançado em 1955, tornou-se um clássico da literatura e do teatro, ganhando uma versão musical de Chico Buarque, 10 anos depois.
O modernismo artístico no Brasil
Pinceladas livres, tratos de luz, cores vivas, retratos da realidade e da cultura brasileira, características marcantes do modernismo artístico, alvo de críticas severas durante a exposição na Semana de 22.
Antes da Semana da Arte Moderna, o pintor Lasar Segall já havia realizado uma exposição, no ano de 1913, que impressionou Mário de Andrade. No entanto, foi a partir de uma crítica à exposição da pintora Anita Malfatti que trouxe inovação às Vanguardas ditadas pelo estilo estrangeiro promovendo ao modernismo maior força.
A crítica severa e de tom depreciativo feito por Monteiro Lobato (expoente literário, autor do grande sucesso da literatura infantil O Sítio do Pica-pau Amarelo) destacou a “estética forçada” da pintora e a comparou a uma estrela cadente, que brilha um instante, para cair, em seguida, no esquecimento.
Apesar disso, a crítica ajudou a reunir os jovens artistas, como Oswaldo de Andrade, Mário de Andrade, Menotti del Picchia, Di Cavalcanti e muitos outros, todos em apoio a Anita Malfatti, culminando no Movimento Modernista Brasileiro.
Principais pintores brasileiros e suas obras do Movimento Moderno
- Anita Malfatti (1889 – 1964)
O aspecto expressionista nas telas de Anita Malfatti causou impacto na Semana de 22, pois trouxera algo novo ao acostumado público de obras brasileiras. A pintora mostrou liberdade para compor suas telas, usando tons fortes e de formas nada convencionais, apresentando algumas das seguintes artes: O Homem Amarelo (1915/1916), O Barco (1915) e Tropical (1917).
- Tarsila do Amaral (1886 – 1973)
Responsável por trazer o Cubismo (arte representada por formas geométricas, especialmente os cubos) ao Brasil, Tarsila do Amaral foi uma das importantes pintoras da era modernista. Um dos seus quadros mais famosos é o Abaporu, marco do movimento antropofágico.
- Di Cavalcanti (1897 – 1976)
Conhecido com um dos ilustres representantes do modernismo no Brasil, Di Cavalcanti também era caricaturista, e seus traços sinuosos continham cores fortes e com temáticas brasileiras e de caráter social, os quais incluíam carnaval, samba, favelas e trabalhadores. Entre suas obras notáveis estão: Samba (1925), Cinco Moças de Guaratinguetá (1930) e A Carioca (1957).
Além desses, outros artistas plásticos encabeçaram o Movimento Moderno, como Vicente do Rego Monteiro, Inácio da Costa Ferreira, Ismael Nery e Lasar Segall.
O Movimento Modernista na música
Não foi apenas na literatura e nas artes plásticas que o Movimento Moderno se destacou: músicos também adotaram os traços do modernismo em suas letras, como Heitor Villa-Lobos, compositor responsável por tornar a música brasileira famosa mundialmente. O músico se apresentou na Semana da Arte Moderna com “Impressões da Vida Mundana”, entre outras obras.
Além de Villa-Lobos, Guiomar Novaes também faz parte do grupo de músicos do modernismo. Considerada uma das maiores pianistas de sua época, ela foi responsável por divulgar Heitor Villa-Lobos no exterior.
Principais nomes do modernismo estrangeiro
- Marinetti (escritor italiano);
- Pablo Picasso (pintor espanhol);
- Fernando Pessoa (escritor português);
- Guilhaume Apollinaire (escritor francês);
- Kandinsky (artista plástico russo).