A fimose é uma condição sempre comentada e, inclusive, cercada de alguns tabus, por isso é fundamental conhecê-la melhor e saber quais são seus tipos e tratamentos.
Embora seja uma condição associada ao gênero masculino, também é possível que mulheres tenham fimose — falaremos sobre tudo isso ao longo deste artigo.
O que é fimose?
A fimose é uma condição que faz com que o prepúcio tenha mais pele do que o normal ou apresente um estreitamento em sua extremidade, dificultando ou até mesmo impossibilitando a exposição da glande, conhecida popularmente como cabeça do pênis.
É bastante comum que bebês do gênero masculino nasçam com fimose e, com o tempo, o problema tende a se resolver sozinho, sem a ajuda de intervenções manuais ou cirúrgicas.
Quando a fimose perdura até a adolescência, pode ser necessária a realização de uma cirurgia de pequeno porte, que retira o excesso de pele ou faz pequenas incisões no prepúcio.
No caso em que a fimose está presente em homens já na fase adulta, os riscos para a saúde ficam maiores e aumentam as chances do desenvolvimento do câncer de pênis e infecções urinárias, além de poder ter impacto na vida sexual.
Como identificar a fimose
A maneira correta de identificar casos de fimose é pela tentativa manual de retrair a pele do pênis para expor a glande — sempre de maneira delicada, sem uso da força ou com movimentos bruscos.
A impossibilidade de visualizar a cabeça do pênis é o que indica a presença da fimose, que pode ser apresentada em cinco níveis distintos:
- Grau 1: é quando o prepúcio pode ser totalmente puxado, deixando apenas a base da glande coberta pela pele — pode ser difícil fazer o movimento contrário com a pele, quando se tenta trazê-la para a extremidade do pênis novamente;
- Grau 2: é quando o prepúcio ainda pode ser puxado, mas sem que a pele passe pela parte mais larga da cabeça do pênis.
- Grau 3: neste nível, o prepúcio pode ser puxado apenas até o orifício externo da uretra, por onde sai a urina.
- Grau 4: no grau quatro, é muito difícil expor alguma parte da glande, embora o prepúcio ainda possa ser levemente puxado.
- Grau 5: este é o nível mais complicado e grave da fimose, que é quando não é possível puxar a pele do prepúcio de modo algum, impossibilitando totalmente a exposição da glande.
O tratamento da fimose independe do grau da condição, pois consiste em cirúrgico ou não cirúrgico, mas é preciso reconhecê-los para ter um entendimento melhor das complicações que podem ser causadas em cada nível e, claro, para se poder acompanhar mais de perto o processo terapêutico.
Na maioria dos casos, o pediatra verifica a condição do pênis dos bebês logo após o nascimento e, a partir daí, passa as orientações necessárias para os cuidadores.
Em algumas situações, a fimose se desenvolve na adolescência ou até mesmo na fase adulta — chamada, portanto, de fimose secundária —, sendo preciso que a própria pessoa se auto examine para perceber se há algo diferente.
Quais são as causas da fimose?
A fimose primária ou fisiológica, que é a que se desenvolve quando a pessoa ainda é bebê, é considerada uma patologia congênita que tende a se resolver naturalmente ao longo dos primeiros anos da criança. A estimativa é a de que 99% dos meninos nasçam com algum grau de fimose primária; o percentual cai para apenas 1% entre adolescentes com 17 anos de idade.
Quando a fimose surge já na adolescência ou na fase adulta, ela é denominada fimose patológica e suas causas podem ter relação com traumas ou infecções (como a balanite xerótica obliterante ou líquen escleroso) na região do pênis. Por isso, é fundamental não tentar retrair o prepúcio de forma brusca, pois isso pode causar lesões cujas cicatrizes podem virar aderências, dando origem à fimose patológica.
Tipos de fimose
Como você já aprendeu, a fimose pode estar presente logo no nascimento do bebê ou, ainda, pode surgir na fase da adolescência ou da vida adulta, de modo que os dois tipos de fimose são:
Fimose fisiológica ou primária
Este é a mais comum, que pode ser diagnosticada logo no nascimento do bebê ou em suas primeiras idas ao pediatra.
Fimose secundária ou patológica
É o tipo de fimose que se desenvolve na adolescência ou na vida adulta, geralmente ocasionada depois de um caso de infecção ou trauma na região peniana.
Fimose feminina
Ainda que a fimose seja uma condição sempre relacionada com a saúde masculina, é possível que mulheres também a tenham, ainda que isso seja bem menos frequente.
No caso da fimose feminina, que é mais comum entre crianças com até 10 anos de idade, o que ocorre é uma condição que “cola” os pequenos lábios, fechando total ou parcialmente o canal vaginal.
Ainda não se sabe ao certo o que provoca a fimose nas meninas, mas acredita-se que ela tenha a ver com uma concentração menor de hormônios femininos.
O tratamento, nesses casos, costuma ser realizado com o uso de pomadas e corticóides — os casos cirúrgicos são recomendados somente quando o canal vaginal ficar totalmente bloqueado.
Sintomas da fimose
A fimose pode apresentar outros sintomas além da pouca capacidade de retração do prepúcio. Na maioria dos casos, trata-se de uma condição indolor, mas, ainda assim, alguns dos seguintes fenômenos podem ocorrer:
- Vermelhidão e inchaço (dificultando a higiene do local);
- Dor durante a ereção;
- Dificuldade para controlar o impulso de urinar durante a madrugada;
- Secreções com cheiro ruim na região do pênis;
- Sangramento.
Diferença entre fimose e aderência
Chama-se de aderência uma condição que frequentemente é confundida com fimose, por isso é importante saber quais são as diferenças entre uma coisa e outra.
A aderência é uma espécie de cola presente na região da glande e que “gruda” no prepúcio, costumando ceder naturalmente, sem a necessidade de tratamento ou cirurgia — com a fimose, a pele não fica “colada” na cabeça do pênis, mas também dificulta a sua exposição.
Diagnóstico da fimose
É possível perceber a fimose apenas com exame físico, incluindo o autoexame em adolescentes e adultos — mas, claro, apenas um médico pode confirmar o diagnóstico. Por isso, é preciso agendar uma consulta em caso de suspeita.
No caso de crianças, o ideal é ir em um pediatra, cirurgião pediátrico ou urologista pediátrico para confirmar o diagnóstico. Em homens adultos, o ideal é buscar a opinião de um urologista.
Tratamento para a fimose
Existem três tipos diferentes de tratamento para a fimose. A primeira opção costuma ser o uso de pomadas com corticóides, que são medicamentos que têm substâncias anti-inflamatórias, analgésicas e antibióticas, ajudando o deslizamento da pele sobre a glande e evitando inflamações e infecções.
Até pouco tempo, muitos pediatras recomendavam o exercício de retração da fimose para bebês recém-nascidos, o que consiste em retrair um pouco a pele do prepúcio, de modo que não cause dor nem incômodos — a prática não é mais indicada para bebês, mas apenas para crianças a partir dos cinco anos de idade.
A terceira forma de tratamento para a fimose envolve o procedimento cirúrgico, indicado quando as outras tentativas não trouxeram resultados positivos.
O procedimento cirúrgico pode ser realizado a partir da remoção total da pele que cobre a glande ou, dependendo do grau de fimose, através de incisões pontuais na região do prepúcio, sem que ele precise ser completamente removido. É possível, também, que o cirurgião faça apenas um corte para soltar o freio curto do pênis.
A postectomia ou posteoplastia, duas das cirurgias mais comuns para o tratamento da fimose, são consideradas os procedimentos mais seguros e com menores riscos de complicações no período do pós-operatório. Em adultos, a cirurgia pode ser feita com anestesia local; nas crianças, por outro lado, é necessário o uso da anestesia geral.
O ideal é fazer a cirurgia até a adolescência, já que a fimose pode ser um impeditivo da vida sexual e, em alguns casos, causar infertilidade, quando dificulta a liberação de sêmen. A circuncisão, quando opção familiar por motivos de religião ou de outras naturezas, deve ser realizada sempre no período neonatal.
Como é o pós-operatório da fimose
O pós-operatório da cirurgia para a fimose é considerado tranquilo e, depois de 10 dias, os pontos tendem a cair e o inchaço já deve ter desaparecido. A partir de então, é possível voltar à rotina normal, mas com o cuidado de evitar atividades que possam provocar contusões, como andar de bicicleta ou fazer aulas de exercícios que envolvam impacto.
Durante o período de recuperação, o paciente será orientado a usar uma pomada cicatrizante e, dependendo da situação, a tomar analgésicos orais. Não é esperado que a pessoa sinta dor ao urinar, mas sim algum pequeno incômodo, que acontece devido à exposição da glande.
Complicações da fimose
Por mais que a condição possa parecer natural e inofensiva, é preciso frisar o fato de que a fimose pode ter complicações graves, como o câncer de pênis. A falta de tratamento adequado e a possibilidade de pouca higiene na região, devido à dificuldade para retrair a pele, podem provocar outros problemas de saúde como:
- Maiores chances de desenvolver infecções no trato urinário;
- Dor durante o ato sexual;
- Mais chances de contrair infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e HPV;
- Maior probabilidade de progredir para uma parafimose, que é o que acontece se o prepúcio ficar preso, sem conseguir voltar a cobrir a cabeça do pênis.
Não é possível prevenir a fimose, mas, ainda assim, é fundamental conhecer melhor seus sintomas e formas de tratamento. Buscar aconselhamento médico é essencial para que a condição seja tratada e eliminada com sucesso, o que possibilita uma vida absolutamente normal em todos os aspectos físicos, psicológicos e sexuais.