As concordâncias verbal e nominal fazem parte de uma esfera gramatical que estuda a relação que existe entre cada item de uma oração. Para que haja concordância verbal, o verbo precisa concordar com o sujeito gramatical da frase em número (singular ou plural) e pessoa (primeira, segunda ou terceira).
Exemplo simples de concordância verbal:
- Eu li / ele leu / nós lemos
A concordância nominal é a relação de harmonia entre um termo e um substantivo, de modo que o termo esteja de acordo com o substantivo em gênero e número.
Exemplo simples de concordância nominal:
- O professor novo / a professora nova
- Os professores novos / as professoras novas
Dessa forma, podemos criar a seguinte relação:
- Concordância verbal = sujeito e verbo
- Concordância nominal = classes de palavras
Concordância verbal
Para compreender as diversas relações textuais entre sujeito e verbo, vejamos alguns casos específicos:
1. Sujeito composto antes do verbo
Neste caso, quando o sujeito composto aparece antes do verbo, a regra é a de que o verbo deve ficar sempre no plural. Veja o exemplo:
- Pedro e Ana participaram do torneio
2. Sujeito composto após o verbo
Nesses casos, quando o sujeito composto aparece depois do verbo, esse verbo pode ficar no plural ou no singular, concordando com o sujeito que está mais perto. Veja o exemplo:
- Compareceram prefeito e vereadores
- Compareceu prefeito e vereadores
3. Sujeito formado por diferentes pessoas gramaticais
O verbo também precisa estar no plural quando o sujeito for composto, mas com pessoas gramaticais distintas. A concordância do verbo dependerá da pessoa gramatical de maior hierarquia. Ou seja, esta hierarquia é formada, em ordem decrescente, por: primeira pessoa (eu, nós); segunda pessoa (tu, vós); e terceira pessoa (ele, eles). Veja alguns exemplos:
- Nós, vós e eles vamos ao baile de formatura
- Tu e teus filhos tomareis a medida correta
- Alunos e professores precisam respeitar-se
4. Concordância verbal com verbos impessoais
Verbos impessoais são aqueles que não apresentam sujeito e, por isso, devem ser conjugados na terceira pessoa do singular:
- Havia muitas árvores naquele bosque. (verbo haver no sentido de existir)
- Faz dez anos que estamos casados. (verbo fazer relacionado ao tempo que já passou)
- Durante o verão, chove mais. (verbos que indicam fenômenos climáticos)
5. Concordância verbal com a partícula apassivadora “se”
Nesses casos, o objeto direto ocupa a função de sujeito paciente da oração, de modo que o verbo precisa estar em concordância de número com o objeto direto. Veja:
- Vende-se carro
- Vendem-se carros
6. Concordância verbal com a partícula de indeterminação “se” do sujeito
O verbo precisa ficar conjugado sempre na terceira pessoa quando a partícula “se” tem função de indeterminar o sujeito. Veja:
- Precisa-se de contador
- Precisa-se de contadores
7. Concordância verbal com “a maioria”, “a metade”, “a maior parte”
A preferência, nesses casos, é de que o verbo seja conjugado na terceira pessoa do singular, embora seja aceitável a conjugação com a terceira pessoa do plural. Confira:
- A maioria dos professores vai…
- A maior parte dos professores vai…
- A maioria dos professores vão…
- A maior parte dos professores vão…
8. Concordância verbal com o pronome relativo “quem”
Neste caso, o verbo concorda com o termo que antecede o pronome relativo “quem” ou fica na terceira pessoa do singular. Veja:
- Fui eu quem subi…
- Fomos nós quem subimos…
- Fui eu quem subiu…
- Fomos nós quem subiu…
9. Concordância verbal com o infinitivo pessoal
Quando a ideia é definir o sujeito da oração, ou quando o sujeito da segunda oração for diferente da primeira, o infinitivo é flexionado. Confira:
- Isto é para nós comermos
- Eu pedi para eles comerem tudo
10. Concordância verbal com o infinitivo impessoal
Em locuções verbais e em verbos preposicionados, o infinitivo não é flexionado:
- As meninas conseguiram perceber a jogada
- Foram estimuladas a perceber a jogada
- Foram impedidas de perceber a jogada
11. Concordância verbal com o verbo “ser”
Neste caso, a concordância em número tem relação com o predicativo do sujeito. Veja os exemplos:
- Isto é um bom exemplo
- Isto são bons exemplos
12. Concordância verbal com “um dos que”
Nesta situação, o verbo deve estar sempre na terceira pessoa do plural. Confira os exemplos:
- Um dos que ficaram…
- Um dos que vierem…
- Um dos que sabem…
13. Concordância verbal com nomes próprios
Quando são precedidos de artigo no plural, o verbo também ficará no plural; caso contrário, ficará no singular.
- Os Estados Unidos melhoraram suas bases
- Minas Gerais melhora muito
14. Concordância verbal com sujeito composto ligado por “ou”
Quando indica exclusão ou sinonímia, o verbo mantém-se no singular:
- João ou Fernando será o líder
Quando indica inclusão ou antonímia, o verbo mantém-se no plural:
- Sorte ou azar estão presentes
Quando indica retificação, o verbo flexiona de acordo com o núcleo mais perto:
- O professor ou os professores ficarão à disposição
Concordância nominal
Para compreender as diversas relações textuais entre as classes de palavras, vejamos alguns casos específicos:
1. Concordância nominal com pronomes pessoais
Neste caso, o pronome pessoal estabelece concordância de número e gênero com o adjetivo. Veja alguns exemplos:
- Ele é cantor / Ela é cantora
- Eles são cantores / Elas são cantoras
2. Concordância nominal com diversos substantivos
Neste caso, o adjetivo e o substantivo se concordam em gênero e número com o substantivo mais próximo ou o adjetivo fica masculino em sua versão no plural. Veja:
- Caneta e lápis emprestado
- Lápis e caneta emprestada
- Caneta e lápis emprestados
- Lápis e caneta emprestados
3. Concordância nominal com diversos adjetivos
Quando há mais de um adjetivo no singular determinados por artigos, o substantivo mantém-se no singular. Quando não há artigos, o substantivo fica no plural. Veja:
- A menina alta e a baixa
- O menino alto e o baixo
- As meninas alta e baixa
- Os meninos alto e baixo
4. Concordância nominal com “bastante”, “muito”, “pouco”, “meio”, “caro”, “barato”, “longe”
Essas palavras, quando são usadas como adjetivos, concordam com o substantivo em número e gênero. Veja alguns exemplos:
- Muitas moedas
- Bastantes moedas
- Poucas moedas
- Moedas caras
- Moedas baratas
5. Concordância nominal com “é proibido” e “é permitido”
Ao usar essas expressões, o adjetivo varia em gênero e número na presença de um artigo que determina o substantivo. Sem o artigo, o adjetivo mantém-se invariável no masculino singular – esta mesma regra vale para “é preciso”, “é bom” e “é necessário”. Confira:
- É permitida a presença de acompanhante
- É proibida a presença de acompanhante
- É permitido presença de acompanhante
- É proibido presença de acompanhante
6. Concordância nominal com “mesmo” e “próprio”
Essas palavras concordam em gênero e número com o substantivo quando têm papel de adjetivo. Veja alguns exemplos:
- Na mesma função
- No mesmo cargo
- Nas mesmas funções
- Nos mesmos cargos
- Na própria residência
- No próprio gabinete
- Nas próprias casas
- Nos próprios gabinetes
7. Concordância nominal com “menos”
Esta palavra mantém-se invariável em todas as situações. Veja:
- Menos satisfação
- Menos satisfações
- Menos intriga
- Menos intrigas
8. Concordância nominal com “possível”
A palavra fica no singular quando está precedida de “o mais”, “o melhor”, “o pior”. Quando é precedida de “os mais”, “os menores”, “os melhores”, “os piores”, a conjugação fica no plural. Confira alguns exemplos:
- Imagens as mais claras possíveis
- Diálogo o mais honesto possível
9. Concordância nominal com “pseudo”, “alerta”, “salvo, “exceto”
Essas são palavras invariáveis, que não concordam com gênero e número. Veja alguns exemplos:
- Ele é um pseudocientista, por isso é preciso ter cautela
- Está tudo nesta pasta, salvo a certidão de nascimento
10. Concordância nominal com a palavra “só” como adjetivo
Quando a palavra “só” significa sozinho/sozinha, ela age como adjetivo e deve concordar em número com o substantivo com que se relaciona. Veja alguns exemplos:
- Minha tia está só
- Meus tios estão sós
11. Concordância nominal irregular
Na ocorrência de silepse, que é quando há concordância figurada ou mental com um substantivo implícito, que está apenas subentendido, temos uma concordância nominal irregular. Veja:
- São Paulo é bela! (a palavra “cidade” está subentendida)
- Minas Gerais é gracioso! (a palavra “estado” está subentendida)
Veja também: