As mudanças na grade curricular do ensino médio devem refletir no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Nesta segunda-feira (14/03), o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou um parecer com mudanças no formato da avaliação. De acordo com o documento, o novo Enem deve ser implantado a partir de 2024.
Para que as recomendações do CNE tenham validade, primeiro elas precisam ser aprovadas pelo Ministério da Educação (MEC). Em nota, o MEC afirmou que a atualização do Exame está em debate em um Grupo de Trabalho (GT), que inclui o CNE, desde dezembro de 2021.
Dessa forma, segundo o ministro da Educação, Milton Ribeiro, o novo Enem será anunciado após homologação da decisão do GT. O exame será “mais moderno, adequado à realidade do estudante e seguindo as diretrizes do Novo Ensino Médio e da BNC”, conforme pontuou o ministro.
O que muda com o novo Enem
Atualmente, o Enem é composto por 180 questões objetivas de múltipla escola divididas em dois dias. No primeiro domingo, os estudantes respondem 90 questões de linguagens e ciências humanas, além de compor uma redação dissertativa. No segundo domingo são feitas as outras 90 questões, acerca de ciências da natureza e matemática.
Esse formato deve se repetir na edição de 2022 e na de 2023. Caso as mudanças sejam aprovadas, o novo Enem deve ser implantado em 2024, quando todos os alunos do ensino médio estarão cumprindo a nova grade. Entre as principais mudanças, está a inclusão de questões discursivas para verificar o nível de complexidade do raciocínio dos candidatos.
Mas, como as alterações serão graduais, é possível que a primeira edição do novo Enem ainda não possua essas questões. O exame atualizado será composto por duas etapas:
- 1ª etapa: os candidatos responderão questões de formação geral, sem divisão por disciplina. As perguntas serão mais interpretativas e menos conteudistas. Nessa fase, os estudantes ainda contarão com uma redação;
- 2ª etapa: os candidatos responderão questões focadas na área de conhecimento escolhida. Cada um poderá decidir entre ciências humanas, ciências da natureza, linguagens ou matemática de acordo com o foco da sua grade escolar.
A segunda etapa será mais específica e cheia de conteúdo, voltada para a área de foco escolhida pelo aluno ao longo dos três anos de ensino médio. Dessa forma, o novo Enem será montado de forma a aproximar os candidatos à área do curso de nível superior desejado.
Como será usada a nota do novo Enem
Hoje, os resultados do Exame Nacional são utilizados como porta de entrada às universidades públicas em todo o país. Os estudantes cadastram sua nota no Sistema de Seleção Unificada e escolhem até duas opções de curso para concorrer. Cada instituição define um ponto de corte inicial que vai sendo alterado ao longo do período de inscrição.
Com o novo Enem, os alunos continuarão usando a nota para entrar na graduação superior, mas cada universidade poderá estabelecer seus próprios parâmetros de seleção. Por exemplo:
- Usar a nota de apenas uma das etapas;
- Usar a nota da primeira etapa e de alguma parte específica da segunda etapa;
- Impor pesos diferentes para cada etapa.
Esses critérios deverão ser informados com antecedência pelas entidades. A ideia é que essas mudanças do novo Enem sejam implantadas gradualmente. Vale ressaltar também que “os atos do CNE, conforme art. 2° da Lei 9.131/95, somente têm validade após a sua homologação pelo ministro da educação, fato que ainda não ocorreu”, como pontuou Ribeiro em suas redes sociais.