Diferentemente de muitos primatas, nós não temos o corpo coberto por pelos. Estimativas indicam que possuímos cerca de cinco milhões de folículos capilares, mas eles são discretos a distâncias significativas e não cobrem a nossa pele como em muitos outros mamíferos.
Por séculos, a origem da queda de pelos em humanos permaneceu sendo um mistério para a ciência, embora diversas hipóteses tenham sido consideradas.
Por que não temos o corpo coberto por pelos?
A resposta predominante é a teoria do “resfriamento do corpo”, também conhecida como a “hipótese da savana”. Ela remonta ao período Pleistoceno, quando nossos ancestrais precisavam caçar na savana em busca de alimento.
A necessidade de regular a temperatura corporal nesse ambiente teria levado à mutação. Essa conjectura também identificou interruptores genéticos que determinam se as células se tornam glândulas sudoríparas ou folículos capilares.
Além disso, há uma correlação entre a perda de pelos e o aumento da pigmentação da pele humana, levando a estimativas de que isso ocorreu há cerca de 1,5 a 2 milhões de anos.
Outra explicação para a ausência de pelos em humanos é a hipótese do ectoparasita, proposta nos anos 2000 por Mark Pagal e o geneticista Walter Bodmer. Eles sugeriram que ancestrais sem pelos teriam menos parasitas, o que seria benéfico em locais com alta prevalência de ectoparasitas, como carrapatos que picam e transmitem doenças.
Adicionalmente, Charles Darwin associou a ausência de pelos nos seres humanos à seleção sexual, sugerindo que nossos ancestrais teriam preferido parceiros com menos pelos. No entanto, essa teoria foi amplamente rejeitada por outros cientistas.
E por que temos muitos pelos em áreas específicas do corpo?
Em relação à presença de pelos em áreas específicas do corpo, a principal teoria postula que, à medida que os seres humanos adquiriram uma postura mais ereta, a necessidade de pelos para proteger contra a radiação solar tornou-se mais urgente na região da cabeça.
Essa hipótese também está relacionada a outra explicação sobre o desenvolvimento de cabelos encaracolados. Pesquisas sugerem que esse padrão de cabelo desempenha um papel importante na minimização do ganho de calor da radiação solar.
Assim, quanto mais cacheados forem os fios, mais eficientemente ele cria pequenas bolsas de ar, dissipando e reduzindo a quantidade de calor que chega ao couro cabeludo. Quanto aos pelos pubianos e axilares, cientistas acreditam que eles sejam um subproduto da evolução.
Além disso, alguns estudos sugerem que esses pelos podem servir como uma forma de proteger a pele contra o atrito causado pelo movimento dos braços e pernas. Embora sua função principal não seja tão evidente quanto a proteção contra a radiação solar, ainda desempenham um papel relevante na fisiologia humana.