Você já reparou que, em alguns relógios antigos ou clássicos, o número quatro é representado pelo algarismo romano IIII, em vez do mais comum IV?
Essa é uma curiosidade que intriga muitas pessoas, mas que tem algumas possíveis explicações. Mas, antes de conhecê-las, é preciso entender a origem dos números romanos. Confira abaixo.
A origem dos algarismos romanos
Os algarismos romanos são um sistema de numeração que surgiu na Roma Antiga e que se baseia em letras do alfabeto latino.
Cada letra representa um valor numérico fixo, que pode ser somado ou subtraído para formar outros números. Por exemplo, I = 1, V = 5, X = 10, L = 50, C = 100, D = 500 e M = 1000.
Para escrever números maiores que 10, os romanos usavam o princípio da adição, colocando as letras em ordem decrescente da esquerda para a direita, assim: XV = 15, XX = 20, XXX = 30 e assim por diante.
Para formar números menores que 10, os romanos usavam o princípio da subtração, colocando uma letra menor antes de uma maior, desse modo: IV = 4, IX = 9, etc.
No entanto, esse princípio da subtração não foi usado desde o início pelos romanos. Na verdade, ele surgiu posteriormente, como uma forma de simplificar a escrita dos números.
Antes disso, os romanos usavam apenas o princípio da adição, escrevendo o número quatro como IIII, o nove como VIIII, o quarenta como XXXX e o noventa como LXXXX.
As hipóteses para o uso do IIII nos relógios
Apesar de o algarismo IV ter se tornado mais popular e difundido ao longo do tempo, alguns relógios antigos ou clássicos mantiveram o uso do algarismo IIII para representar o número quatro. Mas por quê?
Existem algumas hipóteses que tentam explicar essa preferência, que podem ter origens históricas, estéticas e religiosas. Veja a seguir:
Hipótese histórica
Afirma que o uso do IIII nos relógios é uma herança da época em que esse era o modo correto de escrever o número quatro em algarismos romanos.
Como os relógios são objetos antigos e tradicionais, eles teriam conservado essa forma mais antiga, mesmo depois que o IV se tornou mais comum.
Hipótese estética
Conforme essa teoria, o uso do IIII nos relógios é uma questão de equilíbrio e simetria visual.
Se observarmos o mostrador de um relógio, veremos que as primeiras quatro horas são representadas pelo algarismo I (I, II, III, IIII), as quatro subsequentes pelo algarismo V (V, VI, VII, VIII) e as quatro últimas pelo algarismo X (IX, X, XI, XII).
No entanto, se usássemos IV em vez do IIII, essa harmonia seria quebrada.
Hipótese religiosa
Segundo essa linha de pensamento, o uso do IIII nos relógios é uma forma de evitar o uso das iniciais do deus romano Júpiter, que em latim se escreve como IVPPITER.
Como os romanos eram politeístas e veneravam vários deuses, eles não queriam usar o nome de Júpiter em vão ou desrespeitá-lo, colocando-o em um objeto comum como um relógio.
Por isso, eles teriam optado por manter a forma IIII, que não tinha nenhuma associação religiosa.