É verdade que o nosso cérebro é 'programado' para evitar exercícios?

Você prefere ficar no sofá, vendo TV em vez de ir para a academia? Isso pode ser culpa dos seus ancestrais, conforme aponta um estudo.

Se você se sente relutante em deixar o conforto do seu sofá para se exercitar, saiba que não está sozinho nessa.

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Por muitos anos, fomos bombardeados com campanhas publicitárias que promovem a prática de exercícios físicos.

Contudo, aproximadamente 30% dos adultos não atingem o nível recomendado de atividade física. E essa taxa está em ascensão globalmente.

Isso nos leva a ponderar: por que há tanta dificuldade em manter uma rotina de atividades físicas, mesmo quando há a intenção de fazê-lo?

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Nosso cérebro é programado para evitar exercícios? Continue lendo e entenda a seguir.

Estamos programados para o estilo de vida sedentário?

A chave para essa questão pode ter sido desvendada em uma pesquisa realizada pela Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, em parceria com a Universidade de Genebra, na Suíça.

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O estudo indica que a principal barreira para a atividade física pode estar em nosso próprio cérebro. A tese foi fundamentada nessa contradição entre conhecer os benefícios do exercício e a inércia em adotá-lo.

"O instinto de conservar energia tem sido vital para a sobrevivência humana, pois nos tornou mais eficientes na busca por comida, abrigo, competição por parceiros e evasão de predadores", esclareceu o cientista Matthieu Boisgontier, um dos autores da investigação.

"O insucesso das políticas públicas em enfrentar a epidemia de sedentarismo pode ser atribuído ao mecanismo cerebral que evoluiu e se fortaleceu ao longo do tempo", afirmou Boisgontier.

Os pesquisadores nomearam esse fenômeno de “paradoxo do exercício”, já que, apesar dos benefícios conhecidos da atividade física, nosso cérebro parece ter uma tendência natural ao comportamento sedentário.

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Como o estudo foi realizado?

O experimento consistiu em analisar as reações cerebrais de 29 voluntários, homens e mulheres, através de um eletroencefalograma.

Era essencial que os participantes tivessem interesse em praticar exercícios, mesmo que nem todos o fizessem regularmente.

Durante o teste, eles foram expostos a imagens que alternavam entre uma pessoa realizando uma atividade física, como subir escadas ou pedalar, e outra descansando em um sofá.

Os participantes deveriam mover um avatar em direção às imagens ativas e afastá-lo das sedentárias o mais rápido possível, e depois fazer o inverso.

Embora todos mostrassem preferência pelas imagens que incentivavam o movimento, os cientistas observaram um aumento na atividade cerebral, indicando que, apesar da intenção consciente, o corpo tinha uma inclinação inconsciente ao repouso.

Os pesquisadores admitem que, devido ao tamanho reduzido da amostra, são necessários mais estudos para entender melhor o tema, especialmente para fortalecer a “vontade de se exercitar” que os participantes demonstraram.

Isso porque, apesar de tudo, os seres humanos têm a capacidade de fazer escolhas conscientes, desafiando até mesmo os impulsos cerebrais.

Como se comprometer com a rotina de exercícios?

É fato que a prática de exercícios físicos pode ser desconfortável e estressante para o corpo, mas não está necessariamente ligada a padrões estéticos, e sim a um estilo de vida saudável.

Nesse sentido, um estudo sobre idosos mostrou que a identidade ligada à atividade física e a autoconfiança estão diretamente relacionadas à disposição para se exercitar.

Os resultados indicam que aqueles que se identificam com a atividade física tendem a se exercitar mais, têm maior confiança em sua capacidade de realizar exercícios e estão mais satisfeitos com suas vidas do que aqueles que não possuem essa identificação.

Por outro lado, a identificação com um grupo social ativo pode ser um fator motivacional e de pertencimento, conforme pesquisas adicionais.

Além das razões comuns que impedem a adesão a um plano de exercícios, como falta de tempo, dinheiro, planejamento e metas realistas, existem fatores mais profundos. Reconhecê-los oferece a chance de redirecionar comportamentos para uma vida mais ativa.

E se os benefícios para a saúde não forem motivadores suficientes, talvez a busca por um refúgio do estresse cotidiano e o desejo de experienciar sensações positivas sejam o impulso necessário para a prática de exercícios.

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