Aposentadoria do INSS será desvinculada do salário mínimo neste ano?

Proposta é apoiada pela ministra Simone Tebet e pelo presidente do TCU, Bruno Dantas.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, entregou recentemente um plano que visa desvincular os benefícios da Previdência Social, como a aposentadoria, do salário mínimo até 2025.

continua depois da publicidade

De acordo com a proposta de Tebet, as correções no valor dos benefícios seriam feitas considerando a inflação e mais um porcentual. A desvinculação também é apoiada pelo presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas.

Vale lembrar que o piso do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), responsável pela liberação de boa parte dos benefícios da Previdência, é reajustado a partir do salário mínimo. Tendo isso em mente, confira abaixo o que se sabe a respeito do projeto de Tebet.

Proposta do TCU visa desvincular aposentadoria do salário-mínimo

Leia também

A defesa da desvinculação dos benefícios da Previdência Social da política de valorização do salário mínimo é defendida por Tebet como parte da agenda de revisão dos gastos públicos.

continua depois da publicidade

Apesar do apoio recebido por Bruno Dantas, de acordo com aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a chance de o governo adotar uma proposta do tipo é remota.

Nesse sentido, mesmo que a ministra ainda não tenha apresentado uma proposta oficial, a defesa da discussão sobre o tema vem sendo feita com frequência.

Para os auxiliares do presidente, as movimentações de Tebet fazem parte de uma articulação conjunta com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que recomendou recentemente um artigo do economista Bráulio Borges, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Entre outros detalhes, o texto é favorável à desvinculação.

continua depois da publicidade

Sobre a proposta de Tebet

Pela regra em vigor, o salário mínimo é reajustado com base no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos dois anos anteriores e na inflação do ano anterior.

Tendo isso em mente, Tebet considera duvidável que o país tenha fôlego fiscal para manter essa política de correção para os benefícios previdenciários e o Benefício de Prestação Continuada (BPC), e é dessa premissa que a ministra parte.

No momento, a pasta de Planejamento está estudando alternativas. Só o BPC e o abono salarial, por exemplo, são responsáveis por mais de R$ 100 bilhões em gastos, e equivalem ao pagamento de um salário mínimo. Pela subida do mínimo acima da inflação, os gastos também têm crescimento real.

continua depois da publicidade

Seja como for, a ideia de Tebet não é acabar com o reajuste real, mas sim fazê-lo menor que o PIB. Isso envolveria um cálculo do IPCA + 1%, e sua equipe vem fazendo simulações sobre isso.

Aposentadoria pode deixar de ser calculada pelo salário mínimo?

Uma mudança como a sugerida por Tebet e Dantas poderia impactar 39 milhões de pessoas.

Na prática, isso significaria acabar com o aumento real concedido anualmente a esses benefícios, dando a eles o mesmo tratamento dispensado às aposentadorias e pensões acima do piso, que envolve a correção apenas pela inflação.

Como informado anteriormente, de acordo com aliados do presidente, a chance de Lula dar aval à ideia é remota. Uma alteração que afete os benefícios sociais do tipo, para os petistas, teria um forte impacto político, especialmente entre os mais pobres, base eleitoral do presidente e do PT.

Atualmente, o regime geral da Previdência Social é o maior gasto do orçamento primário do governo. Em 2023, consumiu R$ 899 bilhões, o que equivale a 42,3% das despesas primárias da União.

Também é importante ter em mente que mais de 60% dos benefícios previdenciários tem o valor de um salário mínimo. Isso significa que, sempre que o piso tem um aumento real, os pagamentos sobrem na mesma proporção.

Leia também

Concursos em sua
cidade