Existe uma discussão antiga sobre a matemática. Há quem defenda que esta ciência é apenas mais uma invenção e há quem diga que é uma descoberta (ainda inacabada) da humanidade.
A matemática é fundamental para quase tudo em nosso mundo moderno, desde a tecnologia que usamos, como computadores e celulares, até nossa compreensão da biologia humana e do cosmos.
Essa é a razão pela qual muitos grandes pensadores ao longo da história têm se dedicado a entender a sua origem.
Como surgiu o debate sobre a origem da matemática?
Os antigos gregos como os pitagóricos e Platão viam os números como entidades vivas e fundamentais para a criação do universo.
Além disso, Euclides de Alexandria, conhecido como o pai da geometria, acreditava que as leis matemáticas eram a própria essência da natureza.
No entanto, há quem argumente que os algarismos e as equações são simplesmente construções da mente humana, sem existência física própria.
Para eles, a matemática é apenas uma linguagem inventada para descrever relações abstratas, útil para organizar o caos do mundo.
Essa visão, representada por figuras como Leopold Kronecker, sugere que os números naturais são uma criação divina, enquanto todo o resto é uma invenção humana.
A matemática foi descoberta ou inventada?
A ciência do raciocício lógico e abstrato tem suas raízes antigas. Nesse sentido, registros históricos mostram que os egípcios e os babilônios foram pioneiros na escrita de técnicas matemáticas.
Além disso, figuras como Tales de Mileto, Pitágoras e outros filósofos contribuíram e muito para esta disciplina na Grécia antiga.
Desse modo, a matemática evoluiu ao longo de séculos e em várias culturas, tornando difícil identificar um único inventor.
Assim, a hipótese mais aceita, segundo alguns estudos, é que a matemática não é uma invenção, assim como as descobertas científicas e as leis não são consideradas invenções.
Um dos argumentos mais usados para sustentar isso é a presença desta ciência na natureza.
A matemática na natureza
No mundo natural, encontramos exemplos intrigantes, como os favos de mel hexagonais das colmeias.
A “conjectura do favo de mel”, provada por Thomas Hales em 1999, explica como as abelhas os constroem para maximizar o espaço de armazenamento usando menos material.
Além disso, as cigarras têm ciclos de vida que coincidem com números primos, como 13 e 17, o que pode ser uma estratégia evolutiva para evitar predadores com ciclos de vida diferentes.
Ainda, podemos encontrar exemplos infinitos de padrões matemáticos na natureza, como as formas fractais das couves-flores, folhas de samambaia e galáxias espirais.
A presença de números de Fibonacci em sementes de girassol e conchas de náutilos também demonstra como esta ciência está presente em todos os lugares, não apenas para os humanos, mas também para outros seres e fenômenos naturais.
Correntes contrárias a este pensamento
Porém, algumas correntes discordam disso. Os antiplatônicos acreditam na segunda opção, considerando a matemática uma invenção humana que descreve o mundo físico.
Para eles, a mente humana constantemente cria novos conceitos matemáticos para atender às nossas necessidades, e se o universo desaparecesse, todas as ideias inventadas, incluindo a matemática, também desapareceriam.
Um dos argumentos a favor disso é o fato de que a Matemática é convencional e arbitrária, ou seja, ela depende de escolhas e definições que nós fazemos, e que poderiam ser diferentes.
Nesse contexto, temos a geometria não euclidiana, que foi criada por matemáticos do século XIX, como o russo Nikolai Lobachevsky e o húngaro János Bolyai.
Ela é baseada em axiomas diferentes dos da geometria euclidiana, que é a mais tradicional e familiar.
Por exemplo, na geometria euclidiana, dado um ponto e uma reta, existe uma única reta paralela à primeira que passa pelo ponto.
Já na geometria não euclidiana, podem existir infinitas retas paralelas, ou nenhuma.
Esse modelo parece contradizer o senso comum e a experiência cotidiana, mas ela é perfeitamente consistente e lógica, e tem aplicações em áreas como a astronomia e a física.