A origem dos dinossauros ganhou um novo capítulo intrigante. Um estudo recente publicado na revista Current Biology sugere que eles podem ter surgido em regiões tropicais, contrariando teorias anteriores.
O Deserto do Saara e partes do Brasil aparecem como possíveis berços dessas criaturas. As descobertas desafiam ideias estabelecidas e abrem novas perspectivas para entender como e onde esses animais evoluíram.
Onde surgiram os dinossauros?
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Estudo traz importantes contribuições para o tema, que podem mudar a nossa percepção sobre a vida na Terra. Foto: Reprodução / Pixabay
A pesquisa, conduzida por cientistas da University College London, indica que os dinossauros podem ter surgido em áreas que faziam parte do antigo supercontinente Gondwana, hoje divididas entre a América do Sul e a África.
Gondwana, que já cobriu cerca de dois terços dos continentes atuais, englobava territórios da América do Sul, África, Antártida, Austrália, Nova Zelândia, Península Arábica e o subcontinente indiano.
De acordo com o estudo, os dinossauros, juntamente com outros répteis, originaram-se nas regiões de baixa latitude de Gondwana, em áreas que atualmente conhecemos como Deserto do Saara e Floresta Amazônica.
Posteriormente, expandiram-se para o sul e para o norte, alcançando a Laurásia, outro supercontinente que mais tarde se fragmentou na Europa, Ásia e América do Norte.
Adaptações climáticas
O professor Philip Mannion, coautor da investigação, destacou que os primeiros dinossauros provavelmente estavam bem adaptados a climas quentes e áridos.
Entre os três principais grupos de dinossauros, os saurópodes, como o Diplodocus e o Brontosaurus, permaneceram em regiões quentes e de baixa latitude.
Já os terópodes e os ornitísquios desenvolveram a capacidade de gerar calor corporal, o que lhes permitiu colonizar áreas mais frias, incluindo as regiões polares.
Como eram os primeiros dinossauros?
No estudo, os autores apresentam uma nova hipótese sugerindo que, em seus primórdios, os dinossauros eram menos numerosos em comparação com outros répteis, como os pseudossúquios — ancestrais dos crocodilos, que incluíam espécies de até 10 metros de comprimento — e os pterossauros.
Ao contrário da imagem popular de dinossauros gigantes, os primeiros exemplares eram pequenos, semelhantes a galinhas ou cães, bípedes e provavelmente onívoros.
Eles só se tornaram dominantes após erupções vulcânicas ocorridas há 201 milhões de anos, que dizimaram muitas espécies de répteis concorrentes, conforme destacado no artigo.
Como o estudo foi feito?
Os pesquisadores testaram três possíveis “árvores evolutivas” para entender como os dinossauros se relacionavam entre si no início de sua história.
Eles compararam essas hipóteses com dados geológicos, analisando como montanhas, oceanos e mudanças climáticas na Pangeia (o supercontinente antigo) poderiam ter afetado sua dispersão.
Além disso, inovaram ao tratar regiões sem fósseis como áreas com espécies ainda não descobertas, em vez de considerar que os dinossauros nunca estiveram lá. Nesse sentido, o trabalho mostra que as lacunas no registro fóssil podem distorcer nossa visão da evolução.
Por exemplo, fósseis de dinossauros antigos podem estar escondidos em regiões tropicais modernas, onde condições naturais (como umidade) e falta de escavações em lugares inacessíveis dificultam sua descoberta.
Limitações
Os autores admitem que a divisão das áreas geográficas analisadas pode ter gerado distorções, já que algumas regiões são maiores que outras.
Contudo, afirmam que a preservação fóssil geralmente ocorre em depósitos concentrados, independente do tamanho da área, e que a qualidade da amostragem não está necessariamente relacionada à área.
O estudo também não conseguiu explicar totalmente a diferença na intensidade da amostragem entre áreas com poucos e muitos registros fósseis.