Núcleo da Terra pode estar mudando misteriosamente de formato, aponta estudo

A superfície do núcleo interno da Terra pode estar mudando, segundo um novo estudo realizado por cientistas da Universidade do Sul da Califórnia (USC).

O núcleo da Terra, localizado a mais de 5.000 quilômetros de profundidade, é uma das regiões mais difíceis de estudar devido à sua inacessibilidade.

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Tradicionalmente, os cientistas acreditavam que essa camada não sofria transformações significativas. Porém, estudos recentes indicam que ela pode estar passando por mudanças em sua forma e padrão de rotação.

Essas alterações, ainda pouco compreendidas, podem influenciar fenômenos como a duração dos dias e outros processos geofísicos essenciais para o planeta.

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O que está acontecendo com o núcleo da Terra?

Qual é a função do núcleo da Terra, o que a NASA fala sobre o núcleo da Terra, o que pode acontecer se o núcleo da Terra parar, por que o núcleo da Terra desacelerou.

Estudos apontam que houve mudanças, tanto na rotação quanto na estrutura do núcleo interno da Terra. Foto: Reprodução / Pixabay

O núcleo da Terra é uma região dinâmica e complexa, composta principalmente de ferro em altas temperaturas. Estudos recentes realizados por cientistas da Universidade do Sul da Califórnia (USC), baseados na análise de ondas sísmicas, mostram que ele não é uniforme e está em constante mudança.

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Entre as descobertas, está a confirmação de que o núcleo gira em velocidades variáveis, cresce e muda de forma ao longo do tempo. Além disso, há indícios de que ele pode abrigar processos geológicos semelhantes aos da superfície, como vulcões e deslizamentos.

Apesar de ser inacessível diretamente, o núcleo é essencial para a vida na Terra, pois gera o campo magnético que nos protege de radiações cósmicas. Tudo o que sabemos sobre ele vem de métodos indiretos, como a observação de ondas sísmicas que atravessam o planeta.

Essas ondas fornecem informações sobre a estrutura e o comportamento do núcleo, permitindo que os cientistas construam modelos sobre seu funcionamento.

Em 2024, uma pesquisa revelou que o núcleo está desacelerando seu movimento, o que pode influenciar a duração dos dias e o movimento das placas tectônicas.

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Agora, uma nova investigação concluiu que sua forma também mudou nas últimas duas décadas. Essas descobertas desafiam a ideia de que o núcleo é estático, mostrando que ele pode passar por múltiplas transformações simultaneamente.

Dados de ondas sísmicas

O sismólogo John Vidale, que liderou ambos os estudos, analisou dados de 168 pares de terremotos ocorridos entre 1991 e 2023 nas Ilhas Sandwich do Sul, localizadas entre a Argentina e a Antártida.

As ondas sísmicas geradas por esses terremotos viajaram do polo sul até o Alasca, passando pelo núcleo da Terra.

Durante a análise, os pesquisadores observaram que algumas dessas ondas, ao atingirem as bordas do núcleo, foram interrompidas por estruturas que apresentavam variações dependendo do ano em que foram registradas.

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A partir dessas observações, a equipe concluiu que o núcleo interno da Terra não é uma esfera perfeitamente regular. Em vez disso, ele passa por mudanças graduais, com áreas que se elevam ou afundam em escalas de quilômetros ao longo de alguns anos.

Essas alterações desviam as ondas sísmicas que atingem essas regiões. Vidale comparou o núcleo interno à superfície da Terra, sugerindo que pode haver processos semelhantes a vulcões ou deslizamentos de terra na fronteira entre o núcleo interno e externo.

Hipóteses sobre as mudanças no núcleo da Terra

Embora ainda não haja uma explicação definitiva para essas alterações, a equipe propôs algumas hipóteses. Uma delas sugere que essas variações estão ligadas ao ponto de fusão do ferro, que é de aproximadamente 1.500 °C.

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Nesse cenário, o material estaria em constante processo de solidificação e fusão, criando novas estruturas na interface entre o núcleo interno e externo.

Outra possibilidade é que o ferro, em estado borbulhante, seja ejetado de dentro para fora, gerando texturas na superfície do núcleo interno.

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