De lendas como Atlântida a El Dorado, sempre fomos fascinados por terras desaparecidas. Fora da ficção, cientistas da ETH Zurich e do Caltech encontraram estruturas gigantescas nas profundezas do Pacífico que desafiam o que sabemos sobre a Terra.
Essas formações misteriosas, que alteram o comportamento das ondas sísmicas, podem ser vestígios de uma terra antiga, escondida há centenas de milhões de anos. Os resultados do estudo foram divulgados no Scientific Reports.
Como os cientistas investigam o interior da Terra?
“Um ‘mundo perdido’ escondido nas profundezas do Oceano Pacífico desafia a ciência. Foto: Reprodução / Pexels
Ninguém consegue ver diretamente o interior da Terra ou perfurar profundamente o suficiente para coletar amostras do manto, a camada entre a crosta e o núcleo. Então, como os cientistas descobrem o que está lá embaixo?
Eles usam métodos indiretos, como estudar as ondas sísmicas geradas por terremotos e explosões. Essas ondas viajam pelo planeta e, ao serem captadas por estações sismográficas, revelam pistas sobre a estrutura interna da Terra.
Ao medir sua velocidade e comportamento, eles criam imagens 3D das camadas terrestres. Essa técnica, chamada de “inversão de forma de onda completa”, permite identificar anomalias, como estruturas misteriosas no manto, que desafiam o que sabemos sobre a dinâmica da Terra.
Movimento das placas tectônicas e a relação com as anomalias
A litosfera, camada mais externa da Terra, é dividida em 15 placas tectônicas que se movem sobre o manto. Ao longo das bordas dessas placas, ocorrem terremotos e atividades vulcânicas.
No passado, placas inteiras desapareceram no manto por meio da “subducção”, processo em que uma placa é empurrada para baixo de outra.
Agora, os cientistas encontraram evidências de placas subduzidas em locais inesperados, como sob o Oceano Pacífico, levantando novas questões sobre a história geológica do planeta.
Em outras palavras, a Terra está sempre em movimento: as placas tectônicas, que compõem a crosta e a parte superior do manto, deslizam sobre a astenosfera, uma camada de rocha quente e viscosa.
Esse movimento constante pode explicar parte das anomalias encontradas, já que as placas colidem, se afastam ou raspam umas nas outras, moldando a superfície do planeta ao longo de bilhões de anos.
A equipe acredita que essas anomalias podem ter várias origens, como material antigo rico em sílica ou acúmulos de rochas ricas em ferro devido a essa dinâmica das placas.
Pesquisas futuras
No futuro, os pesquisadores planejam usar técnicas mais avançadas, como a inversão de onda completa, para analisar com maior precisão as ondas sísmicas que passam por essas estruturas.
Atualmente, as medições focam apenas na velocidade das ondas, mas a equipe quer investigar outros parâmetros, como a composição e as propriedades do material. Isso permitirá uma compreensão mais detalhada do que está causando essas anomalias e como elas se formaram.
