Outubro quebrou recordes de temperatura, sendo o mais quente já registrado globalmente pelo Sistema Copernicus da União Europeia. E novembro parece não ficar atrás. O mês começou com uma onda de calor, superando os 40°C em várias partes do Brasil.
O aumento dos termômetros tem sido resultado das mudanças climáticas combinadas com o fenômeno El Niño, fenômeno que deverá durar até abril de 2024, fazendo especialistas se perguntarem se o pior ainda está por vir.
O que é El Niño?
O El Niño ocorre, em média, a cada dois a sete anos, com uma típica duração de nove a doze meses, representando o oposto do La Niña. Esse fenômeno climático natural está associado ao aquecimento da superfície oceânica no Pacífico tropical central e oriental.
Entretanto, sua influência atual ocorre no contexto de um clima alterado devido às atividades humanas, sendo frequentemente denominado como “Super El Niño”. Como ressaltado pela Organização das Nações Unidas (ONU):
“Os efeitos desse fenômeno na temperatura global geralmente manifestam-se no ano seguinte ao seu desenvolvimento, neste caso, em 2024. No entanto, devido às altas temperaturas registradas na terra e na superfície do mar desde junho, 2023 está a caminho de se tornar o ano mais quente já registrado.”
Diante desse cenário, especialistas expressam preocupação com a possibilidade de que o próximo ano seja ainda mais quente, potencializando eventos extremos como ondas de calor, secas, chuvas torrenciais e inundações em várias regiões, com repercussões significativas.
Qual a relação do El Niño com as ondas de calor?
Como o El Niño é marcado pelo aquecimento anormal das águas superficiais do oceano, isso pode ter efeitos significativos no clima global, incluindo o aumento da temperatura em várias regiões.
Apesar disso, um estudo recente, da World Weather Attribution, destaca que a influência da mudança do clima é mais significativa do que o próprio fenômeno El Niño para a ocorrência de extremos de temperatura no Brasil.
Os pesquisadores utilizaram análises baseadas em dados e modelos climáticos para atribuir o calor extremo à mudança do clima. Eles destacam que a onda de calor do início da primavera foi pelo menos 100 vezes mais provável devido aos efeitos no clima causados pela ação humana.
Além disso, o estudo aponta que, com o aquecimento global em curso, a perspectiva é de que ondas de calor se tornem mais comuns e com extremos de temperatura cada vez maiores.
Quais os perigos das ondas de calor?
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os riscos específicos dos eventos térmicos dependem de fatores como extensão, intensidade, momento em que ocorrem, nível de aclimatação e adaptação da população local, infraestrutura, entre outros.
De qualquer forma, no âmbito clínico aumenta a incidência das principais manifestações relacionadas com a exposição a altas temperaturas, como edema (acúmulo de líquidos), síncope (desmaios), cãibras musculares, exaustão pelo calor e insolação, que pode até mesmo ser letal.
Além disso, podem surgir casos de desidratação grave, acidentes vasculares cerebrais e eventos relacionados à coagulação sanguínea. A maioria das mortes, dependendo do organismo, deve-se ao agravamento de patologias cardiopulmonares, renais ou psiquiátricas.
Tendo em conta estas consequências, é vital que as instituições se preparem para responder adequadamente aos riscos derivados das ondas de calor. Já a população deve cuidar da hidratação através da ingestão frequente de líquidos e água.
Também devemos adaptar o nosso comportamento às condições atmosféricas, evitando atividades extenuantes ou sair de casa nas horas mais quentes do dia.
Por fim, é importante garantir que o trabalho e aulas escolares sejam realizados em ambientes adequadamente climatizados. Quando surgem sintomas graves (tonturas, dores intensas, problemas respiratórios, febre alta e vômitos) é fundamental procurar atendimento médico imediato.