O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou um novo levantamento sobre qual deveria ser o salário mínimo ideal, dessa vez considerando o mês de agosto. Pela primeira vez em 10 meses, o valor calculado ficou abaixo dos R$ 6.500.
Os dados foram obtidos por meio da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, que verifica a variação no preço das cestas básicas em 17 capitais brasileiras. O estudo é realizado mensalmente e analisa o custo para arcar com as necessidades básicas de uma família de quatro pessoas.
Qual seria o salário mínimo ideal em agosto?
De acordo com a pesquisa do Dieese, no último mês, o piso nacional deveria ter sido 4,84 vezes maior do que o vigente (R$ 1.320). Para chegar ao valor, o Departamento considerou gastos com:
- alimentação;
- moradia;
- saúde;
- educação;
- vestuário;
- higiene;
- transporte;
- lazer; e
- previdência.
A partir disso, a pesquisa mostra que o salário mínimo ideal para manter uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.389,72 em agosto de 2023. Em relação ao mês de julho, houve uma redução de R$ 139,21 no valor calculado. O levantamento ainda faz comparação com o mesmo período do ano anterior.
Em agosto de 2022, o piso “deveria ter ficado em R$ 6.298,91, ou 5,20 vezes o valor vigente na época, que era R$ 1.212,00”, informa o Dieese. Apesar de a quantia total ser R$ 90,81 menor do que a nova estimada, é proporcionalmente menor considerando o reajuste do salário mínimo em 2023.
Vale ressaltar que essa é a primeira vez em 10 meses que a pesquisa do Dieese apresentou um salário mínimo ideal inferior a R$ 6,5 mil. Veja quais foram os valores calculados nesse período:
- Novembro de 2022: R$ 6.575,30;
- Dezembro de 2022: R$ 6.647,63;
- Janeiro de 2023: R$ 6.641,58;
- Fevereiro de 2023:R$ 6.547,58;
- Março de 2023: R$ 6.571,52;
- Abril de 2023: R$ 6.676,11;
- Maio de 2023: R$ 6.652,09;
- Junho de 2023: R$ 6.578,41;
- Julho de 2023: R$ 6.528,93;
- Agosto de 2023: R$ 6.389,72.
Dieese mostra redução no custo da cesta básica
Além de indicar qual seria o salário mínimo ideal em agosto, o levantamento do Dieese também mostra uma queda no preço da cesta básica em 16 das 17 capitais analisadas. De acordo com a pesquisa, a maior redução foi observada em Natal (RS), com variação de -5,29%, passando de R$ 613,64 em julho para R$ 581,18 em agosto.
As outras quatro localidades que tiveram as quedas mais importantes no último mês foram:
- Salvador (-3,39%): de R$ 596,04 para R$ 575,81;
- Fortaleza (-2,85%): de R$ 661,50 para R$ 642,68;
- João Pessoa (-2,79%): de R$ 581,31 para R$ 565,07;
- São Paulo (-2,79%): de R$ 769,95 para R$ 748,47.
Mesmo com a queda no preço médio da cesta básica no último mês, o pódio das cinco mais caras manteve as mesmas posições:
- Porto Alegre com custo de R$ 760,59;
- São Paulo com custo de R$ 748,47;
- Florianópolis com custo de R$ 743,94;
- Rio de Janeiro com custo de R$ 722,78;
- Campo Grande com custo de R$ 691,70.
Considerando o salário mínimo vigente em 2023, a quantidade de horas média que uma pessoa precisaria para comprar uma cesta básica em agosto é de 109 horas e 01 minuto, segundo o levantamento. Em comparação com julho, houve uma diminuição de 2 horas e 7 minutos.
Previsão de reajuste do salário mínimo para 2024
O governo federal já apresentou proposta para correção do piso nacional no próximo ano. De acordo com o documento entregue ao Congresso Nacional, o salário mínimo deve passar dos atuais R$ 1.320 para R$ 1.421. O aumento de R$ 101 representa uma alta de 7,65%. O cálculo considera dois fatores principais:
- Variação do Produto Interno Bruto de 2022: 2,9%; e
- Inflação de 2023, observada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC): 4,48%.
Contudo, o valor estimado ainda pode ser alterado, uma vez que o INPC só será fechado no final de 2023. A divulgação do novo piso nacional deve acontecer apenas em janeiro de 2024, quando começar a vigorar oficialmente. A mudança deve afetar cerca de 54 milhões de brasileiros, entre trabalhadores ativos, aposentados e beneficiários do seguro-desemprego.
Apesar do reajuste previsto, o salário mínimo 2024 ainda ficará bem abaixo do que seria o ideal de acordo com as pesquisas do Dieese.