“Não há qualquer pretensão de se acabar com as compras parceladas no cartão de crédito”, destaca a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) em nota publicada nesta segunda-feira (14). No mesmo dia, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu que a solução para as altas taxas de juros do crédito rotativo “não pode prejudicar o consumidor nem o comércio”. Então de onde surgiu o debate sobre o fim do pagamento parcelado sem juros?
A discussão mais recente foi retomada na semana passada, quando o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu que o parcelamento sem juros “fique um pouco mais disciplinado”. A declaração aconteceu no Senado, durante apresentação de um relatório de inflação e estabilidade financeira do Bacen:
“A gente tem um parcelado sem juros, que ajuda muito o comércio, que ajuda muito a atividade, mas que tem aumentado muito o número de parcelas, de três para cinco, para sete, para nove, para onze. Hoje, o prazo médio são 13 parcelas […]. É como se fizessem um financiamento de longo prazo sem juros”, afirmou na ocasião.
Vinda do presidente do Bacen, a declaração foi suficiente para impactar tanto consumidores como o comércio, no qual mais de 70% das compras são parceladas sem juros. A expectativa agora é pelo desdobramento da pauta. Confira a seguir em que fase estão as discussões sobre crédito rotativo e pagamento parcelado.
Como funciona o crédito rotativo?
Nem toda compra parcelada cai no crédito rotativo, mas todo rotativo surge de uma compra parcelada. Quando o cliente não paga a fatura total do cartão de crédito, o valor restante é lançado para o mês seguinte, justamente no chamado crédito rotativo.
É consenso entre especialistas que a modalidade cobra juros abusivos. As taxas que incidem sobre essa modalidade chegaram a quase 440% ao ano e 15% ao mês em junho, segundo dados do próprio Banco Central, que agora estuda maneiras de “desincentivar o parcelamento sem juros”.
“A gente tem 90 dias para apresentar uma solução, que está se encaminhando para que não tenha mais rotativo”, afirmou Campos Neto.
Pagamento parcelado sem juros vai acabar?
Não – pelo menos não nestes termos nem até o momento. Na noite da última segunda-feira (14), o ministro Fernando Haddad reiterou o prazo de três meses para que seja apresentada uma solução conjunta – isto é, até a primeira quinzena de novembro.
O grupo de trabalho que estuda possíveis mudanças no crédito rotativo é formado por representantes do próprio Ministério da Fazenda e do Banco Central, além do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) e da Febraban, que também divulgou ontem nota intitulada “parcelamento sem juros no cartão de crédito deve ser mantido”:
Reprodução: Febraban