O salário mínimo aumentou para R$ 1.320 desde o 1º de maio, Dia do Trabalhador. Esse foi o segundo aumento do ano, após o piso passar, em janeiro, de R$ 1.212 para R$ 1.302. Contudo, apesar dos reajustes, o valor segue longe de ser ideal. Essa é a conclusão de cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a partir da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (PCNBA).
O estudo leva em consideração a quantia necessária para atender às necessidades de uma família de quatro pessoas, na média dos preços de cesta básica ao redor do país. Com base nas conclusões do departamento, o salário mínimo ideal para contemplar os gastos de famílias brasileiras, pelo menos a partir de maio, deveria ser cinco vezes maior do que o atual.
Qual deveria ser o salário mínimo ideal em 2023?
A Pesquisa da Cesta Básica de Alimentos do Dieese é feita mensalmente. Entre abril e maio, o valor do conjunto de alimentos básicos diminuiu em 11 das 17 capitais onde o estudo ocorre, e quedas significativas foram registradas em Brasília (-1,90%) e Campo Grande (-1,85%), enquanto as altas vieram de Salvador (1,42%), Curitiba (1,41%) e Belém (1,37%).
Por sua vez, São Paulo é a capital onde o conjunto apresenta o maior custo (R$ 791,82). Com isso, levando em consideração a cesta mais cara, bem como a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve suprir todas as despesas de um trabalhador e sua família, só em maio deste ano, o valor do piso salarial deveria ter sido de R$ 6.652,09, ou 5,04 vezes o mínimo reajustado atual.
Vale lembrar que, quanto às despesas, é preciso incluir gastos relacionados à moradia, educação, vestuário, higiene, transporte, saúde, lazer e previdência. Um mês antes do aumento do piso, em abril, o valor necessário seria de R$ 6.676,11, ou 5,13 vezes o salário mínimo.
A cesta básica e o salário mínimo
Como informado anteriormente, a pesquisa do Departamento baseia o valor ideal do salário mínimo no das cestas básicas, de modo que seja possível determinar quanto o piso deveria valer para manter uma família de pelo menos quatro pessoas.
Esse estudo também leva em consideração o tempo de trabalho necessário para adquirir os produtos. Com o reajuste de maio, por exemplo, o tempo médio que um trabalhador precisaria para comprar todos os itens de uma cesta básica diminuiu de 114 horas e 59 minutos (abril) para 113 horas e 19 minutos (maio). Só em maio do ano passado, a jornada média seria de 120 horas e 52 minutos.
Junto disso, durante a comparação, também é feito o desconto de 7,5% da Previdência Social no valor. A pesquisa conclui que um cidadão que recebe o valor mínimo compromete, em média, 55,68% de seu rendimento mensal para que possa adquirir produtos de alimentação básica.
Sobre a PCNBA
O levantamento mensal do Dieese é divulgado desde julho de 1994, e considera o valor de 13 produtos alimentícios básicos na maioria das capitais do Brasil, junto do piso nacional e diretrizes da Constituição Federal.
Por meio dessa pesquisa, é possível conferir preços médios, o valor da cesta básica e a jornada que um trabalhador deve cumprir em qualquer uma das capitais estudadas, de modo que possa adquirir esse conjunto de produtos. Isso permite conhecer, estudar e refletir a respeito do valor da alimentação básica no Brasil, bem como fazer outras inferências a respeito das áreas que são movimentadas pela economia do trabalhador médio brasileiro.