Uma nova hipótese gira em torno da Lua e seu passado, já que agora se levanta a possibilidade de que o asteroide Kamo’oalewa (469219), que é ‘vizinho’ da Terra, seja, na verdade, um pedaço do nosso satélite. É o que propõe um novo estudo de José Daniel Castro-Cisneros, astrônomo do Departamento de Física da Universidade do Arizona.
Conforme detalhado pelo site Science Alert, o asteroide Kamo’oalewa foi descoberto em 2016 e é considerado um objeto incomum, já que sua órbita está em constante mudança, mas permanece sempre ligado à Terra.
Da mesma forma, também possui uma superfície curiosa que reflete a luz como a Lua devido aos silicatos (sais de ácido silícico) em seu solo. Além disso, entra no grupo dos 9 quase-satélites que a Terra possui, que recebem esse nome por orbitar fora do círculo de força gravitacional dominante do planeta.
Diante deste cenário, Castro-Cisneros propõe esta hipótese e agora estuda a órbita do objeto em particular para determinar se corresponde ou não a um fragmento da Lua.
Novo estudo sobre o asteroide vizinho da Terra investiga a história da Lua
“Fizemos simulações numéricas da evolução dinâmica de partículas lançadas de diferentes lugares da superfície lunar com diversas velocidades de ejeção”, detalharam os especialistas da equipe liderada por Castro-Cisneros.
Análises de crateras lunares indicam que crateras maiores que 33 quilômetros de diâmetro ocorrem aproximadamente uma vez a cada 25 milhões de anos. Esses buracos são provavelmente a fonte de material ejetado de impacto viajando a uma velocidade alta o suficiente para escapar da Lua.
Por outro lado, eles também notaram a inclinação elíptica do objeto, que é de 8°, número que foi considerado “grande” em comparação com os objetos ejetados da Lua, que ficam entre 1° e 3°. No entanto, na simulação, alguns até superaram a inclinação de Kamo’oalewa.
Apesar dessas conclusões promissoras, os especialistas alertam que estudos mais detalhados são necessários para determinar se esse asteroide é realmente um fragmento da Lua.
Atualmente, já estão a ser preparadas algumas missões que poderão ajudar nesta causa, como o nano-lander da missão chinesa Tianwen-2, que será enviado em 2025 e orbitará perto de Kamo’oalewa.
O que é um quase-satélite?
Um quase-satélite é um objeto que orbita em torno de um planeta de forma semelhante a um satélite natural, porém, sua órbita é instável o suficiente para ser considerado um satélite permanente.
Esses objetos têm um movimento elíptico ao redor do planeta, mas também estão sujeitos à influência gravitacional de outros corpos celestes, o que faz com que sua trajetória seja instável ao longo do tempo.
Além do Kamo’oalewa, outro exemplo de quase-satélite é o objeto 3753 Cruithne, que está próximo ao Sol, mas também é influenciado pela gravidade da Terra, resultando em uma trajetória complexa e indefinida. Esses corpos podem ter uma relação de ressonância orbital com o planeta, o que significa que seus caminhos se aproximam ou se cruzam periodicamente.
Apesar de não serem satélites permanentes, os quase-satélites podem permanecer próximos ao planeta por longos períodos antes de serem capturados por outro corpo celeste ou escaparem da órbita.
Por fim, são considerados fenômenos interessantes do ponto de vista astronômico e são estudados para podermos compreender melhor as dinâmicas gravitacionais e a formação do sistema solar.