Moeda única entre Brasil e Argentina é real? Veja o que o governo tem a dizer

A ideia de uma moeda única para o Mercosul remonta à década de 1990 e foi discutida em outros governos, inclusive no último, de Jair Bolsonaro (PL).

Durante sua primeira viagem internacional após assumir a presidência do país, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discutiu a criação de uma moeda comum sul-americana com Alberto Fernández, presidente da Argentina.

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Segundo uma carta conjunta assinada por Lula e Fernández, a criação de uma moeda comum é proposta para “reduzir custos operacionais” e “vulnerabilidade externa”. A visita do presidente brasileiro à Argentina será a primeira desse nível em três anos. Nesta reunião bilateral, o comércio foi um tema-chave.

A iniciativa visa facilitar os fluxos comerciais entre os dois países, que lideram o Mercosul, e oferecer essa moeda comum a outros países latino-americanos numa fase posterior. “Inicialmente não seria uma moeda de uso diário e para os cidadãos, como o euro”, diz a carta de Fernández e Lula.

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Apesar disso, o Uruguai, que junto com o Paraguai completa o Mercosul, anunciou em 2022 que negociará individualmente um acordo de livre comércio com a China, algo que as regras do acordo sul-americano proíbem.

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Substituição das moedas originais

Apesar dos rumores que o debate gerou, a criação de uma moeda única no continente latinoamericano não quer dizer que o real e o peso deixariam de existir. Inclusive, elas continuariam sendo as principais moedas de ambos os países.

“O foco inicial será em como uma nova moeda, que o Brasil sugere chamar de ‘SUR’ (em português sul), poderia impulsionar o comércio regional e reduzir a dependência do dólar americano”, disseram os presidentes na carta.

Embora este seja um anúncio importante, o ministro da Fazenda da Argentina, Sergio Massa, disse a imprensa local que é um “primeiro passo” em um longo caminho que a região deve percorrer, porque embora inicialmente se falasse em uma moeda comum entre Brasil e Argentina, o convite para ingressar no referido bloco está aberto a toda a América Latina, e esta iniciativa está projetada para durar vários anos.

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Se concretizado, cada nação que fizer parte do projeto receberá uma dotação inicial da moeda e poderá optar por manter sua moeda nacional ou substituí-la pela SUR, mantendo uma taxa de câmbio flutuante entre as moedas.

Em outras palavras, seria implementado um regime em que o valor da moeda é fixado exclusivamente pelo mercado sem qualquer intervenção das autoridades monetárias nacionais.

Moeda comum do Mercosul, uma proposta antiga

A ideia de uma moeda única para o Mercosul remonta à década de 1990 e inclui a criação de um Banco Central supranacional, embora tenha se diluído ao longo das décadas. Com o acordo Mercosul-UE, voltou a valer, principalmente devido ao perfil exportador dos sul-americanos. Assim, a proposta foi repetida várias vezes, sem que nada fosse resolvido ou avançasse além das reuniões políticas.

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Numa dessas vezes, a ideia foi discutida durante os governos de Jair Bolsonaro e Mauricio Macri, em junho de 2019. No ano passado, o atual ministro da Economia brasileiro, Fernando Haddad, em artigo também assinado por Gabriel Galipolo no jornal Folha de São Paulo, escreveu sobre “um projeto com o objetivo de promover a integração regional e fortalecer a soberania monetária da região”.

No entanto, no início de janeiro de 2023, Haddad negou a existência de uma proposta para criar uma moeda única entre os países mencionados.

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