O Romantismo surgiu na Alemanha em 1774, quando Goethe publica a obra “Os sofrimentos do jovem Wherter”, ela narra a história de um jovem que se apaixona pela noiva do melhor amigo.
Nessa obra Goethe aponta a ideia central do Romantismo como o sentimento é a força mais poderosa da vida, e não a razão. Sendo assim, o Romantismo pode ser interpretado como uma reação contra o Racionalismo. Goethe, através da sua obra apresenta os grandes temas do Romantismo na Europa, sendo eles: a liberdade de criação, o sentimentalismo, a supervalorização do amor, a idealização da mulher, o mal-do-século e a evasão no tempo e no espaço.
ROMANTISMO NO BRASIL
No início do século XIX além da situação política, a situação da cultura intelectual no Brasil era insatisfatória. Não havia universidades, tipografias ou periódicos, a instrução se limitava apenas à formação de clérigos e ao nível secundário; carente de bibliotecas e teatros. Então em 1808, fugindo do avanço das tropas napoleônicas, a família real portuguesa instala-se no Brasil.
Após tornar-se sede da Monarquia, o Brasil teve a sua homogeneidade garantida e passou a viver um processo de independência simbólica, a qual se tornou efetiva em 07 de setembro de 1822, sendo proclamada por D. Pedro I ás margens do Rio Ipiranga.
A presença do governo português no Brasil foi um marco histórico transformador do ponto de vista cultural; o Rio de Janeiro se tornou praticamente o centro do país e foco de disseminação artística e intelectual.
Após a chegada da família real portuguesa em 1808, foram permitidas as tipografias, imprimiu-se os primeiros livros, foi criada uma biblioteca pública muito importante, fundou-se escolas superiores, surgiram os primeiros jornais, entres outras mudanças.
Um aspecto importante dessa fase foi a concentração do meio cultural, através da chegada de vários homens instruídos de outros países como viajantes, cientistas, artistas, artesãos, etc.
No Brasil, o romantismo se divide em três fases, sendo elas: a fase nacionalista, a fase ultrarromântica (mal-do-século) e a fase social (condoreira).
PRIMEIRA FASE DO ROMANTISMO – NACIONALISTA
No Romantismo o indivíduo necessita fugir da realidade, pois se sente em desajuste com a sociedade. Para tanto, um dos mecanismos utilizados é o retorno ao passado, o que significa redescobrir o país antes da chegada dos europeus, quando o mesmo era habitado por indígenas, por esse motivo o índio é explorado nessa fase que também ficou conhecida como “indianismo”.
Nesta fase os românticos pregam o nacionalismo, incentivando a exaltação da natureza pátria, a volta ao passado histórico e a criação do herói nacional.
O marco inicial dessa fase foi a publicação da obra “Suspiros Poéticos e Saudades” escrita por Domingos José Gonçalves de Magalhães em 1836, que procurou criar e consolidar uma literatura nacional para o país.
Após a Proclamação da Independência os escritores dessa época buscavam temáticas que definissem a identidade nacional.
Outro marco nessa época foi a obra “Iracema” de José de Alencar. Tal obra vislumbra uma visão poética da formação do povo brasileiro. Em sua concepção o povo brasileiro é formado através da união do índio (em sua obra, representado por Iracema) e o branco europeu.
A figura do índio é idealizada nessa fase por conta do seu antepassado nacional legitimamente brasileiro. Outro tema bastante relevante nessa fase é exaltação da natureza da pátria, do qual foi escolhida como um dos símbolos da nacionalidade brasileira, como podemos vislumbrar no poema “Canção do Exílio” escrito por Gonçalves Dias, em 1843.
PRINCIPAIS AUTORES DA PRIMEIRA FASE:
- Domingo José Gonçalves de Magalhães;
- Antônio Gonçalves Dias;
- Joaquim Manuel de Macedo;
- Cassimiro de Abreu;
- Manuel Antônio de Almeida;
- José de Alencar.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA PRIMEIRA FASE:
- Exaltação da figura do índio;
- Sentimentalismo;
- Exaltação da natureza;
- Religiosidade.
SEGUNDA FASE DO ROMANTISMO – ULTRARROMÂNTICA (MAL-DO-SÉCULO)
A característica marcante da segunda fase é a evasão da realidade. A solução para os problemas existenciais dos românticos nessa fase é a morte, podendo chegar ao suicídio.
De acordo com o pensamento romântico isso acontece porque o indivíduo vive em constante conflito com a sociedade, sentindo-se como um “desajustado”.
Esse sentimento de desajuste acarreta alguns comportamentos típicos do romantismo, tais como: a dor existencial, o pessimismo, o isolamento, o sofrimento, o egocentrismo, entre outros.
PRINCIPAIS AUTORES:
- Álvares de Azevedo;
- Fagundes Varela;
- Junqueira Freire.
PRINCIPAIS CARACTERISTICAS:
- Fuga da realidade;
- Exaltação da morte;
- Visão trágica da existência.
TERCEIRA FASE DO ROMANTISMO – SOCIAL (CONDOREIRA)
Nessa fase o Brasil se encontra em outro contexto histórico e social. É a fase em que os republicanos querem exterminar a monarquia e o movimento abolicionista se destaca entre os intelectuais. A terceira fase questiona a ideologia da primeira, pois os escritores da primeira fase representam o povo brasileiro como a união do branco europeu e o índio, deixando de lado o negro.
Por esse motivo a terceira fase é conhecida como “Condoreira”, porque condor é uma ave que voa muito alto, representando então a ânsia de renovação da sociedade brasileira.
A terceira fase do romantismo tem como ícone o poeta baiano Castro Alves, que era diretamente ligado à campanha abolicionista, tema que ganha o centro das atenções da sua obra “Poeta dos Escravos”.