Roger Abdelmassih nasceu no interior de São Paulo, na cidade de São João da Boa Vista, em 3 de outubro de 1943. O ex-médico é oriundo de família libanesa e seus pais chegaram ao Brasil no período áureo das imigrações às terras brasileiras.
O médico se tornou referência nacional ao especializar-se em técnicas de fertilidade e reprodução in vitro. Tornou-se mais famoso ainda quando seu trabalho ficou conhecido entre as celebridades.
O ex-médico possui em seu currículo nomes como a jornalista Fátima Bernardes, as esposas do ex-jogador de futebol Pelé, do ex-presidente Fernando Collor, do humorista Tom Cavalcanti, entre outras.
Origem
Abdelmassih é de origem familiar modesta. Seu pai era mascate e sua mãe, dona de casa. Sua trajetória como médico inicia quando, para imenso orgulho da família, consegue passar no vestibular de medicina da Unicamp, se formando no ano de 1968.
Números de sucesso
Ao longo de 12 anos ininterruptos de trabalho, o ex-médico alcançou a incrível marca de 2.500 crianças de proveta. Esse percentual representava, à época, o equivalente a quase um terço do total de bebês que nasciam por intermédio de reprodução artificial no país. Ao todo foram, segundo relatos do próprio Abdelmassih, 20 anos de clínica dedicados à medicina reprodutiva.
Em algumas entrevistas que concedeu, o profissional sempre pareceu demonstrar imensa satisfação nos resultados positivos obtidos e, logicamente também, certa frustração quando, mesmo com todo seu conhecimento e experiência, alguns casais não conseguiam o tão desejado êxito.
Do céu ao inferno
A partir de 2009 começaram a surgir denúncias de abuso sexual contra Abdelmassih. Segundo acusações feitas por ex-pacientes, o ex-médico cometia os abusos se aproveitando principalmente dos momentos de fragilidade, ou, mesmo, inconsciência, por meio de sedação. Acredita-se até mesmo que algumas dessas mulheres tenham sido inseminadas com o próprio esperma de Abdelmassih durante as sessões.
As denúncias foram aumentando significativamente e, talvez por conta da coragem das primeiras mulheres que se dispuseram a relatar seus casos, outras acusações foram surgindo.
Após a repercussão do caso na mídia, várias outras mulheres com média de idade entre 40 e 60 anos, ex-pacientes, começaram a surgir denunciando novos abusos. Inclusive relatos que datavam desde 1968.
A princípio, Roger Abdelmassih teria negado todas as acusações, chegando até mesmo a dizer para a imprensa que o alarde para o caso tratava-se de perseguição feita, tanto por clientes insatisfeitas quanto por profissionais concorrentes.
Apesar disso, todo o material genético manipulado na clínica em que trabalhava passou a ser de caráter duvidoso, considerando a hipótese de que pudesse haver pais que “não são pais” ou, até mesmo, mães que receberam óvulos de outras doadoras.
Considerando todo o montante de denúncias, a polícia resolve interceptar todas as ligações telefônicas e mensagens de texto do médico. Segundo os próprios agentes investigativos, o que mais chamava à atenção no conteúdo obtido eram as conversas do ex-médico com seu psiquiatra.
Entre essas conversas, o médico se auto-intitulava como um “grande comedor”, afirmando ainda que o que fazia nada mais era que ceder ao assédio de suas pacientes.
Condenação e prisão
Roger Abdelmassih foi condenado em 17 de agosto de 2009, mesmo ano das denúncias. Conseguiu um Habeas corpus em dezembro e em janeiro do ano seguinte saiu do país.
O ex-médico utilizou passaporte falso e conseguiu fugir pela fronteira entre os países do Paraguai e Uruguai. Conseguiu ainda pegar um voo para o Líbano, terra de seus pais, aproveitando-se da falta de extradição existente entre o país e o Brasil.
Não foi possível provar se Abdelmassih apenas passou pelo Líbano ou se morou lá de fato. Sabe-se apenas que após sua mulher conseguir engravidar de gêmeos, o casal passou um período no Paraguai, vivendo uma vida relativamente abastada.
No total, Roger Abdelmassih foi condenado a 278 anos de prisão por 48 estupros em 37 denúncias. Após ter sido beneficiado pela justiça em, pelo menos, sete vezes, recebeu a sentença final que permitiu que cumprisse prisão domiciliar.
Atualmente o ex-médico vive com a mulher e seus filhos gêmeos em um grande apartamento localizado numa região de luxo da grande São Paulo. As inúmeras regalias concedidas por meio das “brechas” no jurídico têm levantado grande revolta, não somente entre os envolvidos, mas também por todos que acompanharam a trajetória do profissional por meio da mídia nacional.
Por Alan Lima