A prova de redação é extremamente importante para conseguir uma boa nota geral no vestibular, no Enem ou em algum tipo de concurso.
O problema é que, ainda que você tenha capacidade de compreender e interpretar textos, assim como de escrever coisas do cotidiano (e-mail, ofício, mensagem de texto), talvez fiquem algumas dúvidas em relação à redação de concurso, que deve ser produzida de uma forma específica para que, no momento da correção, você tenha uma nota alta – é bastante comum também que a redação sirva como critério de desempate entre candidatos.
Tipos de redação
As propostas de redação geralmente vêm acompanhadas de outros textos para que o candidato use como base. Depois de apresentar o tema da redação, a proposta costuma estipular qual tipo de produção textual você precisa fazer, por isso o primeiro passo para escrever uma boa redação é conhecer suas variantes.
Dissertativa
O texto dissertativo é aquele no qual o autor pode opinar sobre determinado assunto, sempre com o uso de argumentos que justifiquem seu posicionamento e sem usos de expressões como “eu acho” ou “na minha opinião”. A dissertação é uma proposta textual bastante comum em provas e concursos, então é interessante se preparar para ela.
Na hora de escrever, pense na ideia que você quer desenvolver e a separe em um texto de três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão. É muito importante respeitar essa estrutura na redação dissertativa, e falaremos sobre ela ao longo deste texto.
Descritiva
Neste tipo de texto, o autor é convidado a expor/descrever pessoas, situações, objetos, acontecimentos, lugares etc.
Por meio de uma narração bem detalhada, o texto descritivo revela a impressão do autor sobre determinado tema – essa impressão pode ser objetiva (com uma descrição simples e direta) ou subjetiva (com o uso de emoções, impressões sobre o tema).
Narrativa
A redação narrativa é aquela na qual o autor conta uma história, narra um fato. Este tipo de texto tem um enredo, uma narrativa temporal e espacial e, claro, personagens.
O narrador pode aparecer em primeira pessoa, quando é personagem da história que está contando; em terceira pessoa, quando está observando a história narrada; ou, inclusive, como narrador onisciente, que é quando produz a história como personagem e também como observador, o que significa que ele conta a história em terceira pessoa e pode interferir no texto usando a primeira pessoa.
Se você tiver dúvida na hora de compor o seu texto narrativo em uma prova, é recomendável optar pela narração em primeira ou terceira pessoa, o que evita que você se confunda ao tentar criar uma narração onisciente. Agora, se você tiver total segurança, fique à vontade: quanto mais criatividade e riqueza narrativa, melhor.
Coesão e coerência
Na hora de elaborar um texto é fundamental ter em mente os conceitos de coesão e coerência, que são a base de uma boa redação.
A coerência é aquilo que dá aspecto lógico ao texto – inclusive ao texto falado, quando alguém diz que a fala de certa pessoa “não é coerente”, ou seja, não faz sentido. Na redação escrita, a coerência é percebida e avaliada pelos corretores por meio de alguns princípios:
- Princípio da não contradição: um texto coerente é aquele que não usa ideias contraditórias (posicionar-se a favor da lei seca, por exemplo, mas depois dizer que tomar só uma cervejinha não é um problema);
- Princípio da não tautologia: na hora de construir seu texto, certifique-se de que você não está sendo redundante, repetindo a mesma ideia várias vezes;
- Princípio da relevância: é preciso se ater ao tema proposto e à abordagem da redação, evitando sempre adicionar assuntos que não têm a ver com o texto em si.
Já a coesão está relacionada aos conectivos, ou seja, aos elementos que unem as ideias do texto. Para que sua redação não seja apenas um monte de frases soltas é preciso saber usar esses conectivos, “costurando” cada ideia de modo que o texto flua da maneira adequada.
Para manter a coesão do texto, você pode usar elementos como conjunções, preposições, advérbios, pronomes e sinônimos, para citar alguns exemplos.
Na sentença: “Os alunos chegaram atrasados à reunião de formatura. Eles foram advertidos pelo orientador e se comprometeram a atender os horários estipulados daqui para frente”, temos coesão e evitamos repetições que dificultariam a leitura, como a seguir: “Os alunos chegaram atrasados à reunião de formatura. Os alunos foram advertidos pelo orientador e os alunos se comprometeram a atender os horários estipulados daqui para frente”.
Com esse exemplo dá para entender como a leitura de um texto não coeso se torna mais chata, e isso é tudo o que você não quer na hora de fazer a sua prova, não é mesmo?
Estrutura da redação
É preciso que você pense em um texto que respeite uma estrutura lógica na hora de expor as suas ideias e/ou argumentos.
Como mencionamos anteriormente, a boa redação é aquela que segue uma linha de raciocínio com:
- Introdução: use o primeiro parágrafo para apresentar o tema que será abordado em seu texto.
- Desenvolvimento: defenda argumentos ou contra-argumentos bem fundamentados em três parágrafos. É o “miolo” do texto.
- Conclusão: use o último parágrafo da sua redação para concluir/responder a ideia que foi exposta lá no primeiro parágrafo. Aqui você sintetiza as suas ideias e, dependendo do contexto, pode até sugerir uma solução para o problema que foi tratado no texto.
Redação no Enem: Exame Nacional do Ensino Médio
As propostas de redação do Enem costumam abordar questões de relevância sociopolítica, então, antes de qualquer coisa, é sempre recomendado que você leia jornais, revistas e colunas de opinião sobre temas como política nacional e internacional, saúde, educação, economia, esportes, entre outros.
Quando você tem noção dos assuntos importantes que têm gerado discussão, fica muito mais fácil conseguir conversar sobre eles e, consequentemente, escrever a respeito deles também. Então, em primeiro lugar, leia. Leia bastante.
Na prova do Enem os estudantes geralmente são convidados a fazer uma redação dissertativa, na qual devem defender uma ideia e argumentar a respeito do tema proposto, que, na maioria dos casos, é um problema social vivenciado no Brasil.
A proposta de redação do Enem vem sempre acompanhada de vários textos com trechos de publicações científicas e matérias jornalísticas, além da possibilidade de texto visual, que são charges e quadrinhos. Faça uma leitura atenta dos textos expostos, circule ideias e palavras-chave e comece a pensar em uma forma de elaborar a sua redação.
Critérios de correção
Lembre-se de que o corretor vai ler uma infinidade de textos e o seu precisa chamar a atenção de alguma maneira. Evite, portanto, uso de redundâncias, “achismos”, sentenças muito longas e, claro, facilite a vida do corretor com uma boa grafia. Se você estiver há tempos sem escrever com lápis e papel, é só treinar um pouco todos os dias.
Os critérios de avaliação levam em conta alguns aspectos importantes:
- Domínio da norma-padrão da língua escrita;
- Compreensão do tema;
- Organização dos argumentos e informações;
- Aplicação correta da lógica;
- Apresentação de uma proposta para solucionar o problema abordado no tema.
Quando alguém pode zerar a redação do Enem?
Tirar zero na redação é um pesadelo para quem se prepara para a prova, por isso você precisa ter em mente alguns cuidados. O primeiro motivo de levar um zero na nota é a fuga ao tema, não importa o quão bem você tenha escrito a redação, se acabar seguindo outro rumo e não falar sobre o tema proposto, é zero na certa. Por isso sempre leia e releia a proposta de redação.
Textos que tenham menos de sete linhas ou mais do que 30 são desclassificados por não cumprirem as definições de tamanho, então sempre conte as linhas do seu texto – os corretores consideram bons textos aqueles que têm mais de 20 linhas.
Você também não pode fazer desenhos, escrever de maneira preconceituosa, discriminatória ou criminosa. Além disso, entregar a prova em branco ou apenas com o texto em rascunho também são motivos para zerar.
Dicas para fazer uma boa redação
Só escreve bem quem lê bastante, então não tem como não dar a dica da leitura logo de cara. Quando você lê, seja jornais, livros, posts das redes sociais, seu cérebro começa a assimilar o funcionamento da estrutura textual: pontuação, coesão, coerência, figuras de linguagem, exposição de fatos e argumentos.
Procure os temas que já foram abordados em provas anteriores, faça redações em casa e peça para que alguém leia e opine (se puder ser um professor, redator ou revisor, melhor ainda).
Embora você já tenha lido alguns conteúdos sobre redação, o que é ótimo, busque reler esses mesmos materiais, principalmente se você se considera uma pessoa com dificuldades na hora de escrever. Quanto mais você entra em contato com um assunto, mais fácil assimilar o conteúdo.
Para que seu texto tenha um bom corpo, não se esqueça de usar dados, citações e referências históricas – esses elementos demonstram que você tem uma carga de conhecimento ampla e capacidade de relacionar esse conhecimento com a proposta de redação.
Dicas para o dia da prova de redação
Não é fácil manter a calma em momentos tensos, como o dia de uma prova, mas, ainda assim, há como você se preparar para conseguir dar o seu melhor.
No dia anterior à prova, alimente-se bem, descanse e durma bem também, pois é preciso que seu corpo todo esteja descansado para que você tenha disposição e energia para ter o foco necessário para fazer uma boa prova.
Evite conteúdos que despertem ansiedade, como ver matérias sobre pessoas que chegam atrasadas ou que zeraram a prova de redação. Mantenha sua mente tranquila e blindada o máximo possível.
Alimente-se bem antes da prova, leve água para a sala e, se possível, coma um chocolate ou uma porção de castanhas antes de começar a prova – isso deixará seu cérebro mais ativo e com energia.
Leia a proposta da prova, circule as palavras-chave, respire fundo e pense sempre que você tem o preparo necessário para escrever um bom texto. Faça a sua redação em um rascunho e releia o texto antes de passar para a página final. Lembre-se que o principal ponto é respeitar o tema da redação e manter a estrutura básica de introdução, desenvolvimento e conclusão. E, claro, sempre fique de olho no relógio para conseguir programar seu tempo de prova.
Os erros mais comuns em redações
Além da fuga ao tema, que é motivo para zerar na redação, muitos candidatos ainda cometem erros que, embora comuns, precisam ser evitados.
Quando você for usar uma ideia ou citação de outra pessoa, é fundamental dar os créditos a ela por meio de sentenças como “Segundo Paulo Freire, a educação, quando não é libertadora, faz com que o oprimido sonhe em se tornar opressor”. Você nunca pode escrever como se essa ideia fosse sua, pois isso significa praticar plágio, o que, inclusive, é crime.
As generalizações também são comuns em redações, por isso tenha sempre cuidado e evite utilizar termos como “todas as pessoas”, “toda instituição pública”, “no mundo todo” e qualquer outra forma de dizer que algo é generalizado. O mesmo vale para achismos e afirmações sem fundamento.
Em termos estruturais e gramaticais, alguns dos erros mais populares são:
- Uso errado ou falta da vírgula;
- Erros ortográficos;
- Falta ou repetição dos conectivos;
- Falta de detalhes na hora de propor uma solução para o problema explorado na redação;
- Falta de bons argumentos e de dados;
- Erros de acentuação.
Com todas essas dicas, você com certeza será capaz de fazer uma redação sem grande dificuldade. Não se esqueça de reler este conteúdo de tempos em tempos, de ler bastante e de treinar em casa, sempre pedindo a opinião de alguém que você considera um bom escritor.
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