Protágoras nasceu em 492 a.C em Abdera. De família modesta, começou a exercer trabalho manual, com o qual desenvolveu sua primeira invenção, a tulé (colchão ou esteira onde se transportava fardos).
Ele inventou também a embalagem de cargas, que era um método de encaixar os ramos de forma que um molho era seguro por ele mesmo, sem laço exterior.
A origem modesta favoreceu o desenvolvimento de pensamentos democráticos em Protágoras, que era amigo do líder democrático de Atenas, Péricles.
Protágoras foi um dos mais importantes sofistas, que eram pensadores críticos das tradições, do Estado, da religião e dos privilégios sociais.
Os sofistas surgiram no século V a.C, considerado o período do apogeu da civilização grega. Eles tiveram um papel político importantíssimo ao popularizar as discussões científicas e filosóficas e levar cultura ao povo.
Protágoras criou as lições públicas pagas, com as quais pretendia formar cidadãos atenienses.
Ele foi acusado de propagar o agnosticismo (doutrina filosófica que declara que o absoluto é inacessível ao conhecimento do homem) e por isso foi chamado a deixar Atenas. Ele teve suas obras queimadas em praça pública.
Protágoras morreu em 422 a.C, com 62 anos. Suas ideias influenciaram a cultura grega de sua época e posteriormente e também influencia a filosofia moderna.
Pensamento e obras de Protágoras.
Protágoras criou duas grandes obras: “As Antilogias” e “A Verdade” ou “Grande Tratado”.
Ele desenvolveu uma doutrina que possui três momentos importantes:
1. Produção de “A Antilogia”.
2. Descoberta do homem-medida.
3. Elaboração do discurso forte.
Vejamos um pouco mais sobre cada um desses momentos.
“As Antilogias”
Nessa obra, Protágoras diz que todas as questões possuem dois discursos, que são coerentes entre si e ao mesmo tempo se contradizem.
Esse pensamento de Protágoras está relacionado com o pensamento de Heráclito, que vê o real como contraditório, porém, com uma diferença, o modo de expressão dessa contradição.
Protágoras divide a contradição em uma antilogia, enquanto Heráclito trabalha a contradição interna da realidade através da supressão do verbo ser.
Nas Antilogias de Protágoras há dois domínios: o domínio visível e o invisível.
No domínio visível, são colocados problemas como: cosmologia (estudo da terra e do céu), ontologia (estudo do devir e do ser), da política (legislações diversas) e o da arte.
No domínio invisível, é tratado o problema do divino, o qual dá origem ao agnosticismo de Protágoras. Segundo ele e de acordo com os deuses, o ponto neutro entre dois discursos opostos, se confronta.
Aqui é tratado também sobre a crença e descrença.
O homem-medida
Nessa ideia, Protágoras mostra que o homem surge como uma medida que trava a balança da natureza instável e indecisa das antilogias, ao decidir um sentido.
A partir dessa ideia, Protágoras começa a desenvolver sua obra “A Verdade” e utiliza uma frase muito conhecida para começa-la: “O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são.“
O discurso forte
Protágoras entende que todo indivíduo é a medida de todas as coisas, mas que essa medida é fraca se permanecer apenas com sua opinião própria.
Para ele um discurso que não é partilhado entre os indivíduos é fraco, pois a comunicação pressupõe que ele seja comum a todos.
Com isso para o discurso pessoal ser forte é necessária a adesão de outros discursos pessoais, sendo reforçado por estes e se tornando um discurso forte.
O discurso forte traz como fundamento central, experiência política realizada na democracia, na qual as vozes são pesadas e contadas.
Isso significa que o discurso forte é uma construção coletiva. Por isso Protágoras se dedicou à educação do cidadão, que resultaria na substituição da cultura individual por uma cultura que insere os insere os indivíduos no espaço e no tempo.
É preciso esclarecer que Protágoras não defendia a igualdade de opiniões e de saberes a todos os indivíduos.
Ele dizia que os homens mais sábios sabem colocar aos outros discursos capazes de atrair sua adesão. Com isso o discurso de um só homem se torna um discurso forte.
“A Verdade”
A ideia central da filosofia de Protágoras é a afirmação de que todo o objeto é determinado pela percepção da consciência que o pensa.
Portanto, para ele o ser não está em si, ele existe através da apreensão do pensamento.
Sob essa ideia, a obra do homem superior é colocar valor, que não é algo que já existe naturalmente, ou seja, o homem vive em um mundo de valores.
E de acordo com Protágoras, o valor é dado através do discurso e que esse por sua vez, quando feito por um sábio, consegue excluir o aspecto ruim, deixando apenas o que é bom.
Para Protágoras, a utilidade é algo central em seu pensamento, pois é a utilidade, o critério que hierarquiza os diferentes valores e faz com que um valor seja preferencial a outro.
Por Simone Oliveira