Pagu

Pagu foi a primeira presa política do século XX. Escritora e poetisa, ela militava no Partido Comunista Brasileiro.

Pagu, pseudônimo de Patrícia Rehder Galvão (1910 – 1962), foi uma escritora, jornalista, desenhista, tradutora, poetisa, produtora cultural e militante política brasileira.

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De vários pseudônimos e presa diversas vezes por contrariar o governo, Pagu se comportava fora dos padrões convencionais: fumava, falava palavrão e vestia-se de forma ousada.

Filha de Thiers Galvão de França e Adélia Rehder Galvão, uma família tradicional paulista, Pagu nasceu em 9 de junho de 1910, em São João da Boa Vista. Com apenas 15 anos, iniciou sua vida jornalística ao colaborar com o Brás Jornal, assinando como Patsy.

Em 1928, se formou professora pela Escola Normal de São Paulo. Raul Bopp a apresentou, no mesmo ano, a Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral.

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Nessa época, Bopp sugeriu a criação do apelido Pagu, por achar que o nome da jovem era Patrícia Goulart. Ambos apresentaram à jovem garota o Movimento Antropófago, no qual ela fez parte.

Dois anos depois, houve um escândalo na sociedade conservadora quando Oswald se separou de Tarsila para viver com Pagu, grávida de seu primeiro filho, que recebeu o nome de Rudá de Andrade. O casamento ocorreu em um cemitério, diante do jazigo da família dele, em 5 de janeiro de 1930.

O início das polêmicas de Pagu

Ainda em 1930, Pagu viajou para um festival de poesias, em Montevidéu, onde conheceu Luís Carlos Prestes. Bastante animada com as ideias marxistas, a jovem escritora retornou ao Brasil e se filiou ao Partido Comunista Brasileiro.

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Engajada em suas atividades no Partido Comunista, Pagu escreveu a seção “A Mulher do Povo” no jornal “O Homem do Povo”, fundado por ela e por Oswald de Andrade.

Suas postagens foram consideradas polêmicas, uma vez que o jornal apoiava a esquerda revolucionária. Com isso, os materiais da redação foram destruídos por estudantes da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.

Nessa mesma época, Pagu foi presa no mês de agosto, após um estivador negro morrer em seus braços, assassinado pela polícia. O caso ocorreu durante um comício em homenagem a Sacco e Vanzetti.

Mais tarde, escreveu “Parque Industrial”, um romance sobre o proletariado brasileiro, financiado por Oswald e sob o pseudônimo de Mara Lobo.

Fez várias viagens pelo mundo, como correspondente de jornais. Conheceu o último imperador Pu-Yi, de quem recebeu, na Mandchuria, as sementes de soja que iniciariam a cultura do cereal no Brasil.

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Em 1935, filiada ao Partido Comunista na França e usando o pseudônimo de Léonie para o jornal L’Avant Garde, Pagu foi presa e quase deportada para a Alemanha nazista, mas salva pelo embaixador brasileiro Souza Dantas.

Ao retornar ao Brasil, separou-se de Oswald de Andrade. Continuou com suas atividades jornalísticas, que culminaram na prisão e tortura a Pagu durante a ditadura de Getúlio Vargas.

Do comunismo ao socialismo

Cinco anos depois, Pagu foi libertada, rompeu com o Partido Comunista e se casou com Geraldo Ferraz, com quem teve um filho, Geraldo Galvão Ferraz.

Passou a integrar a redação “A Vanguarda Socialista”, fundado por Mário Pedrosa e se candidatou ao cargo de deputada estadual em São Paulo, pelo Partido Socialista Brasileiro.

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Usou muitos pseudônimos para publicar suas crônicas, contos policiais e colunas, dentre eles: Patsy, Mara Lobo, Léonie, Ariel, Gim e King Shelter.

Em 1952, passou a frequentar a Escola de Arte Dramática em São Paulo. Incentivou o teatro e seus espetáculos, fundou a Associação dos Jornalistas Profissionais e criou a União do Teatro Amador de Santos.

Morte de Pagu

Sem sucesso no tratamento de um câncer em Paris, Pagu tentou o suicídio. Sua última publicação foi o poema “Nothing”, no jornal A Tribuna.

Pagu faleceu em 12 de dezembro de 1962, na cidade de Santos, São Paulo.

Por Vania Ferreira

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