Há diversas representações do mito da fênix nas culturas Ocidental e Oriental. Quais são as diferenças e semelhanças entre essas versões? O que o mito representa em cada uma delas? Há alguma comprovação de que a ave fênix realmente existiu?
Acredita-se que a lenda da fênix tenha suas origens nas crenças egípcias a respeito do sol, o qual era considerado um deus que diariamente “nascia” ao começo e “morria” ao fim do dia, sempre preservando seu brilho e força singulares.
Mitologia egípcia
No Egito Antigo, a representação da fênix era chamada de Benu e tinha aparência semelhante à de uma garça.
Ao sentir que se aproximava o fim dos seus dias, o pássaro juntava ramos de mirra, canela e sálvia para fazer um ninho, o qual entrava em chamas devido ao sol e assim a ave era consumida pelo fogo, sendo feito um sacrifício ao deus Sol (Rá), garantindo seu renascimento algum tempo depois.
Das suas cinzas então nascia uma nova fênix, a qual levava os restos da ave morta até o Altar do deus Sol no Santuário de Heliópolis.
Acreditava-se também no poder de ressureição e imortalidade transmitido através das cinzas da fênix para os humanos. Essa crença era tão forte que um certo imperador teria desejado comer a carne da ave para se tornar imortal.
Mas, como a existência da fênix é baseada em crenças e tradições populares, encontrar um exemplar para servir de alimento foi um tanto desafiador (para não dizer impossível), de forma que o imperador acabou comendo a carne de uma ave-do-paraíso, animal de aparência próxima à uma das descrições do ser mitológico.
No entanto, ele acabou sendo assassinado poucos anos depois, deixando seu relato como exemplo do quão difundidas eram as crenças nos poderes da fênix.
Mitologia Grega
O nome “fênix” se relaciona com a cor escarlate atribuída pelos gregos à ave mitológica. Nessa versão, o pássaro é retratado de maneira semelhante a uma águia, a qual vivia na Arábia próxima a um poço e, pela manhã, banhava-se naquelas águas. Diz-se que o deus grego Apolo apreciava o seu canto, que poderia ser muito agradável pela suavidade, mas fortemente melancólico quando se aproximava o fim de sua vida.
Acredita-se até que a tristeza transmitida por seu canto era tão profunda que podia influenciar outros animais, chegando ao ponto de levá-los à morte.
Mitologia Persa
O pássaro equivalente à lenda da fênix chama-se Huma. Nessa versão, a ave entra em chamas a cada cem anos e depois renasce das próprias cinzas. Para os persas, a figura da Huma relaciona-se com a fortuna, abundância e boa sorte.
Mitologia Oriental
Na cultura chinesa, a fênix foi atribuída à família Imperial e chama-se Feng Huang ou Hou-Ou. A ave também é relacionada ao sol, à justiça e às constelações. A lenda diz que a fênix aparece raramente, apenas em momentos prósperos. Sua presença significaria paz, e seu desaparecimento, desarmonia.
A associação da figura feminina da fênix com a figura masculina do dragão é um popular símbolo relacionado ao casamento, até hoje muito presente na China.
Para os japoneses, a representação da fênix é o pássaro vermelho, um dos elementos da mitologia chinesa, chamado de Suzaku.
Além de simbolizar força e inteligência, esse ser é considerado uma das quatro criaturas lendárias responsáveis por guardar as quatro direções cósmicas.
Essas criaturas também são símbolos muito conhecidos na cultura asiática, sendo retratadas em muitos túmulos antigos com a finalidade de afastar maus espíritos.
Historiadores relacionam o mito da fênix ao comportamento de garças do Egito Antigo. No período de estiagem, a ave ia até o deserto e botava seus ovos na areia, mas depois acabava morrendo devido ao intenso sol e calor.
Porém, seus ovos eram chocados debaixo da areia e os filhotes nasciam. Apesar dessa interessante “semelhança” ao ser mitológico e mesmo depois de muitos estudos, não se chegou a nenhuma conclusão sobre a existência da fênix.
No entanto, a simbologia da ave capaz de renascer das cinzas é até hoje muito popular em todo o mundo, carregando o sentido da imortalidade, do ciclo da vida e do renascimento, além de transmitir os valores da persistência, mudança e esperança.