Messias vem de Meshiha, que em hebraico significa “O ungido”. Embora esta nomenclatura esteja diretamente ligada à ideia do redentor de Israel, tal como descrito nos escritos bíblicos, a ideia de um salvador personificado está presente desde os tempos mais remotos, e, ao contrário do que alguns podem pensar, também foi idealizado em povos de cultura politeísta (crença em mais de um deus). É possível encontrar referências ao messianismo, inclusive em registros dos caldeus e persas.
Porém no pensamento monoteísta (crença num deus único), a referência que se tem para o messianismo está ligada diretamente à história do povo hebreu e de Israel como nação. Os escritos hoje conhecidos como O Antigo Testamento da Bíblia Sagrada relatam desde seu primeiro livro, Gênesis, que haveria um, concebido de mulher, que seria responsável pela vitória de Deus contra o mal.
Messianismo Judaico
Originalmente a crença dos judeus em um messias, está basicamente em idealizar a figura de um redentor, alguém que fosse capaz de pôr fim à ordem presente de forma a inaugurar um novo reino de justiça, paz e harmonia.
Mas essa idealização pode estar ligada também a uma característica direta da essência e do vigor do povo judeu, tendo em vista toda sua trajetória e cuja consciência histórica desenhou a ideia do messias como alguém de características terrenas, de forma a levar o povo de Israel ao triunfo, estabelecendo definitivamente o reino glorioso de Davi.
A tradição judaica entende que este Messias ainda está por vir, e sua personalidade, mais do que propriamente um ser espiritual (tal como acredita, por exemplo, o Cristianismo), o Messias prometido também disporia de influência política, em partes, ditatorial, um homem com características de guerra, tal como foi sua maior referência, o Rei Davi, já mencionado acima.
O Messias Bíblico
Partindo do primeiro relato profético no livro de Gênesis (primeiro livro da Torá, também conhecido como Pentateuco), este suposto messias seria depois descrito em outros livros do Antigo testamento, reafirmando ainda mais a ideia de um salvador poderoso e soberano, cuja finalidade seria redimir o povo judeu, outrora tão perseguido, conduzindo-o novamente à Terra Prometida.
Os estudos de origem judaica para o assunto entendem que este tipo de configuração para o messianismo ocorreu no período conhecido como pós-exílico, após os judeus terem sido expulsos do antigo reino de Judá (uma das tribos de Israel) para a Babilônia através do rei Nabucodonosor, entre os anos de 597 a 586 a.C, Exatamente num período de total extinção da dinastia Davídica, e por essa razão, uma intensa sede pela restauração nacional.
O Messias do Cristianismo
A figura do Messias para o povo conhecido como cristão, foi construída através da imagem do personagem histórico, nascido na cidade de Belém, Jesus de Nazaré. Considerado pela tradição como o Cristo, filho de Deus enviado à Terra para salvação da humanidade.
Sua história foi relatada nos escritos conhecidos como Os quatro Evangelhos, escritos originalmente no idioma conhecido como Koiné, o grego helenístico. No formato da Bíblia atual, estes evangelhos correspondem aos primeiros quatro livros da parte denominada o Novo Testamento.
O Tradicionalismo cristão entende que a figura de Jesus como o Messias aguardado já era relatado desde o Antigo Testamento pelos mensageiros de Deus denominados profetas. Alguns escritos datam de mais de 700 anos a.C e conforme o entendimento da filosofia Cristã, estas profecias se cumpriram ao longo da existência de Jesus.
Alguns exemplos:
O Messias viria da linhagem de David, tribo de Judá – Livro de Gênesis;
Ele nasceria na cidade de Belém, na Judéia – Profeta Miquéias
Ele seria concebido por meio de uma mulher virgem – Profeta Isaías;
Seria ultrajado, humilhado e morto – Profeta Isaías;
Seria exaltado pelo Pai (Deus) – Livro de Salmos;
Porém, mesmo o judaísmo não acreditando na pessoa de Jesus como sendo o Messias prometido, é possível traçar certo paralelo ao considerar que o Jesus encarnado era de origem judia e que os primeiros discípulos foram formados nas imediações de Jerusalém. Portanto, com o estabelecimento do Cristianismo nos primeiros anos da chamada igreja primitiva, a veracidade dos fatos foi até as últimas instâncias, já que os registros confirmam a historicidade da pessoa de Jesus.
Mais do que isso, a vivência terrena de Jesus e sua convivência em meio aos homens, constituiria uma prova de que o próprio Deus assumira uma forma de “existência historicamente condicionada”. A partir de então, Jesus se transforma no que seria a propagação viva de uma nova forma de adoração messiânica, e até mesmo um episódio tão terrível e cruel como a sua crucificação, serviu para desenvolver um novo discurso de humanidade.
Por fim, o pensamento cristão sobre Jesus como sendo o Messias, mesmo em meio ao processo doloroso, porém triunfante no qual sua vida é desenvolvida e descrita, traz uma regeneração da esperança em meio ao mundo outrora condenado. Seu processo redentor é entendido como uma forma de livrar o mundo de todo o mal, extinguindo-se assim as dores e intempéries da vida terrena, fazendo nascer à possibilidade de um novo tempo, de felicidade eterna, num paraíso construído pelo Pai (Deus) e estabelecido através do Filho.
Mais do que propriamente definir o messianismo ligando-o a um personagem direto, o pensamento filosófico para o tema remete à características comuns aos vários segmentos religiosos, cujo arremate final desemboca no processo salvífico para um povo que aguarda o surgimento de um novo mundo.