Maniqueísmo

Saiba o que foi o maniqueísmo, filosofia religiosa e sincrética que pregava o dualismo entre o bem e o mal, inspirou outras seitas e foi considerada herética.

Maniqueísmo foi uma filosofia religiosa sincrética dualista difundida pelo profeta Maniqueu (também chamado de Mani), no século III, na Índia e no Império Persa.

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A doutrina acreditava na figura do bem e do mal relacionados a espírito e matéria, Deus e Diabo, respectivamente, e era considerada sincrética porque se tratava de uma fusão de doutrinas diferentes – cristianismo, zoroastrismo e gnosticismo.

Saiba mais neste conteúdo o significado de maniqueísmo, como era a igreja de Maniqueu e como a doutrina inspirou outras seitas heréticas.

A doutrina maniqueísta

Maniqueu acreditava que o maniqueísmo poderia substituir todas as religiões, transformando sua doutrina em algo universal e ecumênica e abordando algumas verdades das crenças cristãs, budistas e zoroastristas.

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A base do maniqueísmo é a fé na salvação a partir da gnose (conhecimento) da vida espiritual. Gnose vem da doutrina Gnosticismo, uma filosofia dualista que acredita na salvação da alma pelo espírito após a vida terrena, que segundo esses ensinamentos, é sempre perversa.

A doutrina prega que existe o bem (Deus) e o mau (Diabo), um conflito cósmico que determinaria, na morte, se o homem iria para o paraíso (caso tivesse superado a matéria) ou se renasceria em outros corpos (se o homem estivesse preso à matéria por causa dos seus pecados).

A doutrina maniqueísta, apesar de considerada herética, espalhou-se pelo Império Romano e pelo norte da África, tornou-se influente em várias religiões e esteve presente em diversas narrativas infantis e em dramas contemporâneos, tendo como base fundamental a luta do bem e do mal, e o fato de que existe uma pessoa intrinsecamente má ou intrinsecamente boa.

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O maniqueísmo e a igreja

A igreja de Mani pregava o conhecimento, a oração, o jejum, a esmola, confissão e hinos espirituais, não permitindo nenhum rito ou símbolos materiais externos. Havia 10 mandamentos que um determinado grupo da igreja cristã maniqueísta tinha obrigação de seguir. São eles:

            Não adorar ídolo;

            Não mentir, jurar, caluniar nem levantar falso testemunho;

            Não comer carne e ingerir álcool;

            Ter veneração pelas mensagens divinas;

            Manter fidelidade ao cônjuge e continência sexual durante jejuns;

            Consolar aqueles que sofrem;

            Tomar cuidado com falsos profetas;

            Não ferir, assustar ou matar animais;

            Não cometer roubo nem fraude;

            Não praticar magia e feitiçaria.

O maniqueísmo dedicou-se à atividade missionária, expandiu-se e atraiu a atenção de um jovem pagão que viria a se tornar inimigo ferrenho da doutrina: santo Agostinho, doutor da igreja cristã.

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Pensamento maniqueísta inspira seitas dualistas

O maniqueísmo foi bastante propagado, conseguindo inspirar outras seitas consideradas heréticas na Europa medieval, tais como os bogomilos, na Bulgária, e os cátaros ou albigenses, espalhados pelo sul da França (século XII) e considerados a maior heresia europeia.

O catarismo surgiu em uma época de devassidão, luxúria e corrupção política que tomavam conta da igreja católica. Foi o ápice para se instaurar e criar uma igreja alternativa.

Os cátaros repudiavam o corpo por considerar maligno e acreditavam na salvação da alma pelo espírito. Desta forma, eram contra o matrimônio, as relações sexuais, e toleravam o suicídio como meio para se libertarem do corpo maléfico.

Maniqueu: perseguição e morte

Maniqueu nasceu em 14 de abril de 216, na Babilônia (atualmente, uma região no Iraque), e acreditava ser o último profeta, depois de Adão, Buda, Zoroastro e Jesus. Ganhou proteção do soberano sassânida Sapor (Shapur I), mas foi perseguido por sacerdotes zoroastristas durante o reinado de Bahram I. O profeta foi preso em cativeiro e morreu na cidade de Gundeshapur, entre os anos de 274 e 277.

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Apesar da intensa perseguição, os maniqueístas persistiram em suas comunidades, ganhando adeptos na China até o século XIV. Depois, foi reconhecido como religião oficial no reino de Uighur, no Turquestão Oriental, entre os séculos VIII e IX, até a invasão dos mongóis, datado do século XIII.

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