A doença hoje conhecida como Hanseníase é uma patologia tão antiga quanto à própria evolução das civilizações. É possível encontrar registros desta doença em regiões da China e Índia há aproximadamente quatro mil anos.
Mais conhecida por seu antigo nome, Lepra, a Hanseníase é uma doença dermatológica infectocontagiosa causada por uma bactéria conhecida Mycobacterium leprae, ou Bacilo de Hansen. Atualmente possui este nome porque foi identificada pelo cientista Armauer Hansen, no ano de 1873.
Apesar de se tratar de uma doença de fácil contágio, a Hanseníase possui cura, desde que o paciente siga rigorosamente as etapas do tratamento, a fim de evitar sequelas definitivas. Mesmo nos dias de hoje o tratamento sendo gratuito, ainda existe um índice muito grande de alastramento da doença, principalmente em países considerados subdesenvolvidos. No ano de 2016, o Ministério da Saúde registrou em nosso país 28.000 novos casos dessa doença.
Hoje se sabe que a doença pode apresentar quatro diferentes formas clínicas: indeterminada, borderline ou dimorfa, tuberculoide e virchowiana, mas para fins terapêuticos, são considerados apenas dois tipos: Paucibacilar (com poucos bacilos) e Multibacilar (com muitos bacilos). Em ambos os casos, inicialmente a doença é tratada com antibióticos do tipo Rifampicina e pode durar de 6 meses a um ano, dependendo do tipo bacilar diagnosticado no paciente.
Principais Sintomas
- Manchas na pele, geralmente de cor parda ou esbranquiçadas, em alguns casos pouco visíveis;
- Alteração da temperatura na região das manchas;
- Comprometimentos dos nervos referentes ao sistema periférico;
- Dormência e perda de sensibilidade no local das manchas, podendo até mesmo levar o paciente à perda de dedos ou outras partes do corpo;
- Presença de inchaço ou caroços nas partes conhecidas do corpo conhecidas como “frias” (orelha, cotovelo, etc.);
- Alteração da musculatura das mãos, ocasionando o fenômeno conhecido como “mãos de garra”;
- Infiltrações na face.
Transmissão
A transmissão da bactéria causadora da Hanseníase ocorre por meio de convivência prolongada com um portador da doença, através de contato com saliva ou mesmo secreções nasais. Ao contrário do que se pode pensar, não existe risco de contágio ao tocar a pele de um portador da doença e atualmente estima-se que cerca de 90% da população atual possui defesas naturais contra esta doença.
É interessante observar também que a forma como este mal se manifesta varia de pessoa para pessoa. A Hanseníase é uma doença que pode apresentar grande período de incubação (tempo de manifestação de sintomas), em média de 2 a 7 anos, mas existem casos de pacientes que manifestaram-na em períodos mais curtos, menos de um ano, assim como outros que demoraram mais de 10 anos para apresentar algum indício de contágio.
Uma vez havendo suspeita do contágio, o paciente deverá procurar imediatamente o sistema de saúde para diagnóstico definitivo. Primeiramente é feita a avaliação clínica dermatoneurológica, através de testes de sensibilidade, palpação dos nervos e avaliação de força motora. Havendo ainda incerteza, o médico poderá solicitar o teste conhecido como baciloscopia, que consiste na coleta de serosidade cutânea, colhida em regiões como orelha, cotovelos e lesões na pele, bem como biópsia destas lesões.
Tratamento
Atualmente o sistema público de saúde disponibiliza o tratamento conhecido como poliquimioterápico ou PQT. Este tratamento possui aval da Organização Mundial de Saúde e consiste na associação das três substâncias Rifampicina, Dapsona e Clofazimina. Esta forma de associação diminui a resistência do bacilo a medicamentos, já que utiliza três substâncias em vez de uma.
Como já foi mencionado anteriormente, Hanseníase hoje é um mal que já não assusta tanto como noutras épocas. O tratamento, embora demorado, possui extrema eficácia e cabe também ao paciente procurar se cuidar de forma a manter o procedimento até o final. Fato é que a Hanseníase ainda é uma doença que causa certo preconceito, talvez por se tratar de uma patologia tão antiga. Porém, nos dias atuais, a sociedade acadêmica busca, através das novas descobertas e tratamentos para a doença, uma forma de combater também a discriminação e estigma social que este mal e seus efeitos tanto causaram às famílias dos acometidos por ele.
Fontes:
http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/hanseniase
http://www.sbd.org.br/dermatologia/pele/doencas-e-problemas/hanseniase/9/
http://hansen.bvs.br/php/level.php?lang=pt&component=19&item=3