Filosofia cristã

Filosofia Cristã: origem e influência nas ordens religiosas

Chamou-se filosofia cristã ao movimento de forte influência que o cristianismo absorveu da Filosofia clássica grega, cujo período compreende do fim do medievo ao início da era moderna. Através da influência de muitos pensadores, filósofos da época, a partir do século V, como o bispo católico Aurélio Agostinho e mais tarde, no século XIII, com o padre Tomás de Aquino, começaram a formular o que veio a se caracterizar como essa filosofia.

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Os religiosos citados acima, mesmo sendo submetidos à rigidez ortodoxa, peculiar ao segmento católico da época, desenvolveram percepções diferentes sobre alguns pontos, principalmente comportamental no que tangia aspectos como conduta moral, ética, religiosa, frente à realidade. Dessa forma, eles mexeram profundamente com a compreensão e ações tanto da elite sacerdotal quanto a dos fiéis religiosos. Acredita-se também que as raízes teóricas mais sólidas desse movimento foram desenvolvidas com base nas obras escritas por esses pensadores: os exemplos são as Confissões (Agostinho) e a Suma teológica (Tomás de Aquino).

O movimento conhecido como cristianismo teve seu início na comunidade judaica, mas precisamente na Judeia, durante o domínio do império Romano. Pequenos núcleos de adeptos foram se desenvolvendo nas regiões mais próximas aos mares Mediterrâneo e Egeu, e fora dessa região litorânea, nas regiões da Antioquia da Síria, Antioquia da Psídia, Derbe, Listra, Icônio e Colossos.

A tradição cristã defende que as primeiras conquistas desse movimento se deram através da iniciativa daquele que ficou conhecido como o “Apóstolo Missionário”, qual seja, Paulo de Tarso (São Paulo, na tradição católica). Este era um judeu helenizado, que possuía cidadania romana e cuja história de vida, obra e missões podem ser encontradas na edição do Novo Testamento da Bíblia Sagrada, mais precisamente no livro de Atos dos Apóstolos, que conta a trajetória dos primeiros cristãos, convictos da doutrina ensinada pelos apóstolos designados por Jesus Cristo.

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Porém, considerando que os ensinamentos foram passados de forma oral ou através de fragmentos de escritos antigos, conclui-se que muito desse aprendizado foi absorvido de forma oblíqua. Dessa forma, os primeiros concílios da Igreja católica criaram um esforço visando fixar os princípios da doutrina de forma a considerarem legítimos, condenando tudo aquilo que, no plano religioso fosse contrário a ela. A construção desse processo foi de suma importância para o estabelecimento de uma unidade de doutrina cuja orientação considerava tais divergências como heresias. A partir daí o movimento passou a ter uma característica mais concisa dentro de uma “ortodoxia cristã”, de forma que, nos passos seguintes dados pela igreja primitiva, ocorreu uma absorção natural das concepções dos pensadores clássicos da Grécia Antiga, fator de importância fundamental nesse processo.

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Como dissemos, durante esse processo de formação da chamada filosofia cristã, houve grande influência da filosofia grega, defendida e adotada por Aquino e Agostinho, considerando que se tratava, muitas vezes, de pensamentos que iam de encontro ao tradicionalismo clerical da época. Assim, as obras escritas por esses primeiros pensadores cristãos, cujo viés era de pesquisa teórico-descritiva e centrada em História da Filosofia, sofreram fortes represálias por parte das ordens religiosas mais conservadoras.

O próprio Tomás de Aquino, por exemplo, ao trazer um conceito mais racional sobre a doutrina do livre arbítrio, foi atacado de forma veemente pela ordem franciscana. Mas, em contrapartida, seu pensamento seria absorvido e praticado pela recém fundada ordem Companhia de Jesus, em plena Reforma católica do século XVI.

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Para sermos didáticos, podemos elencar as principais doutrinas que compunham o pensamento filosófico-cristão da seguinte forma:

  • Há separação entre material-corporal e espiritual-corporal;
  • Deus e o mundo material são separados;
  • Deus se manifesta em três pessoas distintas, a Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo);
  • O Pai é considerado o Ser do mundo, o Filho é a alma do mundo e o Espírito Santo a inteligência;
  • Há no mundo anjos, arcanjos, serafins e um reino espiritual;
  • A alma humana participa da divindade;
  • A Providência divina governa todas as coisas;
  • Para ser perfeito, o homem precisa entregar-se à Providência divina e abandonar os impulsos carnais;
  • É preciso crer em Cristo para ser santificado;
  • O mal é demônio;
  • O mal age sobre a matéria, a carne, o mundo e o homem;

A filosofia cristã foi considerada um marco para o desenvolvimento da filosofia medieval. Além de Agostinho e Tomás de Aquino, outros pensadores haviam se dedicado à revisão da cultura clássica (greco-romana), considerando que havia ainda muita influência do paganismo na Europa e regiões vizinhas e por isso, foi adotada como um princípio estrategista para o combate desse mal.

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À proporção em que a igreja se tornava a instituição mais poderosa do ocidente, a filosofia cristã, tanto de Agostinho como de seus sucessores, tomava forma, definindo a cultura de seu respectivo tempo. Mesmo tendo consciência que a educação atual é de característica laica, mesmo em escolas de administração religiosa, entende-se que as teorias filosófico-cristãs destes pensadores modernos são absolutamente passíveis de diálogo com concepções pedagógicas contemporâneas.

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