Enéas Carneiro

Enéas Carneiro foi um médico cardiologista e professor de medicina de origem brasileira, cujas vertentes de pensamento nacionalista e patriótico o levaram a tentar carreira política no final da década de 90.

Enéas Ferreira Carneiro nasceu em 5 de novembro de 1938, na cidade de Rio Branco, capital do Acre, região Norte do Brasil. Antes de tentar entrar para a política, Enéas já possuía excelente carreira como professor e cardiologista. E antes de sua morte, em 2007 (considerando também que a internet não era uma força tal como hoje), não se sabia muito sobre sua vida.

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Para a mídia televisiva da época, ficou muito mais conhecido pelo jeito eloquente com que falava, pela sua aparência nada convencional para um político midiático (barbudo, magro, careca e usuário de um par de óculos com lentes grandes, “de fundo de garrafa”) e, obviamente, pelo seu bordão para o horário político “Meu nome é Enéas!!!” (sempre enunciado com muita, mas muita ênfase).

Filho de um barbeiro e uma dona de casa, vê-se órfão aos 9 anos de idade, sendo obrigado a trabalhar para sustentar a si e sua mãe. Sua brilhante carreira acadêmica começa em 1959 quando se forma terceiro-sargento em auxiliar em anestesiologia na Escola de Saúde do Exército, aprovado com o primeiro lugar em sua turma.

Um ano depois inicia seus estudos na Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro. Dois anos depois, em 1962, resolve prestar vestibular para a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (atual UERJ), sendo aprovado também em primeiro lugar no curso de licenciatura em Matemática e Física. Nesse mesmo ano, mesmo antes de se formar, já ministrava aulas para vestibulandos aspirantes ao ensino superior nesta mesma instituição.

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Em 1965 se forma na Faculdade de medicina, quando resolve pedir baixa do Exército, após 8 anos de serviço ao HCE (Hospital Central do Exército), auxiliando médicos em mais de 5.000 anestesias, feito este que lhe rendeu a medalha Marechal Hermes.

Três anos depois, em 1968, diplomou-se no curso de licenciatura em Matemática e Física e no mesmo ano fundou o curso Gradiente, pré-universitário, ocupando o cargo de diretor-presidente, onde também ministrou aulas de Matemática, Física, Química, Biologia e Língua Portuguesa.

Em 1969, já atuando como médico após ter saído do Exército, fez especialização em Cardiologia na 6ª Enfermaria da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, sendo integrado ao cargo de assistente no Serviço de Cardiologia desta instituição, mas somente 4 anos depois ingressaria no curso de mestrado em Cardiologia pela UFRJ, onde cursou de 1973 a 1975. Durante esse período já ministrava aulas de fisiologia e semiologia cardiovascular nesta mesma instituição, e nesse mesmo ano também, apresentou o que seria a primeira versão de seu famoso curso, O Eletrocardiograma.

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Um ano depois, em 1976, defendeu sua dissertação de mestrado denominado “Alentecimento de Condução AV”, recebendo o título de mestre em Cardiologia pela UFRJ. Nesse mesmo ano escreveu o livro O Eletrocardiograma, sendo publicado em 1977 e reeditado 10 anos depois. Sua publicação é hoje conhecida como um dos livros mais importantes dessa área da Medicina e foi carinhosamente apelidada por seus colegas de profissão de “A Bíblia do Enéas”. Além do grande sucesso alcançado pelo livro, o curso que fundou com mesmo nome, com sucesso no Rio de Janeiro, foi ministrado nas cidades de São Paulo (1983), Quito – Equador (1985), voltando ao Rio de Janeiro um ano depois, sendo ministrado no Copacabana Palace, com status de curso nacional.

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A carreira de Enéas como professor e médico é de indiscutível sucesso. Dotado de uma inteligência pouco comum, discursava com muita propriedade sobre todas as teses que defendia. Em muitos de seus discursos, afirmava com veemência sobre seu extremo interesse em fazer com que o Brasil se tornasse um país de economia potencial, fazendo bom uso das riquezas naturais como chave para negociações com países de primeiro mundo.

Tinha sempre o cuidado de afirmar que não era político de esquerda, nem direita, mas suas diretrizes eram baseadas na meritocracia, e na possibilidade de o país se tornar autossustentável através de um estado menor e do livre comércio. Repudiou em muitos de seus discursos o que chamava de “políticos de carreira”: aqueles que, em sua esmagadora maioria, entravam para a vida pública como um escape para os insucessos na vida fora dela. Como estudioso que sempre foi, defendia também o papel fundamental da escola e do preparo acadêmico e cultural que se deveria ter, principalmente para aqueles que se interessassem pela política.

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Enéas, ou Doutor Enéas, como ficou conhecido à época, fundou o PRONA (Partido de Reedificação da Ordem Nacional), em 1989. Foi candidato às primeiras eleições de forma direta, pós-anistia. Candidatou-se imediatamente à presidência da República.

Nessa época, o tempo de que dispunha para falar era de apenas 17 segundos. Porém, seu discurso firme, de caráter ultranacionalista, aliado à imagem incomum aos seus outros concorrentes (barba cerrada, calvo, pequena estatura), chamou a atenção da população fazendo com que o então desconhecido político se destacasse em 12º lugar entre os 21 candidatos.

Em sua segunda tentativa, em 1994, dispondo então de 1 minuto e 17 segundos para falar, conseguiu a votação mais expressiva das três eleições que disputou. Alcançando a incrível marca de 4,6 milhões de votos, desbancando grandes veteranos políticos da época, como Leonel Brizola e Orestes Quércia, ficando em terceiro lugar, perdendo apenas para Lula e FHC.

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Após o terceiro fracasso na disputa das eleições  em 1998, desistiu da candidatura à presidência, e dois anos mais tarde viria candidato à prefeitura de São Paulo. Com o somatório dos votos que conseguiu, reuniu quantidade suficiente para a eleição de sua candidata a vereadora, Havanir Nimtz.

Em 2002, candidatou-se a deputado Federal, sendo eleito com o maior percentual de votação da história para o cargo em questão, 1,57 milhão de votos, recorde este que não foi superado até os dias de hoje. Em 2004 participou efetivamente das eleições para prefeitos e vereadores, ajudando na candidatura nas cidades de Rio de Janeiro e São Paulo.

Enéas acumulou algumas ditas “polêmicas” durante a carreira política. Foi enxergado como fruto de uma democracia moderna, mas era radicalmente contra as novas políticas em defesa do aborto e da legalização das drogas. Sua excentricidade na fala, seu bordão imortalizado, “Meu nome é Enéas”, foram vistos como características de uma figura autoritária, de caráter altamente intelectual, mas que, na visão de muitos, sobrepujava um interesse real às classes mais populares.

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Em 2006, Enéas enfrenta alguns problemas de saúde. Seria acometido de leucemia mieloide aguda, aliada a pneumonia, e por essa razão resolve retirar sua barba, característica que havia tornado tão conhecido na televisão. Devido à doença, resolveu desistir da candidatura à presidência em 2006, optando por concorrer novamente à Câmara dos Deputados. Obteve a quarta maior votação no Estado de São Paulo, representando 1,90% dos votos válidos no estado. Após o primeiro período das eleições presidenciais, seu partido, o PRONA, funde-se com o PL, nascendo então o Partido da República.

Em 6 de maio de 2007, no auge de seus 68 anos, Doutor Enéas faleceu em sua casa, vítima da leucemia que lhe acometera um ano antes. O próprio havia desistido de continuar o tratamento para a doença, por entender que não haveria de surtir mais efeito. Seu corpo foi velado na manhã do dia 7 de maio, no Memorial do Carmo, e cremado na tarde do mesmo dia.

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Sua carreira acadêmica e política fez com que se tornasse uma das figuras mais emblemáticas do nosso país. Muitos críticos atuais chegaram a afirmar que ele foi “O melhor presidente que não tivemos”, e logicamente, seu legado e de seu partido, geraram muitos admiradores, cuja inspiração remete ao cenário político atual.

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