Émile Durkheim é um dos principais estudiosos da sociologia moderna. Foi a partir dos trabalhos de Durkheim, que a sociologia se tornou disciplina acadêmica.
Ele foi o fundador da escola francesa de Sociologia e acreditava que ela tinha suas leis próprias. A sociologia era considerada, por Émile Durkeim, a ciência das instituições e tinha como função responder a questionamentos colocados pelo cientificismo do século XIX na França.
Por todas as suas ideias, Émile Durkeim é considerado o pai das ciências sociais.
Nascimento e vida de Émile Durkeim
Durkeim nasceu em Épinal, França, em 1858. Ele pertencia a uma família de tradição judaica, sendo seu pai e avó rabinos, além de outros antepassados que se dedicaram ao judaísmo.
Contudo, não seguiu os passos de seus antecessores e assumiu ser agnóstico, entrando para a Escola Normal Superior em 1879. Isso lhe permitiu contato com as ideias positivistas de August Comte, que influenciaria diretamente sua forma de entender a sociedade.
O teórico então se tornou professor em Bordeaux, em 1887, sendo enviado à Alemanha, onde entra em contato com filósofos que pesquisam sobre o papel do Estado moderno.
De volta a Bordeaux, Durkheim começa a impor seus ideais intelectuais e institucionais, desenvolvendo o que foi chamado de escola durkeimiana.
Em 1898, Durkheim fundou a revista de Ciências Sociais L’Année Sociologique e, em 1902, é nomeado professor da Faculdade de Letras da Universidade de Paris.
Em relação à política, Durkheim era discreto. Fundou a Liga Francesa para a Defesa dos Direitos do Homem e desenvolveu teses socialistas-reformistas.
Na Primeira Guerra Mundial, Durkheim integra a União Sagrada, que foi um movimento de aproximação política que uniu franceses de todas as tendências, políticas ou religiosas, no início da guerra.
Ele se tornou secretário do Comitê de Estudos e de Documentação sobre a guerra.
O filho de Durkheim, André, morre em combate, em dezembro de 1916, o que o leva a uma profunda tristeza , que culminou com sua morte precoce em 1917.
Obra e contribuições de Émile Durkheim
A sociologia contemporânea deve muito ao pensamento de Durkheim. Em 1893 publicou sua tese de doutorado, que tinha o título: De la Division du Travail Social.
Nessa tese, ele trata da interação social entre os indivíduos que integram uma sociedade.
As principais ideias de Durkheim em relação à sociologia são:
1. Fatos Sociais
De acordo com Durkheim, fato social são maneiras de agir, pensar e sentir que exercem influência sobre a vida dos indivíduos, obrigando-os a se adaptarem às regras da sociedade a que pertencem.
Entretanto, nem tudo o que a pessoa faz pode ser considerado fato social, pois, há três características necessárias para ser entendido como tal: coercitividade, exterioridade e generalidade.
A coercitividade está relacionada com o poder ou força, com a qual os padrões culturais de uma sociedade se impõem aos indivíduos que fazem parte dela, obrigando esses indivíduos a cumpri-los.
A exterioridade se relaciona com as leis, padrões, sistema financeiro, entre outros, pré estabelecidos antes do nascimento do indivíduo, que vai apreendê-los através da educação ou de práticas culturais presentes na sociedade.
Na perspectiva da generalidade, os fatos sociais são coletivos, ou seja, eles não existem para um indivíduo somente, mas para toda sociedade.
Portanto, o que as pessoas sentem, pensam ou fazem, independente de suas vontades individuais, é um comportamento imposto pela sociedade.
Não é algo imposto especificamente a alguém, é algo que já estava lá antes e que continua depois e não permite escolhas.
2. Instituição Social e Anomia
Para Durkheim a instituição social é um mecanismo que organiza a sociedade. Ela é um conjunto de regras e procedimentos padronizados, reconhecidos, aceitos e aprovados pela sociedade.
A instituição social tem uma importância estratégica de manter a organização da sociedade e satisfazer as necessidades dos indivíduos que dela participam.
Instituições como a família, escola, governo, religião, polícia ou qualquer outra, sua tendência é ser contra as mudanças e pela manutenção da ordem vigente.
Durkheim acredita que essas instituições têm valor e as defende. Esse comportamento o fez ser taxado como conservador, causando a antipatia de muitos pela sua obra.
Para ele o ser humano tem necessidade de se sentir seguro, protegido e respaldado.
Em uma sociedade sem regras claras, ou seja, em estado de anomia, sem valores, sem limites leva o ser humano ao desespero. Esse desespero, fez Durkheim se dedicar ao estudo da criminalidade, do suicídio e da religião.
O contexto histórico influenciou os estudos dele. No século XIX, as instituições sociais se encontravam enfraquecidas, valores tradicionais eram rompidos e novos surgiam, havia muitos vivendo na miséria, desempregados, doentes e marginalizados.
Émile Durkheim, considerou esses problemas como patologia social, e denominou aquela sociedade doente de “Anômana”.
Para ele a anomia era a grande inimiga da sociedade, algo que devia ser superado através da sociologia. O papel do sociólogo era estudar, entender e ajudar a sociedade.
Para Durkheim, os fatos sociais atingem toda a sociedade, pois ela é um todo integrado e se tudo está interligado, qualquer mudança afeta toda a estrutura social.
3. Solidariedade Social
Émile Durkheim tra ainda o conceito de solidariedade social, que é resultado de dois tipos de consciênciaA solidariedade segundo Durkheim é oriunda de dois tipos de consciência: a coletiva (senso comum) e a individual.
Todo indivíduo tem uma consciência individual que é influenciada pela consciência coletiva, que é a combinação das consciências individuais de todos os homens ao mesmo tempo.
A consciência coletiva é a responsável pela formação de nossos valores morais, e exerce uma pressão externa sobre os indivíduos em suas escolhas.
Segundo Durkheim, o ser social é a soma da consciência individual com a consciência coletiva e a existência de uma sociedade só é possível a partir de um certo consenso entre os indivíduos que a compõe.
Esse consenso se baseia no processo de adequação da consciência individual à consciência coletiva.
Existem dois tipos de solidariedade: a mecânica e a orgânica.
Na solidariedade mecânica, os homens primitivos, se organizava socialmente a partir das semelhanças psíquicas e sociais entre os indivíduos.
Nessas sociedades, os indivíduos partilhavam dos mesmos valores sociais, crenças religiosas e no que era necessário à subsistência do grupo. Esse compartilhamento de valores é que criava a coesão social.
Na solidariedade orgânica, as sociedades modernas possuem maiordiferenciação individual e social. Nessas sociedades, cada indivíduo tem uma função e depende dos outros para sobreviver.
A Solidariedade Orgânica é consequência das diferenças sociais, pois são elas que unem os indivíduos por causa da necessidade de troca de serviços e pela sua interdependência. Os indivíduos da sociedade onde há a solidariedade orgânica, estão unidos pela divisão do trabalho social.
A importância da Educação para Durkheim
A educação é vista pelo sociólogo como um conjunto de ações exercidas pelas gerações mais velhas sobre as gerações mais novas. Ele propõe uma socialização metódica das novas gerações.
Para ele, era necessário trabalhar a pedagogia em conjunto com a sociologia. Isto porque o objetivo da escola é produzir e desenvolver na criança, determinados estados físicos, intelectuais e morais exigidos pela sociedade e que seriam aplicáveis a todos que dela fazem parte.
Por Simone Oliveira
