Eike Fuhrken Batista da Silva, ou, simplesmente, Eike Batista, é uma figura nacionalmente conhecida, principalmente pela história de vida que carrega consigo.
Ele tem uma figura forte de empresário de sucesso, que cresceu, venceu, mas também perdeu parte da fortuna que conquistou. Eike sempre pareceu demonstrar, contudo, nas inúmeras entrevistas que concedeu, ser uma pessoa deveras discreta em relação à vida pessoal.
Porém, ao mesmo tempo, nunca escondeu seu lado extravagante em relação aos gostos e gastos que o dinheiro conquistado lhe proporcionaram. Quem não se lembra, por exemplo, do carro esportivo Mercedes Mclaren que Eike mantinha na sala de estar de sua própria casa?
Breve histórico
Eike Batista é filho de pai brasileiro e mãe alemã. Nasceu em Governador Valadares, Minas Gerais, e seu pai, Eliezer Batista, presidiu por anos a antiga estatal Vale do Rio Doce. Eike passou os anos da infância e parte da adolescência no Brasil, até que precisou se mudar com a família para a Europa, por conta da carreira profissional de seu pai.
Em 1974, ainda na Europa, esboçou iniciar o curso de Engenharia Metalúrgica na Universidade Técnica de Aachen, mas não a concluiu.
Aos 18 anos e ainda morando na Europa, Eike começa a trabalhar vendendo apólices de seguro dentro da cidade onde morava. A experiência adquirida nessa parte de sua vida sempre foi relatada com muita ênfase pelo empresário como fator determinante para sua formação empresarial.
Porém, além desse fator, o empresário atribui também a sua mãe parte da personalidade que construiu ao longo do tempo, principalmente nos aspectos resiliência, disciplina e autoestima. Eike não possui nenhuma formação universitária, mas o tino empresarial já começava a despontar desde sempre.
O perfil do empresário
Nos anos 80, de volta ao Brasil, Eike Batista resolve se dedicar ao comércio de ouro e diamantes. Aproveitou-se de sua fluência em 5 idiomas para trabalhar como intermediador entre produtores da Amazônia e compradores das grandes metrópoles brasileiras e também europeias.
A compra e venda de ouro começou a despontar quando, aos 21 anos, Eike montou uma empresa chamada Autram Aurem, conseguindo acumular em 18 meses o montante equivalente a 6 milhões de dólares. Uma curiosidade sobre a referida empresa está no símbolo adotado: o sol inca, emblema que Eike passou a utilizar em todas as empresas que administrou.
Considerando um período de 8 anos de relativo sucesso, o empresário foi pioneiro na implementação da primeira planta aurífera aluvial mecanizada na região da Amazônia.
Nesse período, Eike, então com 29 anos, torna-se o principal executivo da empresa TVX Gold, iniciando não apenas a era “X” (letra usada em praticamente todas as suas empresas) como, também, a abertura de relacionamento de Eike com o mercado de capitais globais.
Num período médio de 20 anos Eike conseguiu angariar um patrimônio de 20 bilhões de dólares através da gestão de oito minas de ouro instaladas no Brasil e Canadá, e mais uma, de prata, no Chile.
Porém, nem tudo foram flores na vida do empresário. Embora seu patrimônio líquido tenha quase que triplicado entre o período de 1991 a 1996, um projeto mal-sucedido na Grécia desestabilizou o empresário. A TVX obteve um grande prejuízo pelo fato de o governo grego se recusar a licenciar a mina implantada na região.
No ano de 2001, após os seguidos insucessos, a empresa foi comprada pelo grupo Kinross Gold Corp por um montante de 875 milhões de dólares canadenses.
Além de ouro e prata, Eike investiu ainda em setores como petróleo, minérios e carvão ativado. Durante o auge de seu momento empreendedor, manteve empresas de logística e indústria naval.
Uma curiosidade sobre o empresário, considerada inclusive como superstição por alguns, é o fato de todas as empresas de Eike possuírem um “X” em suas nomenclaturas. Em uma tentativa de, talvez, desmistificar essa questão, em inúmeras entrevistas concedidas, ele mesmo disse que a letra refere-se apenas à questão de multiplicação.
Perfil pessoal
Eike Batista, apesar do perfil badalado como figura pública, sempre pareceu separar bem sua vida profissional do lado pessoal. Foi casado até 2004 com a famosa atriz global Luma de Oliveira e a relação lhes rendeu dois filhos: Thor e Olin.
Além da paixão pessoal por carros potentes e lanchas, Eike possui gostos moderados e até comuns às típicas “celebridades”: gosta de correr, nadar e praticar esportes aquáticos. Inclusive, nesta última modalidade, conquistou os campeonatos brasileiro, americano e mundial na categoria Super Power Boat Offshore, na década de 90.
Atualmente com 60 anos, Eike é casado com Flávia Sampaio, advogada e empresária que geriu, até o ano de 2012 (ano da falência), um centro de beleza e estética da EBX, uma das empresas do Grupo de Eike, localizada, à época, no bairro carioca Barra da Tijuca.
Eike réu
No dia 27 de janeiro de 2017, Eike Batista tem sua prisão preventiva decretada sob acusação de pagar propina ao então governador Sérgio Cabral: um valor estimado em cerca de 16,5 milhões de dólares.
A sentença foi decretada pelo Juiz da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro, Marcelo Bretas, num processo desenvolvido em 119 páginas. Esse processo envolve, além do empresário e o ex-governador, o ex-presidente do Flamengo, Flávio Godinho.
A trajetória de Eike descreve um período de “céu e inferno” em um curto espaço de tempo. O empresário já foi considerado “orgulho do Brasil”, sendo citado, inclusive em discursos da ex-presidente, à época em exercício, Dilma Rousseff.
Atualmente o empresário cumpre prisão domiciliar e, mesmo com todos os prejuízos acumulados durante os últimos anos, ainda possui um relativo patrimônio investido no exterior, considerando que ainda é acionista das 6 empresas restantes.
O ciclo “Batista” no Brasil se encerra na figura de um empresário emudecido, envolto em polêmicas, mas que ainda esbanja (ele e os filhos) parte do que conquistou. Alguns críticos afirmam que o Batista de hoje ainda tenta alimentar o perfil de quem um dia foi considerado “patrimônio do país”.