Para entender o que é cultura de massas, é preciso voltar no tempo, especificamente no século XV, com o surgimento da imprensa escrita criada por Gutemberg. A partir desse momento, a literatura e as informações, que antes tinham seu conhecimento restrito a uma elite, passam a chegar a um número maior de pessoas, porém, ainda de forma limitada.
É com a Revolução Francesa, que busca a liberdade de expressão e a Revolução Industrial, que faz nascer um mercado consumidor, que a cultura de massas se desenvolve, juntamente com a indústria cultural e os meios de comunicação de massa, como rádio, televisão, cinema, teatro e posteriormente a internet.
A cultura de massas não é produzida por quem a consome, o povo, mas sim por aqueles que são donos dos meios de comunicação ou os dominam e produzem uma cultura comerciável, que possa lhes ser lucrativa.
A sociedade de consumo, resultado da Revolução Industrial, é que alimenta a cultura de massas, que passa a ser feita em série, de forma industrial para o maior número de pessoas.
Essa cultura deixa de ser um instrumento de crítica, conhecimento, livre pensamento, para ser um produto vendável, padronizado de acordo com princípios gerais que orientam essa sociedade, que não tem tempo de questionar aquilo que consome e quer apenas distração e lazer, nas horas de folga de uma rotina diária de trabalho intensa e repetitiva.
A cultura de massas é um produto da indústria cultural, termo criado pelos filósofos alemães Theodor Adorno e Max Horkheimer, fundadores da escola de Frankfurt, instituto de pesquisas sociais, voltado para discussão sobre questões culturais da sociedade atual.
De acordo com Adorno e Horkheimer, a indústria cultural cria padrões de consumo e transmite notícias, fatos ou acontecimentos de acordo com seus interesses, desenvolvendo uma sociedade alienada à realidade.
Na visão do sociólogo Waldenyr Caldas, “cultura de massa consiste na produção industrial de um universo muito grande de produtos que abrange setores como a moda, o lazer no sentido mais amplo, incluindo os esportes, o cinema, a imprensa escrita, falada e televisionada, os espetáculos públicos, a literatura, enfim, um número muito grande de eventos e produtos que influenciam e caracterizam o atual estilo de vida do homem contemporâneo no meio urbano – industrial.” (CALDAS,1987, p.16).
Edgar Morin vai dizer: ”(…) a orientação consumidora destrói a autonomia e a hierarquia estética próprias da cultura cultivada. Na cultura de massa não há descontinuidade entre a arte e a vida.” (MORIN,1975,p.13). De acordo com sua visão, a cultura de massas é um sincretismo de culturas, ou seja, mistura valores, costumes e tradições diferentes, homogeneizados para que se tornem mais acessíveis ao grande público e ao mesmo tempo produtos lucrativos.
A cultura de massas é comumente confundida com cultura popular, mas são conceitos com significados totalmente diferentes.
A cultura popular se refere à cultura produzida pelo povo, são manifestações que expressam a identidade de uma comunidade, suas raízes e seus comportamentos.
A cultura de massas não representa nenhuma identidade cultural, seu objetivo principal é o lucro obtido através do consumo, pela maior parte da população, de produtos criados pela indústria cultural.
O momento histórico que marca o crescimento e força da cultura de massas é século XX, especialmente nos Estados Unidos, onde os meios de comunicação são usados para impor à população o “American way of life”, ou modo de vida americano, que traz o consumo como fonte de felicidade e status social.
A comunicação de massa foi muito usada como ferramenta de propagação de ideologias, comportamentos e doutrinas, com destaque para período entre Segunda Guerra Mundial e Guerra Fria. Após o fim desta última, a cultura de massa é vista sob novo ponto de vista, com o surgimento da Internet e globalização mundial.
Os teóricos da Escola Evolucionista – Progressista criada por Edward Shils, um sociólogo americano, defendem que a cultura de massa retrata uma sociedade com pluralidade de culturas que se interagem, tornando-as democráticas e diversificadas.
Para esses teóricos, a sociedade resultante da Revolução Industrial, é uma sociedade democrática com maior iniciativa, liberdade e desenvolvimento sociocultural e econômico, capaz de criar sua própria cultura, quebrando o monopólio da cultura feita por uma elite para o povo.
A posição da Escola Evolucionista – Progressista sobre a sociedade de massas, onde a cultura de massas se desenvolve, é definida por L. Wirth: “(…) Elas são uma entidade da época moderna, o produto da divisão do trabalho, das comunicações em massa e de um consenso, conseguido mais ou menos democraticamente.” (WIRTH,1984 In CALDAS, 1987, p.39).
São visões diferentes sobre uma cultura que evoluiu ao longo do tempo de acordo com mudanças sociais, políticas e econômicas sofridas pelas sociedades. Não há ponto de vista certo ou errado quando se fala de cultura, pois ela é algo cheio de diversidades e dinâmico.