A contracultura é um movimento de contestação sociocultural, de oposição à cultura, padrões estéticos, valores, tradições e costumes impostos pela sociedade contemporânea capitalista.
É uma forma de expressar o inconformismo com o status quo, é uma busca por mudanças através do questionamento e da crítica à sociedade atual, caracterizada pelo consumismo, individualismo e egocentrismo. A contracultura também é conhecida por cultura underground, cultura marginal e cultura alternativa.
O auge desse movimento foi na década de 1960, durante a chamada Guerra Fria, conflito ideológico entre o liberalismo econômico e democracia dos Estados Unidos e o comunismo da extinta União Soviética, que procuravam criar zonas de influência por todo o mundo, fazendo propaganda sobre qual era o melhor modo de vida.
Foi um período marcado pela corrida armamentista, que permitiu o desenvolvimento de máquinas de guerra mortíferas; corrida espacial para ver quem dominaria primeiro o espaço; conflitos armados em várias regiões do mundo; ditaduras e propagandas ideológicas.
Os conflitos ocorridos nesse período como a Guerra do Vietnã, as ditaduras que limitavam a liberdade de expressão, o estilo de vida americano marcado pelo consumismo, fizeram grupos de jovens com espírito liberal, se oporem radicalmente a valores culturais importantes para época, como o trabalho intenso e rotineiro, o patriotismo e nacionalismo excessivo, a ascensão social e estereótipos de beleza.
A contracultura tem características próprias como:
- Determinado tipo de música (reggae, punk, heavy metal, entre outras);
- Estética própria com roupas coloridas, cabelos longos e “desarrumados” e nenhuma maquiagem;
- Liberdade sexual,
- Uso de drogas liberado;
- Alimentação vegetariana;
- Pacifismo;
- Cooperativismo.
Essas características demonstram a insatisfação com as regras sociais, o desejo de liberdade dessa juventude e a crítica ao sistema capitalista norte americano e a austeridade do comunismo soviético.
A contracultura não é uma luta de classes, mas sim uma crítica contestatória aos valores morais da sociedade capitalista vigente, impulsionada pelo sentimento de frustação de uma juventude cansada de tantos conflitos, violência e individualismo que marcavam essa sociedade.
Movimentos que marcaram a contracultura.
- Beat Generation, foi um acontecimento cultural e social ocorrido nos final da década de 40 e início da década de 50, nos Estados Unidos.
Os beats eram jovens intelectuais que faziam severas críticas ao consumismo capitalista, ao anticomunismo, à falta de pensamento crítico da sociedade dominada por padrões de comportamento pré – estabelecidos e ao otimismo do pós Segunda Guerra Mundial.
Defendiam a experimentação como forma de descobrir aquilo que é ou não o melhor para cada um, sem a interferência de outras pessoas.
Contestavam as leis, considerando–as formas de controle e poder sobre as vidas das pessoas, sendo sua transgressão, uma forma de experiência de vida que poderiam ser válidas ou não.
Foi base para o desenvolvimento do movimento hippie.
- Movimento de maio de 1968, na França, foi um movimento feito por estudantes que reivindicavam mudanças no sistema educacional do país.
O movimento se espalhou e os trabalhadores das fábricas também aderiram a ele, reivindicando melhores condições de trabalho, tornando o movimento uma grande greve geral que trouxe um discurso contrário ao sistema capitalista vigente.
- Movimento hippie, nos Estados Unidos, reuniu estudantes contrários à Guerra do Vietnã e à sociedade capitalista norte- americana.
Eles defendiam uma vida em comunidade, o cooperativismo, o pacifismo e ampliação do espaço para discussão de ideias nas universidades.
O principal acontecimento que marcou o movimento hippie, foi o festival de Woodstock, em Bethel – Nova York, onde nasceu o lema “Paz e Amor”, marca registrada do movimento.
Woodstock foi marcado por música (destaque para Janis Joplin, Jimi Hendrix, Bob Marley, Jim Morrison e outros) e drogas como LSD, usadas para uma viagem interior. O LSD era a droga impulsionadora do movimento hippie.
- Tropicalismo foi um movimento de contracultura, ocorrido no Brasil na década de 1960 e tinha um caráter inovador, contestador, aberto ao novo e diferente.
A tropicália rompeu com o tradicionalismo e nacionalismo presente na música brasileira naquele momento.
O Brasil era controlado por uma ditadura repressora que limitava as formas de expressão, o que fez o movimento ter vida curta, mas suficiente para ampliar o cenário cultural e musical do país.
Seus principais representantes eram Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Os Mutantes, Rogério Duprat, Nara Leão, entre outros. Eles trouxeram para música a mistura do rock com bossa nova, com o samba, rumba, bolero e baião. O tradicional com o popular.
Adotaram a cultura hippie na vestimenta (roupas coloridíssimas), no aspecto visual (cabelos longos encaracolados ou rastafári), no comportamento e na moral.
Criticavam os padrões vigentes e romperam barreiras, aproximando o popular do erudito envolvendo também a literatura.
A contracultura buscou formas de reagir aos padrões culturais e sociais presente no mundo contemporâneo, que segundo ela oprime a sociedade, retirando dela sua liberdade de pensamento, expressão e escolha.