Freud e a construção da Psicanalise
Sigmund Freud revolucionou a psiquiatria no final do século XIX com uma série de evidencias de que possuímos uma estrutura psíquica sobre a qual não temos controle. Ela guarda nossas mais difíceis, dolorosas e insuportáveis memorias e se manifesta entrelaçada ao nosso cotidiano, em nossos discursos, esquecimentos e pequenos erros, e também nos sonhos… Freud mudou o modo como enxergamos a nós mesmos com a descoberta do inconsciente.
Enquanto sujeitos que vivem em sociedade e produzem cultura, estamos sempre em negociação com nosso aparelho psíquico, procurando de alguma forma negociar as demandas de um inconsciente que só sabe desejar e que não tem noção de tempo ou moral e as regras sociais que devemos seguir para conseguir conviver em comunidade.
O Complexo de Édipo e a constituição do sujeito
O famoso pai da psicanálise compreendeu logo no início de seus estudos que o inconsciente de pacientes neuróticos manifestava com frequência fantasias de incesto com o genitor do sexo oposto, aliadas ao ciúme e à raiva homicida voltada ao genitor de mesmo sexo. A similaridade dessas fantasias e dos afetos nelas envolvidos com o mito grego do Édipo Rei (o qual matou o pai e casou-se com a mãe sem tem prévio conhecimento de que ambos eram seus genitores) inspirou Freud a denominar o fenômeno de Complexo de Édipo.
Prosseguindo em suas pesquisas, Freud começou a observar que o complexo de édipo não seria uma prerrogativa dos neuróticos. Todo ser humano deve o seu principio a um pai e a uma mãe (ou às funções materna e paterna, como Freud costumava especificar). Esta seria a triangulação típica que constitui o cerne do conflito psíquico e da condição humana. Essa triangulação atravessa a vida inteira do sujeito e define a sua estrutura psíquica.
A teoria do Complexo de Édipo é uma das bases fundamentais da teoria psicanalítica. Trata-se de um amálgama de sentimentos e afetos com componentes de agressividade, fúria, medo, paixões, amor e ódio, provenientes de desejos sexuais em relação aos genitores de sexo oposto.
Acontece entre os 5 e 6 anos de idade e se manifesta no menino com o desejo pela mãe e ódio pelo pai (a criança percebe o pai como um rival). Por outro lado, a criança também teme ser castrada por esse pai e renuncia ao desejo pela mãe, aceitando a lei da cultura e o interdito do incesto. Temos então a instalação do complexo decastração, que marca o declínio do complexo de édipo no menino, e na menina promove a sua possibilidade de entrada no drama edípico.
Na menina, o complexo de édipo se manifesta pela descoberta de que não tem falo (pênis), o que a fará sentir-se prejudicada e com “inveja do pênis”. Quando percebe que a mãe também não tem falo, passa a desvaloriza-la e investe atenções e carinhos ao pai, detentor de falo (portanto, detentor de poder).
Vale ressaltar que a causa da inveja não é o pênis anatômico, o órgão genital, mas sim o “pênis-falo”, ou seja a representação imaginária de poder que o falo carrega.