Chorão

Saiba mais sobre a vida de um dos ícones da música popular brasileira. Chorão é considerado um dos poetas do Rock nacional contemporâneo.

Alexandre Magno Abrão, conhecido nacionalmente como Chorão, é uma das figuras contemporâneas mais emblemáticas da história musical brasileira. Um adulto de alma infantil, polêmico por seu jeito extrovertido e, muitas vezes, controverso.

continua depois da publicidade

Conhecido por sua autenticidade, aliada a um senso de opinião forte, parecia descrever em suas letras sua própria biografia. Seria possível, até mesmo dizer que, durante toda sua carreira musical, diversos “Chorões” foram se revelando em suas músicas.

Infância, adolescência e skate

Chorão nasceu na década de 70, no litoral paulistano. Sua figura representava o típico menino de classe média baixa de sua época. Era filho de mãe doméstica e pai corretor de imóveis. Sentiu na pele, desde cedo, o peso das adversidades da vida.

No período de transição entre a infância e pré-adolescência, deparou-se com o primeiro baque de ter que lidar com a separação de seus pais. Aos 14 anos, outro acontecimento desagradável: sua mãe sofrera um AVC. Talvez por conta disso, nesse mesmo período, Chorão começa a desenvolver suas primeiras manobras no skate, como uma possível tentativa de fuga da realidade.

continua depois da publicidade

O amor ao brinquedo também lhe rendeu o apelido que o eternizou: amigos pessoais relatam que o nome “Chorão” se deu por conta das inúmeras vezes que o cantor chorava toda vez que não conseguia realizar uma manobra bem-sucedida.

Problemas familiares

Porém, os constantes problemas familiares o fizeram, entre outras coisas, largar muito cedo a escola.  Chorão interrompeu os estudos ainda na sétima série (atual oitavo ano) do Fundamental.

Enquanto ainda estudava, quase sempre foi aluno de escola pública e seu desempenho nunca foi dos melhores. Durante muito tempo seu rendimento escolar baixo esteve atrelado às más companhias, até o momento em que decidiu tentar levar os estudos a sério.

Chegou, até mesmo, a tentar terminar a escola em uma instituição particular, mas sem sucesso. A vida pobre que levava, constantemente o remetia ao constrangimento de não poder fazer as provas por falta de pagamento das mensalidades. Um capítulo de sua história que Chorão relatava com imenso pesar e, consequentemente, o motivou a largar de vez os estudos.

continua depois da publicidade

Insucessos

Porém, as diversas decisões tomadas refletiam-se em inúmeros insucessos. Mais tarde, a notícia da vinda de seu primeiro filho o fez sentir na pele que precisava mesmo tomar um rumo correto em sua vida.

Tentou trabalhar com o pai na imobiliária e, depois, em outra, na cidade de Santos. Era visto como um péssimo corretor e, ainda por cima, sem sorte. Foi despedido algumas vezes por seu pai, mas sempre insistia em tentar retornar.

Em pleno auge de seus 22 anos se viu sem emprego, sem formação profissional e com a responsabilidade de sustentar seu filho. Seu pai tentava ajudá-lo de alguma forma, mas não podia fazer muito: não era uma pessoa bem-sucedida e, ainda por cima, sua ex-esposa, mãe de Chorão, ainda convalecia em sequelas do último derrame que sofrera.

continua depois da publicidade

Chorão e Charlie Brown Jr.

A história de Chorão é tipicamente rotulada como mais uma daquelas cuja temática é digna de inspiração por conta dos episódios de superação e reviravolta positivos.

O cantor e compositor sempre fez questão de salientar a força que o skate e a música tinham em sua vida pessoal e, mais tarde, profissional. Começou participando, ainda adolescente, dos campeonatos de skate, conseguindo pequenos êxitos ao longo do tempo.

Aos poucos começou a participar de campeonatos maiores, chegando a alcançar o primeiro lugar em um campeonato no Sul. Ainda não era exatamente o auge de uma carreira no esporte, mas, naquela época, o estilo de vida livre (Freestyle) parecia ser mais importante que o próprio possível futuro profissional.

continua depois da publicidade

O rascunho do que seria, mais tarde, sua banda de sucesso, começa a se desenhar no ano de 1992 em um bar santista, chamado Creperie. Chorão, àquela altura um pouco bêbado, assiste ao show da banda local e aproveita o momento em que o vocalista sai a beber água e assume o microfone.

Sua performance inusitada, mas espontânea, chamou a atenção de Champingnon:  jovem baixista, que acabara de sofrer a frustração de perder o vocalista da banda ao qual fazia parte.

Ao ver o desempenho de Chorão, Champingon o convida para assumir os vocais de sua banda ainda em amadurecimento.

Nesse ínterim, os dois músicos conheceriam ainda Renato Pelado, um experiente baterista, bastante conhecido por haver tocado em algumas bandas locais de São Paulo. Ele, mais tarde, se tornaria o baterista oficial da banda que, até aquele momento, ainda não tinha nome.

continua depois da publicidade

Chorão atribui a si mesmo a fundação e a ideia do nome da banda. Segundo palavras do próprio, a ideia surgiu quando, acidentalmente, ele esbarra numa carrocinha de água de coco com uma estampa do personagem de desenho, Charlie Brown. O nome ainda receberia um “Jr”, pois, segundo ele mesmo, representa uma ideia figurativa de “filhos do rock”.

A banda, agora em sua formação completa, começa a tocar nos circuitos underground de São Paulo, fazendo pequenos shows nos campeonatos de skate.

Começo do sucesso

 O primeiro contrato bem-sucedido rumo ao sucesso aconteceu quando a banda resolveu gravar uma fita demo e fazer contato com Rick Bonadio. Este era um produtor musical conhecido por ter revelado algumas bandas, entre elas, os Mamonas Assassinas.

continua depois da publicidade

Bonadio gosta do que ouve e resolve investir na promissora banda. O primeiro álbum então surge no ano de 1996, chamado Transpiração Contínua Prolongada. Logo no primeiro momento o disco lançou canções que, até hoje, são grandes conhecidas do público, como Proibida pra mim, O côro vai comê, e outras.

A parceria da formação original rendeu ao grupo 6 álbuns. No ano de 2005, após inúmeras brigas não solucionadas ao longo do tempo, a banda se desfaz, restando apenas Chorão como membro original.

Nova formação da banda

A nova formação rendeu à banda dois álbuns, lançados, respectivamente, em 2007 e 2009. Este último, intitulado “Camisa 10 joga bola até na chuva” foi o então décimo álbum da banda e revelou sucessos como “Só os loucos sabem” e “Me encontra”.

continua depois da publicidade

Em 2013, após algumas discussões, a banda volta com alguns membros da formação original. Entre eles, Champingnon, que além de um músico considerado talentosíssimo, era grande amigo de Chorã. Por essa razão, sentiu dolorosamente o afastamento ocorrido em 2005.

Morte

Infelizmente, no mesmo ano em que ocorreu a volta da formação original, Chorão, então com 42 anos e ainda com um álbum a terminar, é encontrado morto em seu apartamento localizado na zona Oeste de São Paulo.

A causa da morte foi atrelada ao seu constante problema com drogas, especificamente cocaína. Sua ex-esposa e alguns parentes deram, naquele período, declarações à imprensa, ratificando a ideia de que o vício de Chorão cada dia mais tomava proporções incontroláveis.

O cantor se despediu da vida muito cedo, deixando mulher e filhos, mas sua trajetória musical, até hoje, alcança inúmeras pessoas, de diversas faixas etárias e inúmeros contextos sociais.

continua depois da publicidade

Por Alan Lima

Leia também

Concursos em sua
cidade