O caso Watergate foi um dos grandes escândalos políticos de corrupção ocorridos nos Estados Unidos, que teve como resultado a renúncia do então presidente republicano Richard Nixon. O episódio teve início no ano de 1972, com a invasão do Comitê Nacional do Partido Democrata, situado no conjunto de edifícios Watergate. Após o ocorrido, jornalistas do The Washington Post deram início às investigações que culminaram no famoso incidente político.
Contexto
Em 1972, o membro do Partido Republicano Richard Nixon buscava sua reeleição como presidente dos Estados Unidos. Foi durante essa campanha eleitoral que teve início o caso Watergate.
O início do caso
No dia 17 de abril de 1972, o Comitê Nacional Democrata foi invadido por cinco homens, todos eles detidos na mesma madrugada. Segundo a polícia, os homens levavam com eles aparelhos de escuta, 2,3 mil dólares em dinheiro, pés-de-cabra, entre outros objetos.
A sofisticada tentativa de grampear o escritório para obter escutas ilegais despertou a curiosidade de dois repórteres do jornal The Washington Post. Após noticiarem a invasão aos escritórios Watergate, os jornalistas Bob Woodward e Carl Bernstein seguiram investigando o caso.
Com informações obtidas por meio de um informante chamado de “Garganta Profunda”, os jornalistas passaram a ter acesso aos relatórios das investigações realizadas pelo FBI sobre a invasão ocorrida anteriormente.
O informante, ex-funcionário do FBI, teve sua identidade revelada apenas em 2005. Ele também foi responsável por fornecer outras pistas cruciais para o processo de investigação.
Pistas importantes
Uma das pistas mais importantes dadas por Garganta Profunda foi sobre um dos membros envolvidos na invasão ao complexo de Watergate. Segundo ele, o indivíduo tinha seu nome incluído na folha de pagamentos do comitê que cuidava da reeleição de Nixon.
Seguindo as pistas do informante, o repórter Carl Bernstein encontrou um cheque no valor de 25 mil dólares depositado na conta de um dos invasores. O depósito havia sido feito pelo comitê de reeleição do presidente. Até o momento, essa era a única evidência que ligava o candidato à presidência ao caso Watergate.
Em 7 de novembro de 1972, Richard Nixon foi reeleito presidente dos Estados Unidos com uma das maiores vantagens numéricas já registradas no país.
O desenrolar do caso
O caso começa a se complicar quando dois ex-assessores de Nixon são condenados por arrombamento, formação de quadrilha e pela implantação das escutas telefônicas ilegais durante o incidente de Watergate. A condenação ocorreu em 30 de janeiro de 1973.
Já em abril do mesmo ano, H.R. Haldeman e John Ehrlichman, funcionários de alto escalão da Casa Branca, renunciaram a seus cargos, e assim também o fez o procurador-geral Richard Kleindienst.
Em 18 de maio de 1973, o Comitê do Senado para Watergate deu início a audiências televisadas a nível nacional, tendo o ex-procurador geral Archibald Cox como promotor especial.
Em depoimento, John Dean, ex-assessor jurídico da Casa Branca, afirmou aos investigadores que discutiu o encobrimento de Watergate com o presidente Nixon pelo menos 35 vezes.
O ex-secretário presidencial, Alexander Butterfield, também apresentou uma informação importante à investigação. Segundo ele, Nixon registrou todas as conversas e telefonemas em seus escritórios desde 1971.
Em 18 de julho de 1973, o presidente determinou que o sistema de gravação instalado na Casa Branca fosse desconectado. Em seguida, ele se recusou a entregar as gravações presidenciais ao Comitê do Senado para Watergate.
Após Nixon anunciar a demissão do procurador especial do caso e extinguir seu escritório, a pressão para seu impeachment surgiu no Congresso. Menos de um mês depois, em uma sessão de perguntas e respostas televisionada, o presidente afirmou não ser um criminoso.
Em uma das fitas de gravação, foi revelada uma lacuna de 18 minutos e meio. A Casa Branca não conseguiu explicá-la.
O fim do escândalo de Watergate
Mais de 1,2 mil páginas de transcrições das fitas de gravação foram liberadas pela Casa Branca em abril de 1974. Mesmo assim, o Comitê exigiu a entrega das fitas originais.
Só em 24 de julho de 1974, após a Suprema Corte determinar por unanimidade a entrega das gravações originais, as 64 fitas com conversas da Casa Branca foram entregues à Justiça.
Três dias depois, foram aprovados os três primeiros artigos de impeachment. Nixon foi acusado de obstrução de justiça.
Com a pressão, Richard Nixon renunciou a seu cargo no dia 8 de agosto de 1974, tornando-se o primeiro presidente dos Estados Unidos a fazê-lo. Entre a liberação das fitas originais e a renúncia passaram-se apenas dezesseis dias.
Gerald R. Ford, o ex-presidente, assumiu o escritório mais alto do país no lugar de Nixon. Mais tarde, Ford o perdoou por todas as acusações relacionadas ao caso Watergate.
Curiosidades
- Em 2005, o The Washington Post confirmou que W. Mark Felt, ex-integrante do FBI, era o “Garganta Profunda”. Na época, Felt estava com 91 anos e vivia como aposentado na Califórnia.
- Trinta anos após o ocorrido, em 2003, uma figura chave do escândalo afirmou que Nixon havia pessoalmente ordenado o arrombamento do Comitê Nacional Democrata no complexo Watergate.
- As transcrições de conversas telefônicas divulgadas em 2004 mostraram que o presidente Richard Nixon ameaçou, em tom de brincadeira, jogar uma bomba nuclear no Capitólio em março de 1974, quando corriam as investigações sobre o Watergate.
- Richard Milhous Nixon faleceu em 22 de abril de 1994, aos 81 anos, quatro dias após ser vítima de um acidente vascular cerebral.