Calvinismo

Movimentos eclodiram por todo o continente no final do século 16, demonstrando o descontentamento de muitos em relação às práticas realizadas pela igreja em nome da fé. Um desses movimentos reformistas foi o chamado calvinismo.

O que é calvinismo?

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Calvinismo foi um movimento de reforma iniciado pelo francês João Calvino, que era filósofo e estudante de direito. Calvino foi seguidor de Martinho Lutero e tomou como base as 95 teses criadas por ele, para desenvolver suas ideias.

Ele afirmava que era a vontade de Deus que predominava no mundo e que essa vontade divina já estava explicitada na Bíblia e que a graça divina não dependia de sacramentos ou indulgências.

As ideias de Calvino iam de encontro com o desejo da burguesia local de derrubar o seu governante, duque de Savóia, que era católico. Com apoio burguês, o calvinismo se espalhou rapidamente, porém, foi um movimento que sofreu intensa perseguição pela igreja católica.

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Características do calvinismo e visão de mundo.

Apesar de seguidor de Lutero, Calvino se diferencia dele em alguns pontos, especialmente no referente à salvação, que para Lutero era alcançada pela pessoa através de sua fé e não através da igreja. Calvino pregava que a salvação não dependia somente da fé própria, ele trata da predestinação, ou seja, o homem já nascia com destino traçado por Deus para vida eterna ou para sua condenação.

O trabalho de Max Weber em Ética protestante e o Espírito do Capitalismo traz como os calvinistas enxergavam a fé cristã através da predestinação. Segundo Weber, as ideias protestantes foram usadas como justificativa pela burguesia, para obtenção de lucros com as atividades que realizavam, mostrando que o ganho conseguido era sinal da graça de Deus e não pecado, como propagava a igreja católica que condenava essas atividades.

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Para os calvinistas, aquele que estava predestinado à salvação tinha sucesso pessoal, era bem sucedido profissionalmente, a família bem estruturada e boa saúde. Essas pessoas prósperas tinham sua salvação garantida e aqueles que não tinham prosperidade não haviam sido escolhidos por Deus  para salvação.

O calvinismo trazia uma concepção de vida com rigidez moral: o trabalho e a família deveriam ser preservados de qualquer imoralidade e o comportamento no trabalho e na família revelava o caráter da pessoa. Por isso tudo, esse comportamento humano deveria ser  irrepreensível.

Calvino questionou a liturgia da missa. Ele dizia que o sermão, a oração e a leitura da bíblia deveriam ser feitas de forma mais simples para que o povo entendesse. Essa ideia abriu caminho para tradução livre dos escritos bíblicos, que antes estavam limitados ao latim, com diferentes formas de interpretação dessas palavras.

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O uso das imagens de santos é questionado pelo calvinismo, que afirmava ser idolatria (pecado mortal para igreja católica) a veneração de imagens de barros que não tinham vida. Eles também negavam o culto à Virgem Maria e questionavam a autoridade papal.

Os jogos, danças, festas, teatros eram, para os calvinistas, algo diabólico, que feria os bons costumes, fazendo as pessoas ter atitudes imorais. Ou seja, tais práticas levariam o homem a se corromper pelo pecado e desviar do caminho traçado por Deus para sua salvação.

Calvino defende a separação entre Estado e Igreja. O Estado deve ser laico, com leis próprias que garantam um governo mais justo e igualitário nos direitos e deveres. Ele questiona o celibato do clero, defendendo o casamento de padres e bispos a fim de evitar a promiscuidade que tomou conta da igreja.

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 O calvinismo questiona a transubstanciação: Cristo não se faz presente na eucaristia de forma material, mas sim espiritualmente. Eis um ponto de grande discussão dessa doutrina.

Calvino afirmava que a certeza da salvação dependeria das ações de cada um, que mesmo sendo escolhido por Deus, a pessoa poderia perder essa graça se não seguisse uma vida moral, íntegra e de trabalho. “Se não trabalha, não merece comer”, dizia. Por outras palavras, se não realiza e prospera, não merece a salvação.

O calvinismo deu origem à igreja Presbiteriana que penetrou principalmente nos Estados Unidos, para onde vieram muitos que estavam sendo perseguidos na Europa.

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