Biografia de Anísio Teixeira

O advogado Anísio Spínola Teixeira nasceu na Bahia em 12 de julho de 1900. Confira a sua biografia e as principais características da sua obra para a Educação brasileira.

Anísio Teixeira foi advogado, escritor e educador. Nasceu na Bahia em 1900, e foi casado com Emília Ferreira Teixeira, com quem teve quatro filhos: Carlos Antônio Ferreira Teixeira, Marta Teixeira Gama Lima, Ana Cristina Teixeira Monteiro de Barros e José Maurício Ferreira Teixeira.

Era filho de um médico fazendeiro e iniciou seus estudos em colégios jesuítas. Formou-se em Direito no Rio de Janeiro, em 1922 e, dois anos após ser diplomado, iniciou atividades como inspetor-geral de ensino na Bahia.

Contexto e as motivações de Anísio Teixeira

Anísio Teixeira é considerado o principal idealizador das mudanças que ocorreram na educação do Brasil ao longo dos séculos 19 e 20, isso porque foi o pioneiro na implantação de escolas públicas com ensino integral, em todos os níveis de ensino e inteiramente gratuito.

O cenário político- econômico que Anísio Teixeira encontrou ao longo de sua atuação como educador foi de intensas desigualdades e discriminações, e isso não o impediu de lutar pelos direitos dos menos favorecidos (em termos financeiros). Ele se inspirava no filosofo Jonh Dewey e seu objetivo era democratizar a educação, tornando-a acessível a todos, deixando de ser um privilegio somente dos indivíduos com maior poder aquisitivo.

Para tanto, Anísio acreditava que havia a necessidade da implantação de diversas escolas públicas em todo o território nacional. Além de que, acreditava que somente a educação podia tornar o indivíduo preparado para as mudanças que estavam para ocorrer no país e no mundo. Ou seja, via a educação como um processo político que impulsiona o exercício pleno da cidadania, o que se assemelha também ao pensamento do ilustre educador Paulo Freire.

Em 1925 Anísio viajou por diversas regiões da Europa e observou características nos sistemas de ensino da Espanha, Bélgica, Itália, França e, tempos depois, Estados Unidos. Quando voltou ao Brasil foi nomeado diretor de Instrução Pública no Rio de Janeiro e no período de 1931 a 1935 criou uma rede pública de ensino que ia desde o fundamental até o ensino superior.

Em tempos de ditadura militar no Brasil (a chamada Era Vargas), Teixeira foi perseguido e, devido a isso, se demitiu e voltou para a Bahia, onde trabalhou na área da educação. Atuou no Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos a partir da década de 50 e concentrava seus esforços na valorização da pesquisa educacional no Brasil. Porém, com a instauração do governo militar (em 1964) deixou o Instituto. Vale lembrar que esse Instituto hoje leva o seu nome (Instituto Anísio Teixeira – IAT, em Salvador).

Anísio saiu do Brasil nos anos 60 e foi dar aula nos EUA, retornando em 1965, quando passou a atuar no Conselho Federal de Educação, posição em que se manteve até seu falecimento, em 1971.

Por falar em sua morte, tal assunto é cercado de mistérios: primeiro porque o corpo só foi encontrado algum tempo após o seu desaparecimento. Em segundo lugar, apesar de alguns considerarem que Anísio morreu em um acidente, há quem acredite que o mesmo foi vitima da repressão do governo militar.

Contribuição para Educação brasileira

Anísio Teixeira é considerado o principal idealizador responsável pelas grandes mudanças que marcaram a educação no Brasil. Isso porque foi pioneiro na implantação de escolas públicas de todos os níveis de ensino, refletindo seu objetivo de oferecer educação para todos. Seu livro intitulado “Educação não é privilegio” é uma obra que trás a síntese do seu pensamento sobre a educação.

Como teórico da educação, Anísio Teixeira “vestia a camisa” e defendia suas ideias, muitas das quais, inspiradas na filosofia de Jonh Dewey, que foi seu professor em um curso nos EUA.

A filosofia de Dewey (e, por conseguinte, de Teixeira) considerava a educação como algo que precisa de constante reconstrução da experiência. Essa visão possibilitou Teixeira de não somente atuar na gestão das reformas educacionais, mas também como filosofo da educação. Desta forma, contribuiu de forma significativa para implementação de mudanças no sistema educacional do Brasil.

De acordo com Anísio, a escola pública deveria ser em tempo integral e, acreditando nisto, fundou a Escola Parque de Salvador, a qual serviu de grande exemplo para criação de centros integrados de educação pública, escolas de ensino técnico conjugado com ensino médio, e demais instituições que ofereciam educação em tempo integral.

Por fim, é inegável o legado de Teixeira, que trouxe também contribuições para o modelo da educação no Brasil. Afinal de contas, ele já defendia na sua época que o ensino deve ser: público, laico, obrigatório e municipalizado, visando atender os diferentes interesses da comunidade. Propôs ainda a criação de fundos financeiros destinados à educação, além de ter escrito e traduzido diversos livros para o público brasileiro.

Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova

O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova teve em Anísio Teixeira um dos seus principais idealizadores. Tal movimento propunha a renovação do modelo de educação e de escolas que o país tinha, valorizando uma educação gratuita e laica, isto é, sem influência religiosa (até os nossos dias, em pleno século 21, esse debate é produtivo!).

O objetivo do Manifesto era a implantação desse modelo em todo o país e, devido à sua repercussão, ficou conhecido como movimento escolanovista. Como enfatizamos antes, o manifesto era de suma importância para a época e trouxe contribuições que perduram até hoje.

Na época da idealizaçãao do Manifesto, o ensino acadêmico era majoritariamente destinado à elite e o ensino técnico à classe pobre, que resultava em um modelo discriminador e seletivo. Além de lutar contra a desigualdade nas escolas, defendendo a qualidade, gratuidade e obrigatoriedade de oferecimento pelo poder público, Anísio Teixeira também atuou na importância da formação docente e valorização do magistério.

A visão de educação de Anísio continua sendo discutida e estudada nas universidades e nos cursos de formação de professores em todo o país. Educar é mais do que uma profissão, é um processo de doação e de defesa de interesses comuns, além de ser algo que promove a cidadania, contribuindo para uma sociedade mais justa.

Trajetória de Anísio na educação

Após formar-se, Anísio atuou como inspetor-geral de ensino na Bahia, atuou também como diretor de instrução pública no Rio de Janeiro, depois começou a trabalhar na criação de uma rede de ensino do fundamental ao superior, também no Rio de Janeiro.

Foi perseguido durante o governo de Vargas, o que fez com que ele voltasse a sua cidade natal. Neste período também assumiu o cargo de conselheiro da Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura).

Com o fim do Estado Novo, voltou ao Brasil e atuou em alguns cargos públicos, como, por exemplo, um dos responsáveis pela fundação da UnB (Universidade de Brasília) e em 1961 chegou a ser reitor da mesma.

Também lecionou nas Universidades da Califórnia e de Coimbra, foi secretário da Capes (Campanha de Aperfeiçoamento do Pessoal do Ensino Superior), diretor no Inep (Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos) e até a sua morte era consultor na FVG (Fundação Getúlio Vargas).

Inovação e educação

Anísio atrelava a inovação à educação e acreditava que somente por meio da educação que a perspectiva e a realidade do país iriam mudar. Ele sempre foi defensor da democracia, tanto que disse, certa vez:

“Como a escola visa a formar o homem para o modo de vida democrático, toda ela deve procurar, desde o início, mostrar que o indivíduo, em si e por si, é somente necessidades e impotências”.

Para ele, as modificações pelas quais passava o país deveriam, por consequência, levar a população a cada vez modificar sua visão de mundo. A escola deveria ser fundamental nesse processo, proporcionando aos alunos uma visão democrática de vida.

O modelo almejado era a escola que transformava e reconstruía o sistema social, com alunos críticos e ensinados a exercerem sua cidadania.

Obras de Anísio Teixeira

  • Aspectos americanos de educação;
  • A educação e a crise brasileira;
  • Educação não é privilégio;
  • Educação e o mundo moderno;
  • Educação é um direito.
  • Educação e universidade;
  • Educação no Brasil;
  • Educação para a democracia: introdução à administração educacional;
  • Diálogo sobre a lógica do conhecimento;
  • Educação progressiva: uma introdução à filosofia da educação;
  • Em marcha para a democracia: à margem dos Estados Unidos;
  • Ensino superior no Brasil: análise e interpretação de sua evolução até 1969;
  • Pequena introdução à filosofia da educação: a escola progressiva ou a transformação da escola;

Educação não é privilégio

Uma das mais citadas obras de Anísio Teixeira é o livro “Educação não é privilégio”. Ele reúne textos sobre uma reunião de representantes da Organização dos Estados Americanos que decidia sobre um modelo de escola eficiente e adequada a todos.

Por meio desta pauta, Anísio discute sobre os caminhos das escolas no Brasil, idealizando uma “escola pública, comum a todos” e não “um instrumento de benevolência de uma classe dominante, por generosidade ou temor, mas como um direito do povo”. Esta obra até hoje possui relevância para se refletir sobre as mudanças políticas e sociais de que o nosso país necessita, principalmente na eliminação da exclusão social.

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