O Arianismo é uma doutrina filosófica criada por Ario, presbítero de Alexandria no Egito, no século IV. Ele era discípulo de Luciano de Antioquia que via Jesus como um ser semidivino: não era totalmente Deus ou homem, mas sim uma criatura sobrenatural, mas não da mesma natureza do Pai.
Os pensamentos de Ario, em relação à divindade de Jesus Cristo, surgem em um contexto de questionamentos teológicos, de tendência à secularização da igreja, tornando-a mais mundana, o que vai gerar descontentamentos internos e externos e uma divisão dentro da instituição.
Segundo Ario, Jesus Cristo era apenas filho de Deus e não possuía a mesma divindade de Deus, como é afirmado pela doutrina católica cristã, na Trindade Santa que considera Deus, Jesus Cristo e o Espírito Santo, um só Deus em três pessoas.
Essa ideia defendida pelo arianismo de que Jesus é apenas uma criatura criada por Deus, mas não era o próprio Deus, portanto, não poderia ter salvado a humanidade, livrando – a dos seus pecados, era contrária a premissa da salvação, ideia central do cristianismo, podendo destruir a doutrina cristã e consequentemente a igreja Católica Apostólica Romana.
Iniciou-se uma “guerra” contra as ideias de Ario, que se espalhavam rapidamente, ganhando vários adeptos. O Concílio de Niceia (cidade próxima à Constantinopla, então sede do Império romano), em 325, condenou a doutrina criada por Ario, declarando – a falsa, portanto, uma heresia.
Confirmou a igualdade da natureza divina de Jesus com a de Deus, no credo Niceno – Constantinopolitano: “ (…) Filho unigênito de Deus, nascido do Pai, antes de todos os séculos: Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não criado, consubstancial ao Pai. (…)”.
Após o Concílio de Niceia, o arianismo não foi totalmente banido do império romano, possuindo muitos seguidores, incluindo imperadores pró – arianismo, gerando vários conflitos entre ortodoxos e arianos.
O Concílio de Constantinopla, em 381, reafirmou a natureza divina de Jesus Cristo e garantiu a vitória dos ortodoxos, que iniciaram a criação de uma igreja própria, porém, ainda cristã, mas com uma doutrina mais rígida, que se mantém unida à igreja católica, mas que mais tarde se separaria da Igreja de Roma, no conhecido Cisma do Oriente, resultando na divisão do catolicismo.
Nos dias atuais, o arianismo ainda persiste em algumas doutrinas religiosas como a das Testemunhas de Jeová, que acreditam que Jesus é um ser criado, que não é Deus eterno. Para eles Jesus era Miguel Arcanjo.
Ario apontava as passagens bíblicas que falam da divindade de Jesus, como forma respeitosa de tratamento. É uma linguagem metafórica para identificar o comportamento de Jesus, porém, Deus continua diferente em sua essência da sua criatura, que veio para ser exemplo e salvar a humanidade de seus pecados.
Essa posição é rebatida pelos cristãos, argumentando que só Deus pode salvar, que uma criatura não pode salvar a outra, mas somente o criador pode fazer isso. Jesus é considerado o salvador na teologia cristã, sendo portando Deus.
Outra questão levantada que vai ao contrário do pregado pelo arianismo, é que os cristãos adoram e rezam para Jesus, mas de acordo com a doutrina cristã, não se pode adorar pessoas ou objetos, mas somente o próprio Deus, comprovando assim a divindade de Jesus Cristo.
Arianismo e Nazismo.
É importante fazer uma diferenciação entre o arianismo do século IV e o arianismo pregado por Adolf Hitler na Segunda Guerra Mundial.
O arianismo pregado por Ario é relacionado a uma doutrina filosófica, já o arianismo defendido por Hitler se relaciona com a questão de superioridade de raças, onde a raça ariana, a qual pertencia os povos nórdicos, descendiam de um povo superior, puro e nobre, considerados deuses.
Essa noção de raça superior foi usada como forma de propaganda para o povo alemão apoiar as ideias nazistas de Hitler, de transformar a Alemanha em um grande império mundial formado apenas por uma única raça pura que deveria dominar e subjugar outras raças inferiores.
Para colocar em prática essas ideias, criou o holocausto que matou milhões de judeus, árabes, negros, ciganos, homossexuais, Testemunhas de Jeová, entre outros que não se enquadravam nesse perfil de raça estabelecido por Hitler.
O arianismo de Adolf Hitler era carregado etnocentrismo e racismo que ainda hoje impulsionam fanáticos e extremistas em ações de violência e preconceito.