A palavra antropozoomorfismo é uma combinação de três conceitos: o de antropo (homem), zoo (animal) e morfus (forma); se traduzindo ao final no sentido de algo que combina a forma humana e animal, geralmente forma física.
Essa característica era bastante comum nas mitologias e cosmogonias antigas, os deuses comumente eram retratados em suas formas híbridas entre animais e humanos, bem como outros seres mitológicos também detinham desta característica antropozoomórfica.
Antropozoomorfismo na mitologia do Egito antigo
Sem dúvida alguma é na mitologia egípcia onde encontramos a mais vasta aplicação do antropozoomorfismo, pois praticamente quase todo o seu panteão de deuses detinham características híbridas entre humanos e animais.
A mitologia egípcia parecia crer que essa combinação humana (corpo) e animal (cabeça) detinha algum valor deusificante da personagem mitológica. Vejamos os principais deuses como eram:
- Ámon – corpo humano e cabeça de carneiro;
- Mut – corpo humano e cabeça de abutre;
- Set – corpo humano e cabeça de cachorro;
- Ísis – corpo humano e cabeça de vaca;
- Hórus – corpo humano e cabeça de falcão;
- Anúbis – corpo humano e cabeça de chacal;
- Rá – corpo humano e cabeça de falcão;
- Thoth – corpo humano e cabeça de íbis ou babuíno;
- Hator – corpo humano e cabeça de vaca;
- Sekhmet – corpo humano e cabeça de leão;
- Wadjet – corpo de cobra e cabeça de mulher;
- Bastet – corpo humano e cabeça de gato.
Dos principais deuses egípcios apenas Osiris e Maat não eram comumente retratados com característica antropozoomórficas.
Antropozoomorfismo na mitologia grega
Na mitologia grega era comum haver a presença do antropozoomorfismo, há diversos exemplos destes, ainda que na esfera de seres e não de deuses:
- Centauro – corpo de cavalo e tronco com cabeça de homem;
- Minotauro – corpo de homem e cabeça de touro;
- Sirenes – corpo de homem e cabeça de ave;
- Sátiros – parte de cima do corpo humano e parte de baixo de carneiro, havendo chifres na cabeça;
- Harpias – corpo de homem e os pés de aves de rapina e suas asas;
- Esfinge – corpo de leão e cabeça de ser humano;
- Medusa – corpo e cabeça de ser humano, porém os cabelos eram de inúmeras serpentes.
Antropozoomorfismo na Bíblia
A Bíblia é o livro sagrado do cristianismo, porém é fortemente influenciada pelos textos do chamado antigo testamento (ou para os judeus, a Tanach). Em toda a Bíblia há a presença de seres com características do antropozoomorfismo. Alguns exemplos notórios:
- Anjos – seres com corpo humano e asas como de uma ave nas costas;
- Querubins – corpo de leão, cabeças de outros animais e rosto humano e quantidade de asas de aves variadas.
Antropozoomorfismo no Hinduismo
O hinduísmo é uma das maiores religiões do mundo, ainda com características de sistemas religiosos símplices, possuindo milhares de deuses. Dentro deste panteão se destaca os três principais: Brahma (o criador), Vishnu (o preservador) e Shiva (o destruídor). Veja alguns exemplos de deuses hindus com características do antropozoomorfismo:
- Ganesh – corpo de homem, cabeça de elefante e 4 braços;
- Hanuman – corpo de homem e 5 cabeças, sendo apenas 1 humana.
Antropozoomorfismo comportamental
Nem sempre o ser humano usa somente da forma física de algo, mas é comum aplicarmos aspectos da personalidade do ser humano a animais (rir, chorar, etc.) e também o contrário (brigar como um leão, personalidade de abutre etc.).
Esses aspectos do comportamento humano que não seriam socialmente agradáveis são geralmente comparados aos aspectos das personalidades de animais.
É comum nas diversas metodologias atribuir a animais características exclusivamente humanas, e isto pode ser observado de maneira simples por este artigo.
Ao longo da história humana, a nossa relação com a natureza tem sido marcada entre altos e baixos, pois as vezes tentamos no integrar a ela, as vezes a colocamos como nossa inimiga. Os povos antigos lidavam com esta questão num misto de temor e respeito, e muitos agregaram às suas religiões este aspecto, de tal forma, que houve uma mescla entre as características humanas e animais como representação de uma divindade.
Por Messias Medeiros