AIDS é uma sigla em inglês para a doença descrita como Síndrome de Imunodeficiência Adquirida. Um mal que age diretamente no sistema imunológico do indivíduo infectado, fazendo com que seu organismo fique vulnerável às doenças conhecidas como “oportunistas”, ou seja, que se proliferam de acordo com a fraqueza do indivíduo imunologicamente debilitado.
É causada pelo vírus HIV (Human Imunodeficiency Virus, Vírus de Imunodeficiência Humana, em inglês) que, uma vez instalado no organismo do homem, começa a agir sorrateiramente, inclusive, em alguns casos, sem manifestação de sintomas por mais de um ano.
Breve histórico
Não se pode estabelecer uma data específica para o surgimento da AIDS, mas apesar de não existirem muitos registros históricos que comprovem esta afirmação, indícios apontam que a doença começou a aparecer no final do século XX, mais precisamente entre o fim dos anos 60 e início dos anos 70.
Existem algumas teorias que divergem não apenas com relação ao período de surgimento da doença, mas também o modo como ela teria aparecido.
Uma parcela de médicos defende a tese de que não existe vírus totalmente independente ou novo, ou seja, sob o pressuposto de ter surgido do nada, portanto com o HIV não poderia ter sido diferente.
MIRKO GRMEK, famoso médico francês, defende esta tese, inclusive quando em seu livro optou por denominá-la doença emergente e não doença nova, como concluída por outros teóricos que surgiram na mesma época.
Em um de seus estudos, Grmek afirma:
“Além disso, ao falar da emergência da Aids, convém distinguir claramente três problemas: a origem do germe, as primeiras manifestações da doença de forma esporádica e o início da epidemia. A emergência da Aids é um processo histórico que se desenvolve em três etapas sobrepostas, cada uma das quais desencadeada por causas particulares.
Não há vírus patogênico totalmente novo. Nenhum deles surge ex nihilo. Ele vem de um ancestral que devia ter características genéticas vizinhas e perpetuava-se em algum lugar, numa população humana ou animal. Esse ancestral não era necessariamente patogênico, ou então muito pouco, em relação à população animal ou humana original (…)”
(GRMEK, 1995)
Mesmo não sabendo a origem exata desta doença, acredita-se que o mal começou a se manifestar em algumas regiões da África através de um vírus que originalmente vinha acometendo chimpanzés.
O vírus ficou conhecido como SIVcpz (vírus de imunodeficiência símio, em tradução literal) e acredita-se que começou a atingir seres humanos que tinham contato com o sangue contaminado destes símios por meio da caça a estes animais.
Pesquisas afirmam que o vírus ficou limitado a apenas algumas regiões da África, até que começou a se espalhar pelo mundo inteiro e então ser definida com status de doença infecto-contagiosa, na década de 70.
Como a doença age no organismo do infectado?
Já sabemos que a doença age diretamente no sistema imunológico do indivíduo que contraiu o HIV.
Contudo, é interessante observar, numa visão mais técnica, de maneira que as células que mais sofrem ataque do vírus são os linfócitos TCD4+, de forma que o vírus altera o DNA destas células, fazendo cópias de si mesmo. Após multiplicar-se destrói estes linfócitos buscando outros para infectar e continuar sua propagação.
Outro fato interessante a ser observado é que quem possuir o vírus HIV não necessariamente possui AIDS.
Há muitos casos de soropositivos (nome dado às pessoas infectadas pelo HIV) que vivem por períodos relativamente longos sem apresentar um único indício de manifestação da doença, período comumente conhecido como incubação, mas apesar disto, os infectados podem continuar transmitindo o vírus de forma silenciosa a outras pessoas através de métodos bastante comuns, como relações sexuais sem proteção, compartilhamento de seringas contaminadas, ou mesmo de mãe para filho através da gestação e amamentação.
É fundamental que o cidadão se conscientize da necessidade de se fazer os testes de HIV, e mesmo consciente de que não é portador da doença, viva uma vida de constante cuidado em se proteger contra esse mal.
Anos 80 e o auge da doença
No período compreendido entre o final da década de 70 e início de 80 ficou marcado pela manifestação epidêmica da AIDS. Como ainda era uma doença quase que totalmente desconhecida, dado seus efeitos catastróficos também, não se fazia ideia de como combatê-la ou pelo menos diminuir seus efeitos.
Até mesmo pessoas não usuárias de drogas ou mesmo que viviam uma vida sexualmente regrada (fatores entendidos como padrões de vida saudável à época) estavam sujeitas a se tornarem vítimas por meio de transfusão com sangue contaminado, uma vez que neste período não havia tecnologia que analisasse as bolsas de sangue antes de serem distribuídas aos hospitais, ou mesmo por uso de aparelhos metálicos não esterilizados ou esterilizados de forma incorreta (aparelhagem de dentista, alicate de unha e outros).
Com a evolução dos veículos de mídia, reportagens internacionais e etc., durante esse período, a doença não apenas ficou mundialmente conhecida como também causava espanto em nível global. Infelizmente famosos e anônimos tiveram suas vidas ceifadas por conta deste mal, marcando o final da virada do século de forma muito negativa.
Alguns dos famosos que a humanidade perdeu para a AIDS:
Rock Hudson – Ator (1985);
Lauro Corona – Ator brasileiro (1989);
Cazuza – Cantor e compositor brasileiro (1990);
Freddie Mercury – Cantor, vocalista do Queen (1991);
Renato Russo – Cantor e compositor brasileiro, vocalista da legião Urbana (1996);
Betinho – Sociólogo, conhecido por sua luta na “Campanha contra a fome” (1997);
Apesar de hoje a doença estar razoavelmente controlada por meio de coquetéis e tratamentos, ela ainda mata consideravelmente e por esta razão, não deve ser ignorada.
Quando ainda era um mal desconhecido, acreditava-se que ela podia ser contraída por meio de compartilhamentos simples por sabonete, toalhas, ou gestos como aperto de mão, beijo no rosto e etc. Hoje é compreendido que apenas o contato sanguíneo pode promover o contágio.
Portanto, métodos simples como relações sexuais protegidas (com uso de camisinha), uso de seringas descartáveis, aparelhos metálicos esterilizados, são pequenas atitudes que podem evitar uma contaminação de um mal que ainda não possui cura definitiva.