O Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI) realizou coletiva de imprensa no dia 14 de janeiro para falar de atualizações do primeiro Concurso Nacional Unificado (CNU), realizado no ano passado. Na ocasião, a ministra Esther Dweck, que encabeça a pasta, respondeu perguntas dos jornalistas sobre a possibilidade de um CNU 2025.
De acordo com a gestora, o anúncio oficial de uma segunda edição só acontecerá após o encerramento da primeira, que está caminhando para a divulgação dos resultados finais em fevereiro.
“A gente acha que foi um modelo inovador, que teve muitos ganhos para a administração pública”, comenta.
Dweck fez questão de reforçar que, antes de pensar no segundo edital, é preciso avaliar o que deu certo na edição anterior, de 2024, e o que pode ser melhorado.
“Todo concurso ensina coisas para o novo. Quando a gente for lançar o próximo edital a gente vai ter inovações que foram parte do aprendizado. A tendência principal é que ele [CNU 2025] aconteça”, destaca.
Situação atual: CNU 2025 depende de Lei Orçamentária
Um ponto importante para a realização de um novo Concurso Nacional Unificado é a aprovação de orçamento para contratação de novos servidores.
Segundo o MGI, o dinheiro previsto deverá ser dividido em três frentes: contratações do CNU 2024, autorização de novos concursos e provimento adicional da primeira edição do Concurso Nacional.
“Esse é o valor que a gente vai fechar com o relator do Orçamento na retomada do Congresso. A partir do valor final, a gente vai conseguir fazer esse balanço de novos concursos e quantos vão participar efetivamente de uma possível nova edição do CPNU 2.”
A expectativa de uma nova versão do certame é alta considerando o sucesso da primeira edição. A ministra chegou a dizer que “a gente tem uma visão de que ele [CNU 2024] foi uma decisão muito acertada” e chamou o certame de “uma das maiores inovações” desse ramo no país.
Segundo ela, o novo formato de seleção funcionou bem por causa da preocupação em garantir inclusão de mais pessoas que antes não tinham muita chance de entrar para o funcionalismo público.
Dweck afirmou que isso só foi possível pro causa de elementos como taxas de inscrição mais acessíveis e mais locais de prova espalhados pelo país.
A ministra acredita que isso garantiu proximidade, sendo um grande avanço para o mundo dos concursos, abrindo precedente para a aplicação do CNU 2025.
Outro passo importante, na visão da gestora, foi a aprovação da lei geral dos concursos, que traz harmonização para as regras dos certames no Brasil.
Apesar da vontade de uma nova edição, ela disse que o anúncio de vagas e datas e a confirmação do segundo Concurso Unificado só ocorrerão depois do dia 04 de fevereiro. A data marca a publicação dos resultados finais do CNU 1.
MGI já havia solicitado apoio para nova edição
É importante pontuar que essa não é a primeira vez que o MGI fala sobre a abertura de novos editais. Em novembro de 2024, a pasta pediu apoio para organização do Concurso Nacional Unificado 2 por meio do Despacho Nº 3238/2024/DIOPI/SENASP.
O documento foi encaminhado pelo diretor de Operações Integradas e de Inteligência, Rodney da Silva, destacando a necessidade de criar um Termo de Referência para estabelecer, principalmente, regras de segurança na execução do CNU 2025.
Antes dessa solicitação, a ministra Esther Dweck já havia se manifestado sobre a possibilidade de uma segunda edição. Em agosto de 2024, durante entrevista, a gestora afirmou que os novos editais poderiam oferecer até menos vagas do que o de 2024.
Isso, de acordo com a ministra, dependeria do número de oportunidades autorizado para cada órgão, além da intenção as instituições em participar do Concurso Unificado.
Quais órgãos podem entrar no CNU 2025
Apesar de ainda não haver nenhuma confirmação formal acerca do novo certame, já é possível prever quais órgãos poderão participar de uma nova edição do CNU.
Isso porque, em 2024, algumas instituições tiveram vagas autorizadas mas não chegaram a lançar nenhuma seleção.
Tendo isso em vista, o MGI enviou convite para saber dos interessados em ingressar no certame. Entre as entidades que podem ser incluídas estão:
- Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), com 20 vagas;
- Biblioteca Nacional, com 14 vagas;
- Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), com 10 vagas;
- Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), com 28 vagas;
- Ministério da Fazenda, com 30 vagas;
- Ministério da Saúde, com 319 vagas.
Outras instituições, como o IBAMA, o CNEN e a SUSEP manifestaram não querer participar do CNU 2025. Entretanto, o MGI deve fazer um novo convite após a aprovação do Orçamento deste ano, o que pode gerar mais entradas no novo Concurso Unificado.
Quais etapas podem ser abrangidas?
Muito possivelmente o novo Concurso Nacional Unificado deve seguir os moldes da primeira edição, tendo em vista o sucesso da aplicação. Portanto, deve contar com até três etapas avaliativas.
A primeira deve ser de prova objetiva, com questões de múltipla escolha acerca de conhecimentos específicos e gerais.
Antes de definir os conteúdos que serão cobrados, primeiro será necessário confirmar os cargos. Isso porque as disciplinas devem variar conforme o setor de atuação / bloco temático, o órgão, o cargo e o nível de escolaridade, assim como aconteceu no CNU 2024.
As outras duas fases esperadas são de prova discursiva, que pode ser no formato de redação, e avaliação de títulos, pontuando certificados de formação acadêmica, experiência profissional, publicações, cursos etc.
Além disso, dependendo do órgão ofertante, pode haver Curso de Formação para os aprovados.
Como foi realizado o CNU 2024?
O primeiro Concurso Nacional Unificado foi uma tentativa de inovação do MGI, contemplando 6.640 vagas imediatas, distribuídas entre 20 órgãos, sob a organização da Fundação Cesgranrio.
A oferta foi dividida em oito Blocos Temáticos, sendo um para cargos de níveis médio e técnico, e os outros para candidatos de nível superior nos setores de:
- Infraestrutura, Exatas e Engenharias;
- Tecnologia, Dados e Informação;
- Ambiental, Agrária e Biológicas;
- Trabalho e Saúde do Servidor;
- Educação, Saúde, Desenvolvimento Social e Direitos Humanos;
- Setores Econômicos e Regulação;
- Gestão Governamental e Administração Pública.
As remunerações ficaram entre R$ 4 mil e R$ 22 mil mensais para jornadas de 40 horas semanais de trabalho.
Quantas pessoas participaram?
Ao todo, 2,1 milhões de pessoas se candidataram ao CNU 2024, pagando taxas de R$ 60,00 para níveis médio e técnico ou de R$ 90,00 para nível superior. Cada pessoa pôde escolher um bloco temático e, dentro dele, se inscrever em mais de um cargo sem cobranças adicionais.
Ou seja, foi possível concorrer a mais de uma vaga pelo valor de apenas uma inscrição. No momento da candidatura, foi possível definir as oportunidades de interesse em ordem de prioridade.
Quais foram as provas?
Os candidatos realizaram provas objetiva e discursiva, sobre conhecimentos gerais e específicos.
Os conteúdos variaram de acordo com o Bloco Temático escolhido e por isso, mesmo que alguém tenha se candidatado a mais de uma vaga no bloco, só passou pelas provas uma única vez.
Os editais também previam avaliação de títulos e Curso de Formação para alguns cargos.
Como foi a aplicação das etapas?
As avaliações escritas foram divididas em duas partes aplicadas nos períodos da manhã e da tarde no dia 18 de agosto de 2024 em todo o Brasil. A etapa aconteceu simultaneamente em 228 cidades.
O objetivo de descentralizar as provas era chegar a mais pessoas do que outros certames de órgãos federais costumam atingir.
Isso porque, normalmente, seleções nacionais são aplicadas apenas em capitais e regiões metropolitanas, exigindo que os candidatos viagem e paguem hospedagem para realizar as provas. Isso garantiu à seleção o apelido de Enem dos Concursos.
Detalhes da classificação
Os resultados ficaram agendados para serem divulgados no dia 04 de fevereiro. Para quem vai realizar Curso de Formação, a lista final deve ser disponibilizada em três etapas até o dia 28 de fevereiro.
A aprovação está prevista para acontecer de acordo com a prioridade do cargo escolhido.
Ou seja, a partir do momento que uma pessoa foi aprovada em determinada função, ela é excluída da lista de espera das vagas de menor prioridade, mas fica mantida nas demais até a classificação oficial, podendo ser reclassificada.