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Os estudos linguísticos começaram na Índia com Panini. Nesta época, os estudos sobre a língua era um pouco intuitivos, comparativos e com interesses religiosos. No século XX, a publicação do livro póstumo O Curso de Lingüística Geral, que reuniu anotações feitas por alunos de Ferdinand de Saussure, foi responsável por dar inicio à Linguística Moderna. Esta passa a ser abordada como ciência, ignorando influências religiosa e determinando o seu objeto de estudo: a Língua.
A obra de Saussure tem características estruturalistas, uma vez que afirmava ser a língua uma estrutura que se relaciona entre si, regida por um conjunto de regras internas.
No Curso, o linguísta fala dessas regras fazendo uma analogia com um jogo de xadrez e, demonstra - através da famosa “Metáfora do Jogo de Xadrez” - que essas regras internas não são aquelas definidas pela gramática normativa, mas sim aquelas que o individuo obtém na fase de aquisição da linguagem.
O que fica claro que, mesmo que um sujeito não tenha notório saber das regras gramaticais, ele ainda sim possui a habilidade de comunicação.
Outras correntes linguísticas, como o Funcionalismo, tratam a língua fora desse padrão rigoroso do estruturalismo saussuriano, mostrando que a língua está em constante interação com a sociedade. Aqui, a tese é de que a gramática pode e deve se adaptar de acordo às necessidades de comunicação.
É como se o funcionalismo "aceitasse" melhor o coloquialismos, considerando que os espaços sociais são variados, mas fundamentais para a construção da língua, que é dinâmica, traço característico de sua vivacidade.
Com isso, a fala, que é individual e viva, necessita adaptar-se constantemente às necessidades de comunicação, visto que o Funcionalismo adota a sociedade como um fator influenciável da mesma.
A linguística, sobretudo a funcionalista, não despreza a importância do estudo da língua, do ponto de vista da gramática normativa. Contudo, trata-se de uma ciência que não desmerece os outros pontos de vista, incluindo aí as variações existentes na língua e na fala.
Existe uma diferença clara entre a fala e a escrita. E não somente isso: existem variações linguísticas em todo o território nacional (mais ocorrentes na língua falada, por ser mais "adaptativa") as quais devem ser consideradas em todo estudo da língua.
A escrita geralmente adota as regras da gramática normativa, enquanto que a fala pode seguir variadas regras, nem sempre encontradas na gramática normativa. Seria a construção da sua própria gramática, como é defendida pelos Funcionalistas.
A fala, portanto, é muito mais dinâmica e opta sempre por seguir sentenças mais fáceis, já a escrita exige que sejamos o mais claro possível com o uso dos signos linguísticos, que muitas vezes podem causar dúvidas, estranhamento ou variados sentidos, dependendo do contexto.
A fala ainda pode receber influencias regionais, culturais, profissionais e até mesmo biológicas como idade e gênero. Vale lembrar também que, diferentemente do que se pensa, a fala precede a escrita (no sentido de dizer que a escrita só passou a existir após a fala).
A escrita, embora seja uma "cópia" da fala, geralmente não segue influências externas, como o regionalismo, pelo menos de forma mais rápida ou perceptível em curto prazo. Sendo assim, a fala está mais suscetível à mudanças, enquanto a escrita evita a improvisação, é mais objetiva e elaborada.
REFERÊNCIAS
SAUSSURE, Ferdinand. O curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix.
CUNHA, Maria Angélica Furtado de. Linguística funcional. São Paulo: Parábola editorial.
MARTELOTTA, Mário Eduardo. Manual de linguística. São Paulo: Contexto.